China investe US$ 41 bilhões para impulsionar consumo
Publicado 11/03/2025 • 09:44 | Atualizado há 7 dias
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Publicado 11/03/2025 • 09:44 | Atualizado há 7 dias
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Bandeira da China.
Unsplash.
PEQUIM — A mais recente iniciativa da China para impulsionar o consumo não pretende estimular todos os tipos de gastos.
Na semana passada, os formuladores de políticas dobraram os subsídios para um programa de troca de bens de consumo, elevando-os para 300 bilhões de yuans (US$ 41,47 bilhões) este ano, em linha com as expectativas do mercado, sem recorrer à distribuição direta de dinheiro. Os subsídios cobrirão cerca de 15% a 20% do preço de compra de produtos selecionados, como smartphones de médio porte e eletrodomésticos.
O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, apresentou na semana passada um relatório anual sobre o trabalho do governo, destacando o estímulo ao consumo como a principal tarefa para o próximo ano.
Essa é a primeira vez em uma década que Pequim dá ao consumo uma prioridade tão alta, disse Laura Wang, estrategista-chefe de ações da China no Morgan Stanley. Segundo ela, o relatório do governo mencionou a palavra “consumo” 27 vezes — o maior número em dez anos.
Embora Pequim não tenha seguido os EUA e outros países na concessão de dinheiro diretamente aos consumidores, as autoridades chinesas têm reconhecido cada vez mais a necessidade de combater a pressão deflacionária interna.
A China precisa focar mais na demanda doméstica, dado o risco de “novos choques” na demanda externa, afirmou Shen Danyang, chefe do grupo de redação do Relatório de Trabalho do Governo e diretor do Escritório de Pesquisa do Conselho de Estado, a jornalistas na última quarta-feira (5).
As vendas no varejo cresceram 3,5% no ano passado, uma desaceleração acentuada em relação aos 7,2% do ano anterior.
Em um sinal de queda persistente da demanda, a inflação ao consumidor da China caiu abaixo de zero em fevereiro pela primeira vez em mais de um ano, segundo dados oficiais divulgados no último domingo (9).
Se os preços estiverem muito baixos, torna-se difícil incentivar os negócios a investir e aumentar a renda dos consumidores, disse Chen Changsheng, membro do grupo de redação do relatório e vice-diretor do Escritório de Pesquisa do Conselho de Estado.
Ele destacou quatro medidas para lidar com a queda dos preços: expandir o suporte fiscal, incentivar o consumo, regular para evitar guerras de preços e fazer um esforço maior para estabilizar os preços dos imóveis.
O setor imobiliário responde pela maior parte da riqueza das famílias na China. A repressão ao endividamento no setor em 2020 desencadeou uma crise que só começou a reverter no final do ano passado, após um chamado de alto nível em setembro para conter a queda do mercado imobiliário.
Estabilizar o setor imobiliário pode ter um efeito significativo no estímulo ao consumo, semelhante ao impacto da valorização do mercado de ações, disse Meng Lei, analista de estratégia de ações da China no UBS Securities.
As ações subiram após os recentes anúncios de estímulo na China.
Os 300 bilhões de yuans em subsídios virão de um aumento nos títulos especiais de governo de longo prazo para 2025. Na semana passada, a China anunciou um aumento do déficit para 4%, adotando uma “política fiscal proativa”.
Também ajudando no sentimento do mercado está a aparente guinada de Pequim para uma postura mais amigável aos negócios, com o presidente Xi Jinping realizando uma rara reunião com empresários no mês passado.
Quando as empresas ganham confiança, tendem a contratar mais e aumentar os salários. O primeiro-ministro chinês prometeu mais esforços para aumentar a renda dos cidadãos e aliviar os encargos financeiros das famílias de baixa e média renda.
As autoridades também prometeram mais apoio para o cuidado de idosos, crianças e o sistema de saúde, medidas consideradas essenciais para fortalecer a rede de segurança social e incentivar os consumidores a gastarem mais.
