Café como investimento? Veja como incluir na sua carteira

Enquanto a produção diminui, a procura por uma xícara de café não para de crescer. No mundo dos investimentos, o desequilíbrio entre oferta e demanda significa uma coisa: aumento de preços. No entanto, se de um lado o consumidor comum paga mais caro, do outro há um investidor de commodities encontrando uma forma de diversificar a carteira. 

Contexto do café como produto de investimento

Nos últimos meses, o café se tornou uma commodity ainda mais valorizada. Em fevereiro de 2025, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP divulgou que o café arábica via sua maior alta em 30 anos – com a saca de 60kg chegando a ser negociada por R$ 2.769 e finalizando o mês em R$ 2.628. Isso acontece devido a uma junção de fatores, como mudanças climáticas que prejudicam a produção e uma demanda crescente.

No que se refere ao clima, em 2024 a alta veio logo após um período de seca severa, tanto no Brasil, quanto no Vietnã. Com menos grão disponível, os estoques caíram e criaram um desequilíbrio entre oferta e consumo.

De acordo com a Organização Internacional do Café (ICO), em 2024, durante 12 meses o consumo global aumentou 2,25%, em um cenário impulsionado por mercados como o da China, onde a demanda dobrou em uma década.

Em paralelo, o câmbio também influencia o movimento. Quando o real perde valor, as exportações brasileiras se tornam mais atraentes, diminuindo a oferta interna e pressionando o preço final. Isso se traduz em insumos mais caros e custos logísticos elevados, intensificando o cenário.

Em meio a tudo isso, há ainda movimentos especulativos no mercado futuro que completam a lista de fatores que ajudam a explicar a volatilidade da commodity.

Além disso, as recentes medidas para zerar a alíquota de importação têm efeito limitado. Mesmo com a mudança tributária, o Brasil depende pouco de café verde importado. Com isso, especialistas apontam que a redução tende a afetar apenas nichos específicos, como o mercado premium de cafés especiais, conforme aponta o portal Bora Investir, da B3.

Como investir em café?

Atualmente, o café é negociado na Intercontinental Exchange e na B3, oferecendo alternativas para quem busca diversificação. A commodity também funciona como proteção contra inflação e instabilidade econômica, já que suas cotações podem subir em períodos de pressão sobre os preços.

Para investir em café, existem três caminhos principais: contratos futuros, ETFs e fundos de commodities, e commodities via opções. Cada modalidade funciona de um jeito e atende perfis diferentes.

• Entre as modalidades, os contratos futuros são a forma mais tradicional de investir na commodity. Isso porque são acordos de compra ou venda de café em uma data futura, por um preço definido hoje. Na B3, o contrato de café arábica usa o código ICF e equivale a 100 sacas de 60 kg. Esse tipo de operação segue as oscilações diárias do mercado e pode envolver alavancagem, o que exige conhecimento sobre riscos e movimentações de preços.

• Enquanto isso, ETFs e fundos de commodities oferecem um caminho mais simples. ETFs são fundos negociados em bolsa que replicam o desempenho de um índice — neste caso, um índice ligado ao café ou ao setor de commodities. Já os fundos de commodities funcionam de modo semelhante, mas são geridos por profissionais e não exigem que o investidor acompanhe a bolsa diariamente. Em geral, essas modalidades permitem acessar o mercado de café sem lidar com contratos complexos e ajudam a diversificar a carteira com ativos globais.

• Por outro lado, commodities via opção são produtos voltados a investidores experientes. Elas funcionam como contratos que dão o direito — mas não a obrigação — de comprar ou vender contratos futuros de café no futuro. As opções podem servir como proteção contra oscilações bruscas ou como ferramenta para operações mais arrojadas.

Letícia Maia

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