Alemanha na véspera da eleição deve ver avanço da extrema-direita
Publicado sáb, 22 fev 2025 • 5:13 PM GMT-0300 | Atualizado há 14 horas
Publicado sáb, 22 fev 2025 • 5:13 PM GMT-0300 | Atualizado há 14 horas
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Manifestantes contrários à extrema direita são detidos por policiais ao tentarem impedir o caminho de grupo de extrema direita que protestava pelas ruas de Berlim, na Alemanha, neste sábado (22)
Foto: EBRAHIM NOROOZI/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Políticos alemães fizeram um último esforço neste sábado para conquistar votos na véspera de eleições cruciais, nas quais os conservadores são favoritos, apesar do avanço dramático da extrema-direita AfD.
A eleição de domingo ocorre em um momento de turbulência para a Europa e sua maior economia, com o presidente dos EUA, Donald Trump, desestabilizando a posição unificada do Ocidente sobre a guerra na Ucrânia ao se aproximar da Rússia.
“Amanhã venceremos as eleições e o pesadelo deste governo chegará ao fim”, declarou Friedrich Merz, líder conservador, para uma multidão animada em Munique. Ele prometeu ser uma “voz forte” na Europa em tempos turbulentos.
As ameaças de Trump de uma guerra comercial representam mais desafios para a Alemanha. A economia do país encolheu nos últimos dois anos e enfrenta uma polarização social intensa em torno de temas como imigração e segurança.
O clima tem sido agravado por uma série de ataques violentos, o mais recente ocorrido na sexta-feira, quando um homem de 30 anos foi gravemente ferido em um esfaqueamento no Memorial do Holocausto, em Berlim. O suspeito, um sírio, teria motivação antissemita.
A eleição foi antecipada em mais de seis meses após o colapso da coalizão do chanceler Olaf Scholz com os Verdes e o FDP, partido pró-negócios, em novembro passado.
O Partido Social-Democrata (SPD) de Scholz tem apenas cerca de 15% das intenções de voto, enquanto a aliança CDU/CSU, de Merz, mantém uma liderança estável com aproximadamente 30%.
A votação deve marcar um resultado histórico para a extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que aparece em segundo lugar nas pesquisas, com cerca de 20% das intenções de voto, impulsionada pela indignação após uma série de ataques mortais atribuídos a imigrantes.
Apenas dez dias antes da eleição, um afegão foi preso por atropelar uma multidão em um comício em Munique, matando uma criança de dois anos e sua mãe, além de ferir dezenas de pessoas.
A AfD tem recebido apoio de aliados próximos de Trump, incluindo o bilionário da tecnologia Elon Musk e o vice-presidente JD Vance.
“Estou muito confiante e, independentemente do resultado, ainda temos espaço para crescer”, disse Julian Adrat, de 34 anos, apoiador da AfD, em um comício do partido anti-imigração em Berlim.
Enquanto isso, manifestantes se reuniram em outras partes do país para protestar contra a extrema-direita, com 40 mil pessoas participando de manifestações na cidade de Hamburgo.
Em Berlim, o educador Juan Miranda expressou esperança de que “a maioria das pessoas não vote na AfD, mas nos partidos tradicionais”, apesar dos erros cometidos pelos governos anteriores.
“Houve muitos problemas que eles não resolveram e focaram demais na política migratória, mas da maneira errada”, afirmou.
Falando em seu distrito de Potsdam, próximo a Berlim, Scholz reconheceu o sentimento de “incerteza” dos eleitores e afirmou que conter o crescimento da AfD é uma “tarefa central” desta eleição.
Por outro lado, Merz, confiante na vitória, declarou que “a esquerda acabou” e descartou qualquer possibilidade de formar um governo com a AfD.
“Não há mais uma maioria de esquerda nem políticas de esquerda na Alemanha”, disse Merz em um animado comício em uma cervejaria, onde apresentou planos para reduzir benefícios sociais, cortar burocracia e endurecer as regras de imigração.
Com os conservadores no comando, afirmou ele, a Alemanha voltará a ter uma “voz forte na União Europeia” em um momento crucial para o continente.
“A Europa precisa se fortalecer novamente, e a Alemanha precisa se engajar mais na União Europeia”, destacou Merz.
Em meio às incertezas da era Trump, ele defendeu que a Europa deve se posicionar com firmeza para garantir “um lugar na mesa principal e proteger nossos interesses em relação à Rússia e à China”.
Mesmo com uma vitória no domingo, Merz pode enfrentar obstáculos para formar um governo. Ele precisará do apoio de pelo menos um outro partido — provavelmente os social-democratas de Scholz ou os Verdes, de acordo com as pesquisas.
“Formar uma coalizão será extremamente difícil”, disse Jacob Ross, pesquisador do Conselho Alemão de Relações Exteriores.
“No entanto, é do interesse da Alemanha que o novo governo esteja pronto para agir o mais rápido possível”, concluiu.
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