Investir em Apple, Nvidia e Tesla direto do Brasil: veja como funcionam os BDRs

A negociação de ações estrangeiras na Bolsa de Valores (B3) é possível por meio dos BDRs (Brazilian Depositary Receipts), certificados que representam papéis de empresas listadas fora do país. A operação dispensa abertura de conta no exterior e permite investir em companhias americanas, europeias e asiáticas diretamente em reais. Em entrevista ao Times Brasil — Licenciado Exclusivo CNBC, a assessora de investimentos da Monte Bravo, Fernanda Rocha, detalhou as características do instrumento e os efeitos tributários dessa modalidade.

Rocha afirmou que a bolsa brasileira negocia hoje mais de 800 BDRs, número superior ao total de ações de companhias brasileiras listadas no mercado doméstico. Segundo ela, não há limitação apenas às empresas americanas, já que os certificados representam ações emitidas em diferentes países. A especialista explicou que o “B” de BDR se refere ao fato de os recibos serem negociados no Brasil, enquanto papéis emitidos e negociados nos Estados Unidos recebem a sigla ADR.

Vantagens e efeitos tributários para investidores

Segundo a análise de Rocha, uma das principais características dos BDRs é a possibilidade de compensar lucros e perdas no Imposto de Renda na carteira brasileira. Ela afirmou que, quando um investidor mantém recursos em uma conta no exterior, ganhos obtidos com ações de empresas estrangeiras não podem ser compensados com prejuízos acumulados em ativos domésticos.

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A especialista destacou que, ao operar via BDR, essa compensação é possível e pode reduzir o impacto tributário. “Se essa Nvidia estivesse aqui no meio da sua conta Brasil, eu consigo pegar esse ganho e compensar numa varejista aqui, por exemplo, uma Magalu.”

A especialista também ressaltou o impacto do imposto sucessório dos Estados Unidos. Segundo ela, investidores que mantêm mais de US$ 60 mil em ativos americanos por meio de contas no país podem estar sujeitos ao estate tax, que chega a 40% sobre a herança. Ao investir por BDR, o patrimônio segue as regras brasileiras, com cobrança de ITCMD.

Liquidez, proteção e empresas mais negociadas

Entre os BDRs mais operados na B3 estão Apple, Amazon, Microsoft, Tesla, Alphabet e Nvidia. Rocha afirmou que as “sete magníficas”, grupo das grandes empresas de tecnologia, estão disponíveis na forma de recibos no Brasil. Além delas, há companhias globais como Coca-Cola, JPMorgan, GM, além de brasileiras listadas no exterior, como Nubank, XP e JBS — esta última deixou a B3 para negociar apenas nos Estados Unidos.

A especialista também explicou que investidores podem combinar a compra de BDRs com estratégias de proteção por meio de opções. Essa estrutura pode limitar perdas em momentos de maior volatilidade.

Como a variação cambial afeta o preço dos BDRs

O desempenho dos BDRs reflete não apenas a oscilação da ação no mercado de origem, mas também a variação do dólar. Rocha afirmou que, enquanto o gráfico da ação estrangeira mostra somente o comportamento do papel, o recibo negociado na B3 incorpora o câmbio. Isso significa que uma alta do ativo pode ser neutralizada por uma queda do dólar.

No caso de empresas listadas fora dos Estados Unidos, há ainda a conversão da moeda local para dólar e, depois, para real, o que adiciona uma etapa de variação cambial.

Pagamentos de dividendos

Por fim, Rocha explicou que investidores brasileiros recebem dividendos de BDRs, mas os pagamentos sofrem tributação no país de origem. Nos Estados Unidos, por exemplo, a alíquota é de 30% na fonte antes da distribuição.

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