Essas iniciativas podem ajudar a reduzir os custos de vida e liberar o potencial de consumo, disse Pan Xiang, analista de câmbio da Nanhua Futures.
Economistas há muito defendem uma recalibração da distribuição de renda e políticas para estimular o consumo interno de maneira mais significativa.
Os compromissos recentes indicam que “a porta está começando a se abrir”, mas ainda há um movimento “muito gradual” da liderança em direção a um suporte mais direto ao consumo, disse Michael Hirson, membro do Asia Society Policy Institute.
“Não chegamos a um ponto de impulso forte ainda”, acrescentou.
Enquanto mais apoio não vem, uma rede de segurança social subdesenvolvida, um mercado de trabalho fraco e baixos salários têm levado as famílias a poupar em vez de gastar, afirmou Hirson.
Os gastos das famílias representam menos de 40% do PIB da China, bem abaixo da média internacional de cerca de 60%, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Um plano de implementação divulgado na última quarta-feira pela Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma revela como a China pretende impulsionar o consumo.
A seção sobre 2025 começa destacando a importância de fortalecer o consumo e os investimentos. O relatório pede esforços para “aumentar o poder de compra” e desenvolver produtos e experiências que incentivem os consumidores a gastar.
No entanto, a estratégia não apoia qualquer tipo de compra.
A prioridade do governo é a venda de “bens duráveis”, como imóveis e automóveis, segundo o relatório. A China também planeja reduzir restrições a transações imobiliárias e compras de veículos.
Parte do plano inclui o desenvolvimento da chamada “economia da experiência” — com cenários imersivos que combinam cinema, videogames, turismo e cultura tradicional chinesa — algo semelhante ao boom turístico em locais históricos relacionados ao jogo de sucesso “Black Myth: Wukong”.
Isso representa uma ampliação em relação ao programa anterior de 150 bilhões de yuans, anunciado no verão passado, que abrangia uma gama mais limitada de produtos.
Os novos subsídios são “bastante significativos” e provavelmente impulsionarão as vendas no varejo, assim como as empresas de e-commerce viram um aumento em certas categorias de produtos no final do ano passado, disse Jacob Cooke, CEO da WPIC Marketing + Technologies.
Embora haja ceticismo de que o impacto de um único pacote de subsídios seja duradouro, Cooke acredita que mais programas seguirão. Ele destacou que a meta “agressiva” da China de 5% de crescimento do PIB e a priorização do consumo indicam que Pequim adotará mais medidas de suporte, sem depender tanto de investimentos em infraestrutura.
As autoridades chinesas também prometeram melhorar os “mecanismos para aumentos salariais regulares” e revisar o sistema de férias remuneradas. Atualmente, os trabalhadores na China têm menos de 10 dias pagos por ano, e alguns feriados públicos exigem compensação com trabalho no fim de semana.
O relatório também mencionou a continuidade dos subsídios para trocas de bens de consumo e atualizações de equipamentos.
Mas duas partes do documento enfatizam mais o investimento — incluindo o desenvolvimento de talentos, infraestrutura e projetos ecológicos — além do fortalecimento da “capacidade de segurança” em pesquisa tecnológica e no fornecimento interno de alimentos.
A China divulgará em breve um plano mais detalhado para impulsionar o consumo, disse Zheng Shanjie, chefe da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma.
Os dados preliminares já indicam um aumento nas vendas devido aos 81 bilhões de yuans em subsídios anunciados em janeiro.
As vendas de veículos elétricos, beneficiados por subsídios de até 15.000 yuans, dispararam quase 80% em fevereiro na comparação anual, chegando a 686.000 unidades, segundo a associação da indústria automotiva da China.
As vendas de smartphones na semana de 20 a 26 de janeiro cresceram quase 65% em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo mais de 9,5 milhões de unidades, segundo a Counterpoint Research.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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