Aviação sob demanda na alta temporada pode resolver oscilação do mercado, entenda

A Avion Express aposta em um novo modelo de negócio para companhias aéreas, o ACMI (Aeronave, Tripulação, Manutenção e Seguro, em inglês), focando em aviação sob demanda para cobrir picos de alta temporada.

“Realmente é um modelo de linha aérea para linha aérea. Nós colocamos a aeronave, a tripulação, com sua manutenção feita, aeronavegável, e o seguro ao serviço de outras linhas aéreas que precisam de capacidade adicional na alta temporada, normalmente”, disse Esteban Jauregui Lorda, CEO da Avion Express, em entrevista ao Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC.

O modelo ACMI atua como uma ferramenta flexível para as companhias que precisam gerenciar a grande oscilação de assentos entre a alta e a baixa temporada, especialmente na Europa. Esteban destacou essa diferença sazonal, citando que “na Europa essa flutuação de alta, baixa temporada está quase em 40%. O que significa? A capacidade de assentos colocados para vender oscila muito na temporada. Esse é o momento em que a linha aérea consegue fazer dinheiro, vender mais etiqueta, ter mais superação”.

A principal vantagem do ACMI é permitir que as operadoras aéreas aproveitem o período de maior demanda sem incorrer em custos fixos elevados durante todo o ano. “Vamos faltar na temporada alta e colocar a aeronave para você. Só para o preço 5, 6, 7 meses de temporada alta para você conseguir oferecer mais assentos, vender mais e fazer mais dinheiro, basicamente“, explicou o CEO da Avion Express.

Leia mais:
Projeto quer dar isenção de IPVA para 53% da frota de motos de SP
Perdeu voo por causa do ciclone em São Paulo? Saiba quais são os direitos dos passageiros

Ao optar por não ter que manter uma frota e tripulação excedente na baixa temporada, as companhias aéreas reduzem significativamente o risco operacional e financeiro. “Entendemos que esse modelo reduz o risco de você carregar tudo isso lá na baixa temporada e aproveitar mais a demanda quando ela acontece“, afirmou Esteban, destacando que adquirir um avião por conta própria geralmente exige contratos longos de 10 a 12 anos.

Quanto à customização das aeronaves, que geralmente são do modelo A320 com 180 assentos, o executivo explica que o foco é em soluções padrão para a maioria dos clientes. “Normalmente a gente trabalha com aeronaves, no particular a Avion Express Brasil trabalha com 180 assentos, que é uma configuração padrão, que atende uma grande maioria de clientes, porque fazer mudanças na aeronave, no tipo de assento, é uma demanda de engenharia, custo e tempo”, disse.

Os contratos no mercado ACMI variam, sendo que a Avion Express já tem experiência com acordos de longo prazo focados apenas na temporada de pico. Esteban: “Tem casos de contratos que são de dois, três, até cinco anos, só para a temporada alta, onde o contrato define que, nesse período, vai oferecer uma maior quantidade de aviões“.

No Brasil e América do Sul, onde a sazonalidade é menos acentuada que na Europa, a Avion Express se posiciona como pioneira, o que exige um trabalho de educação do mercado. “Grande parte da nossa proposta, desse desafio ao mercado,é oferecer essa ferramenta“, disse o CEO.

Para o próximo ano, a Avion Express planeja expandir sua operação no Brasil, aproveitando o ciclo contracíclico com a Europa. “Estamos com duas aeronaves. Na próxima alta ,projetamos trazer 5 a 10 aviões. A matriz da Europa tem 55 aviões hoje. Podemos trazer tudo o que precisarmos na alta temporada do Brasil, que é contracíclica na temporada da Europa”, concluiu o executivo.

—

Maria Figueiredo

Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC no