O presidente do Federal Reserve de Minneapolis, Neel Kashkari, disse na sexta-feira (11) que as tendências recentes do mercado mostram que os investidores estão se afastando dos EUA como o lugar mais seguro para investir, enquanto a guerra comercial do presidente Donald Trump se intensifica.
Com o aumento dos rendimentos dos títulos do Tesouro e a queda do dólar americano em relação a outras moedas nos últimos dias, as tendências estão indo na contramão do que normalmente se vê, disse o funcionário do Banco Central americano durante uma entrevista no programa “Squawk Box” da CNBC.
“Normalmente, quando vemos grandes aumentos de tarifas, eu esperaria que o dólar subisse. O fato de o dólar estar caindo ao mesmo tempo, eu acho, dá mais credibilidade à história da mudança nas preferências dos investidores”, disse Kashkari.
O rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos subiu esta semana depois que Trump anunciou sua intenção de aplicar uma tarifa geral de 10% contra parceiros comerciais dos EUA e ameaçou impor taxas ainda mais severas antes de recuar na quarta-feira (9).
Ao mesmo tempo, o dólar caiu mais de 3% em relação a uma cesta de moedas globais, com movimentos que podem significar um afastamento dos ativos norte-americanos considerados portos seguros.
“Investidores em todo o mundo veem os Estados Unidos como o melhor lugar para investir e, se isso for verdade, teremos um déficit comercial. Então, agora, uma das formas de se expressar é na queda dos rendimentos em todas as classes de ativos nos Estados Unidos”, disse Kashkari.
“Se o déficit comercial cair, pode ser que os investidores estejam dizendo: ‘OK, os Estados Unidos não são mais o lugar mais atraente do mundo para investir’, e então seria de se esperar que os rendimentos dos títulos subissem.”
No entanto, Kashkari afirmou que está observando “tensões”, mas não perturbações significativas no funcionamento do mercado.
Ele não vota este ano no Comitê Federal de Mercado Aberto, que define as taxas, mas votará em 2026.
O presidente do Fed em Minneapolis observou que seu foco no ambiente atual é manter as expectativas de inflação ancoradas, ecoando declarações de outros formuladores de políticas de que é improvável que as taxas se movam até que haja uma visibilidade mais clara sobre a política fiscal e comercial.
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