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Vida nas organizações Joaquim Santini

A revolução silenciosa da liderança na Era Digital

Publicado 05/09/2025 • 01:50 | Atualizado há 5 horas

Foto de Joaquim Santini

Joaquim Santini

Pesquisador e palestrante internacional, diplomado em Psicologia Clínica Organizacional e mestre em Consulting and Coaching for Change no Insead ( european business school, na França), graduado e mestre em Engenharia Mecânica pela Unicamp. Fundador da EXO - Excelência Organizacional.

Imagem gerada por IA

Unsplash

As empresas correm contra o tempo para acelerar a transformação digital. Mas, em vez de falta de tecnologia, o que paralisa muitas delas são estruturas engessadas e mentalidades presas ao passado. O resultado é conhecido: cerca de 70% das iniciativas digitais fracassam. O erro está em tratar tecnologia como solução em si mesma e ignorar pessoas, processos e cultura.

A verdadeira revolução é cultural — acontece de forma silenciosa, nos valores e vínculos invisíveis que sustentam (ou sabotam) qualquer tentativa de mudança. Em um mundo líquido e complexo, apegar-se ao “sempre funcionou assim” é repetir um roteiro que já não garante futuro.

As quatro competências críticas da liderança hoje

  • 1. Alfabetização Algorítmica

    Liderar sem fluência digital é pilotar às cegas. Não se trata de programar, mas de compreender como os algoritmos funcionam, quais vieses carregam e como impactam decisões de negócios. Confiar cegamente em sistemas de IA não é neutralidade — é submissão inconsciente. Líderes alfabetizados recuperam poder crítico: fazem as perguntas certas, questionam outputs e distinguem modismo tecnológico de inovação estratégica.

  • 2. Visão Estratégica de Valor

    Implementar tecnologia sem clareza de propósito é desperdiçar tempo e recursos. O diferencial competitivo surge quando ela está conectada a um projeto de futuro, capaz de criar valor para clientes, organizações e sociedade. Esse olhar estratégico exige coragem para ir além das pressões de curto prazo e redirecionar recursos do que apenas sustenta o passado para o que inaugura novas possibilidades.

  • 3. Liderança Ética e Governança

    Na era dos dados, o poder se ampliou — e, com ele, os riscos. Liderança ética significa resistir à sedução do poder tecnológico e perguntar: quais impactos essa decisão terá sobre privacidade, equidade e empregos? Governança responsável implica criar comitês, regras claras e mecanismos de responsabilização que garantam não apenas eficiência, mas também legitimidade das escolhas.

  • 4. Gestão da Mudança Cultural

    Toda transformação tecnológica é, em essência, transformação humana. As organizações se sustentam em pactos invisíveis, alimentados por vínculos emocionais e alianças que moldam a vida coletiva. Se não forem elaborados, esses pactos cristalizam a estagnação e perpetuam práticas obsoletas. Protegem identidades e territórios simbólicos, mas também bloqueiam a inovação.

Mudar a cultura significa enfrentar resistências conscientes e inconscientes: ansiedades difusas diante do novo, fantasias de perda de status, medos coletivos de exclusão. O líder culturalmente competente reconhece essa trama subterrânea e cria espaços de escuta verdadeira, nos quais a equipe pode elaborar suas angústias. Ele simboliza o luto do que precisa ser encerrado e conduz a construção de um novo pacto de sentido. Cultura não se altera por decreto: ela só muda pela mobilização emocional e simbólica que redefine pertencimentos e abre espaço para o futuro.

Transformar-se para transformar

A era digital lança um chamado profundo aos líderes: nenhuma transformação externa será sustentável sem a transformação interna da liderança. Mais do que dominar ferramentas, trata-se de ressignificar a própria maneira de pensar poder, valor e futuro.

A chave está na capacidade de integrar razão e emoção, tecnologia e humanismo, passado e futuro. Liderar hoje exige coragem para desapegar, maturidade para sustentar a complexidade e sabedoria para inaugurar o novo. Liderar, na era digital, não é apenas traçar futuros — é também encerrar, com dignidade, o que já não serve mais.

Ao fazê-lo, líderes não apenas mantêm suas empresas relevantes, mas deixam um legado de transformação cultural e simbólica. Afinal, só líderes que se transformam são capazes de transformar seus negócios — e, em última instância, a sociedade.

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