Negociações de paz na Ucrânia mudam para Moscou — a grande incógnita é se Putin irá colaborar

Todos os olhos estão voltados para a Rússia esta semana, enquanto as negociações sobre um plano de paz para acabar com a guerra na Ucrânia mudam para Moscou e intensificam o ritmo.

O Enviado Especial dos EUA, Steve Witkoff, viaja para a Rússia na segunda-feira e deve se reunir com o Presidente russo, Vladimir Putin, para discussões sobre um plano de paz de 19 pontos, apoiado pelos EUA.

A Ucrânia apoiou provisoriamente as propostas de paz incipientes, colocando a bola de volta na quadra da Rússia sobre se ela também pode trabalhar com o acordo estrutural.

O plano mais recente é uma versão alterada de um plano inicial de 28 pontos, relatado semanas atrás, que havia sido elaborado pelos EUA e Moscou sem o envolvimento da Ucrânia, e que era favorável à Rússia.

A Rússia estará ansiosa para dar a sua opinião sobre as propostas alteradas, após uma intensa atividade diplomática e discussões entre autoridades dos EUA e da Ucrânia na semana passada e negociações terem ocorrido na Flórida no domingo.

Se Putin irá colaborar no que diz respeito a um novo plano de paz é uma grande incógnita, no entanto, com a Rússia sentindo que tem tanto a vantagem no campo de batalha quanto o apoio do Presidente dos EUA, Donald Trump, no que tange aos contornos de um futuro acordo de paz.

O Kremlin confirmou que Witkoff e Putin se encontrarão na terça-feira.

Putin irá colaborar?

Putin e autoridades do Kremlin reagiram com cautela ao plano de paz alterado até agora, sinalizando que a Rússia está pronta para conversar, mas que a guerra na Ucrânia pode não terminar necessariamente em breve.

“Em geral, concordamos que isso pode ser a base para futuros acordos”, disse Putin durante uma viagem ao Quirguistão. Ele acrescentou que os EUA pareciam estar levando a posição da Rússia sobre um acordo de paz “em consideração” e que Moscou estava pronta para “discussões sérias” com Witkoff.

Mas Putin também elogiou os avanços russos na Ucrânia e disse a repórteres que os combates lá só cessariam quando as tropas ucranianas se retirassem de suas posições em áreas-chave.

Se não o fizessem, disse Putin, as forças russas alcançariam seus objetivos pela força, parecendo sugerir que Moscou não estava disposta a abrir mão de um de seus objetivos-chave: ter controle total da região de Donbas, no leste da Ucrânia.

Analistas do Institute for the Study of War (ISW) observaram que blogueiros militares russos parecem céticos de que Putin fará concessões no que diz respeito às suas exigências territoriais sobre a Ucrânia.

“Vozes no espaço de informação russo continuam a argumentar que o Kremlin provavelmente rejeitará um cessar-fogo ou qualquer iteração do plano de paz proposto pelos EUA porque o Kremlin vê esses esforços como inconsequentes e como um obstáculo aos objetivos da Rússia na Ucrânia e globalmente”, observaram analistas do ISW no domingo.

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Processo ‘delicado’

O período que antecede a mais recente atividade diplomática por um acordo de paz entre a Ucrânia e a Rússia ocorre após alguma hesitação (seesawing) da Casa Branca sobre sua posição a respeito de como a guerra deve terminar e quais concessões são necessárias para um cessar-fogo.

O Presidente Trump tem oscilado em seu apoio à Ucrânia e pareceu, às vezes, apoiar as exigências da Rússia para que a Ucrânia cedesse território ocupado a Moscou como parte de um acordo de paz. Ele então recuou, declarando que as forças de Kiev podem reconquistar toda a sua terra, turvando as águas (muddying the waters) sobre sua posição em relação a um acordo de paz.

Após negociações com autoridades ucranianas na Flórida no domingo, o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse que o processo em direção a um acordo de paz era “delicado” e que a posição da Rússia precisava ser levada em consideração em qualquer acordo.

Ele disse que as negociações de quatro horas — que incluíram Witkoff e o genro do Presidente Donald Trump, Jared Kushner, bem como uma delegação ucraniana liderada pelo Secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa, Ustem Rumerov — foram produtivas, mas que mais trabalho precisava ser feito.

“Muito trabalho ainda resta, mas hoje foi, novamente, uma sessão muito produtiva e útil, onde acho que um progresso adicional foi feito”, disse Rubio a repórteres após as negociações.

Nathalia Fruchi

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