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Por que o chocolate do seu doce de fim de ano pode ser “falso”

Publicado 22/12/2025 • 08:16 | Atualizado há 4 horas

KEY POINTS

  • Os mercados imprevisíveis de cacau levaram alguns fabricantes de doces a repensar a forma como estão obtendo chocolate.
  • Enquanto alguns produtos têm registrado redução no teor de cacau, outros estão abrindo mão do ingrediente por completo.
  • Startups que produzem alternativas ao cacau disseram à CNBC que o chocolate “de verdade” pode se tornar um item cada vez mais luxuoso no futuro.

Planet A Foods

ChoViva, alternativa ao chocolate, da Planet A Foods.

Se você estiver desembrulhando chocolate nesta temporada de festas, ele pode não conter nenhum cacau de verdade.

A turbulência nos mercados, preocupações éticas e questionamentos sobre sustentabilidade impulsionaram um movimento entre alguns fabricantes de chocolate para abandonar o cacau e adotar ingredientes alternativos, o que levanta alertas de que o chocolate “de verdade” pode em breve se tornar um artigo de luxo para os consumidores.

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Turbulência no mercado

Condições agrícolas desfavoráveis em Gana e na Costa do Marfim, os maiores produtores mundiais de cacau, prejudicaram a produtividade das lavouras nos últimos anos, fazendo os preços do cacau oscilarem fortemente.

Após dispararem para máximas históricas acima de US$ 12.000 no fim do ano passado, os contratos futuros de cacau recuaram mais de 50% ao longo de 2025, em meio a sinais ainda tímidos de recuperação das safras.

A volatilidade dos preços deixou as empresas do setor em alerta e acabou chegando aos produtos para o consumidor. Dados da Circana e do Departamento de Estatísticas do Trabalho dos Estados Unidos mostram que os preços do chocolate subiram 30% no período de 12 meses até outubro.

No relatório de resultados do terceiro trimestre, a Mondelez International, fabricante de marcas como Cadbury, Milka e Toblerone, destacou a “volatilidade do cacau” e sua “capacidade de fazer hedge de forma eficaz” contra as pressões de custos relacionadas como potenciais fatores que poderiam afastar a empresa de suas metas financeiras.

Enquanto os fabricantes lidam com essa imprevisibilidade, alguns optam por reduzir a exposição ao mercado de cacau, alterando a composição de seus ingredientes.

No início deste ano, uma mudança na formulação das barras McVitie’s Club e Penguin chamou a atenção no Reino Unido, após ser divulgado que os produtos não poderiam mais ser chamados de chocolate. Ambos agora precisam ser rotulados como “sabor chocolate”, depois que a controladora Pladis reduziu o teor de cacau na tentativa de cortar custos.

Chocolate “de verdade” virando luxo

A Pladis se recusou a comentar se as mudanças impactaram as vendas, quando procurada pela CNBC.

Segundo Massimo Sabatini, cofundador e CEO da startup italiana Foreverland, o afastamento do cacau está ganhando tração entre confeiteiros internacionais, a ponto de se tornar comum o uso de chocolate “falso” em produtos mais acessíveis. A Foreverland utiliza alfarroba, sementes de abóbora e grão-de-bico para produzir um produto semelhante ao chocolate, vendido a empresas de confeitaria, panificação e sorvetes.

“No universo do chocolate, há muitos produtos, de barras a itens em que o cacau não é realmente o protagonista, mas apenas um participante”, disse ele à CNBC, ao se referir a produtos como biscoitos, cereais com sabor de chocolate e snacks cobertos de chocolate. “Acredito que o chocolate alternativo vai substituir esse grande mercado, enquanto as barras de chocolate puro se tornarão cada vez mais um produto de luxo.”

Sabatini citou a recente tendência do “chocolate de Dubai” para ilustrar seu ponto, observando que algumas dessas barras estavam sendo vendidas por até 80 euros (US$ 93,09) o quilo.

“O mercado de chocolate já está indo nessa direção”, argumentou.

Além da pressão de preços, a Foreverland e outros fabricantes de alternativas promovem seus produtos como soluções para preocupações antigas relacionadas à sustentabilidade e à obtenção ética do cacau.

“Se você comparar essa alternativa com outras alternativas no mercado, como um hambúrguer à base de plantas, o chocolate é usado em muitas aplicações diferentes, enquanto um hambúrguer é um hambúrguer”, disse Sabatini.

“O chocolate pode ser um lanche, pode ser uma barra, pode ser um biscoito, pode ser o que for. Há centenas de produtos diferentes em que o chocolate não é o protagonista, nos quais o chocolate alternativo pode realmente ser uma solução para levar produtos mais sustentáveis ao mercado e, ao mesmo tempo, aliviar a pressão sobre a cadeia de suprimento do cacau.”

Drew Geraghty, corretor de commodities da ICAP, com sede em Nova York, disse à CNBC que, apesar dos sinais de recuperação de preços no mercado futuro, o chocolate puro pode continuar com preços elevados por algum tempo.

Grandes consumidores de cacau normalmente travam preços com bastante antecedência, muitas vezes cobrindo de oito a dez meses de produção, o que lhes dá mais controle sobre o risco de preços. Já os fabricantes menores não têm essa flexibilidade e, em geral, fazem hedge de apenas três a seis meses, segundo Geraghty.

Os contratos futuros são acordos em que o comprador se compromete a adquirir algo, neste caso, cacau, por um preço definido, em uma data específica. Os futuros de cacau para entrega em março estavam sendo negociados recentemente a US$ 5.897 por tonelada em Nova York.

Geraghty observou que os fabricantes que compraram futuros há oito meses estavam pagando os preços mais altos registrados no fim de 2024 e no início de 2025.

“Se você olhar para trás, quando os preços realmente dispararam em 2023, 2024 e no começo de 2025, o preço nas prateleiras não reagiu tão rapidamente porque os consumidores finais ainda estavam usando a cobertura de futuros a preços mais baixos, o que foi comprado no mercado futuro seis a oito meses antes é o que ditou os preços”, explicou.

“Os preços mais baixos de hoje, com o mercado cerca de 50% abaixo do início do ano, vão se traduzir em preços mais baratos no varejo daqui a seis a oito meses.”

Jessica Karch, gerente de marketing da empresa alemã Planet A Foods, que produz uma alternativa ao chocolate derivada de sementes de girassol, concordou que as alternativas ao cacau tendem a se tornar cada vez mais comuns no futuro.

“Acreditamos que os problemas que vemos atualmente na cadeia de suprimento do cacau não vão desaparecer”, disse ela. “Os preços podem se estabilizar até certo ponto, mas não vão voltar ao nível de baixo custo do passado.”

ChoViva, alternativa ao chocolate, da Planet A Foods.

Karch afirmou que a Planet A já observa um aumento da demanda e destacou que há uma variedade crescente de alternativas chegando ao mercado.

“Nós amamos chocolate, não queremos substituir o chocolate, mas vemos uma lacuna crescente”, acrescentou. “De um lado, há os problemas na cadeia de suprimentos; de outro, a demanda cresce, especialmente em países como China e Índia. É por isso que vemos essa lacuna e queremos ajudar a preenchê-la.”

“TEPT” do mercado impulsiona alternativas

Tanto Karch quanto Sabatini disseram à CNBC que a demanda por seus produtos está aumentando. E eles não estão sozinhos: diversas startups, incluindo a britânica Nukoko e a americana Voyage Foods, oferecem o que a primeira chama de “chocolate sem cacau”.

Natasha Linhart, CEO da atacadista de bens de consumo de rápido giro Atlante, disse à CNBC que as alternativas ao chocolate provavelmente se tornarão mais comuns em nichos específicos e aplicações híbridas.

Massas sem cacau ou à base de fermentação estão sendo cada vez mais usadas em coberturas, recheios e produtos de panificação para substituir parte do teor de cacau”, afirmou. “Muitos fabricantes já estão diluindo o cacau ao direcionar seu mix para produtos recheados.

Marcas como a Milka, por exemplo, expandiram linhas em que uma parcela significativa da barra é preenchida com creme de iogurte ou arroz crocante, reduzindo a intensidade do cacau, mas mantendo a percepção de indulgência e valor.”

Linhart disse esperar mais produtos em que o cacau tradicional seja complementado por recheios, como forma de administrar custos e riscos de oferta.

“No entanto, para as barras de chocolate tradicionais, o cacau continuará sendo a base da categoria, por causa das expectativas de sabor e do peso emocional associado ao ‘chocolate de verdade’”, afirmou.

Geraghty, da ICAP, disse que, devido a um “TEPT do mercado”, as alternativas ao cacau tendem a ser cada vez mais utilizadas sempre que os fabricantes conseguirem.

“Houve um momento em que a manteiga de cacau custava três vezes mais do que os futuros de cacau. Os futuros estavam a US$ 9.000, US$ 10.000 por tonelada, enquanto a manteiga de cacau chegava a US$ 27.000 a US$ 30.000 por tonelada. Extremamente caro”, disse.

“Então os fabricantes entram em modo de emergência: reduzem o tamanho da barra, buscam substitutos onde for possível. Mesmo com os preços tendo caído pela metade, o pensamento é: por que gastar isso se podemos substituir por manteiga de karité ou algum chocolate composto?”

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