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No RADAR Alberto Ajzental

Petróleo, poder e urânio: o Irã na contramão dos países produtores de petróleo

Publicado 23/06/2025 • 18:05 | Atualizado há 20 horas

Foto de Alberto Ajzental

Alberto Ajzental

Analista Econômico do Jornal Times Brasil e do Money Times, é Engenheiro Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Mestre e Doutor em Administração de Empresas com ênfase em Economia pela FGV. Atuou como Professor de Economia e Estratégia de Negócios na EESP-FGV e atualmente coordena Curso Desenvolvimento de Negócios Imobiliários na EAESP-FGV. Trabalha há mais de 30 anos no mercado imobiliário de São Paulo, em incorporadoras e construtoras de alto padrão, assim como em fundo imobiliário. Atualmente é CEO de importante empresa patrimonialista imobiliária.

Enquanto seus vizinhos produzem petróleo e evitam o átomo, Teerã cava bunkers, instala centrífugas, enriquece uranio a níveis nada pacíficos e sobe o tom militar. 

Vejamos porque a menos que esteja muito preocupado com meio ambiente e o futuro da população mundial, soa nada convincente sua retorica de nuclear para fins pacíficos.

Reservas abundantes, horizonte longo

Com base em dados da OPEP e estimativas atuais de produção, os países produtores de petróleo têm fôlego prolongado. A Arábia Saudita pode seguir extraindo petróleo por mais de 75 anos. O Iraque, 90. O Irã, 125. Mesmo a Argélia, com apenas 12 bilhões de barris, tem mais de 30 anos pela frente.

Tabela 1- Estimativas de duração das reservas (produção e consumo constante, sem novas descobertas):

Essa abundância afasta a ideia de escassez ou emergência energética. A diversificação — quando há — mira em fontes renováveis como eólica, solar ou gás natural, não em uranio ou plutônio.

Como exceção, o país árabe produtor de petróleo que possui uma usina nuclear é os Emirados Árabes Unidos. A usina de Barakah, localizada em Abu Dhabi, é a primeira usina nuclear do mundo árabe. Em março de 2019, o Catar apresentou uma carta de reclamação à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) sobre a usina nuclear de Barakah, manifestando preocupações sobre sua segurança e falta de cooperação com os estados regionais no projeto, bem como que representa uma séria ameaça à estabilidade regional e ao meio ambiente. Os Emirados Árabes Unidos negaram que existam problemas de segurança com a usina, afirmando que Barakah adere aos mais altos padrões de segurança nuclear. 

Energia elétrica?

Atualmente o Irã tem apenas uma usina nuclear em funcionamento, na cidade portuária de Bushehr. A central foi construída na década de 1970, inicialmente com a ajuda de empresas alemãs e posteriormente concluída com assistência russa.

"Devemos atingir a capacidade de produção de 20 mil megawatts de energia nuclear no país" até o ano 2041, disse Eslami durante uma viagem à região com o presidente iraniano, Ebrahim Raisi. O que equivale a 90 bilhões de kWh por ano considerando 50% de fator de capacidade, ou 27% do consumo anual.

Apenas cinco países — EUA, França, China, Rússia e Coreia do Sul — possuem atualmente mais de 20 mil megawatts de capacidade nuclear instalada.

Consumo total - O Irã consumiu 335,18 bilhões de kWh de eletricidade, com uma produção total de 375,71 bilhões de kWh

Fontes de energia - A produção de eletricidade no Irã é majoritariamente baseada em combustíveis fósseis, com 94% da geração proveniente deles. O gás natural é a principal fonte, representando cerca de 81% da geração

Importação e exportação - O Irã também importa e exporta eletricidade, com 3,14 bilhões de kWh importados e 5,72 bilhões de kWh exportados

O átomo iraniano não parece ser civil

Usinas nucleares civis requerem urânio enriquecido entre 3% e 5%. O Irã chegou a 60% e testou até 83,7%. Dificilmente isso seria um erro de cálculo, com certeza é um ensaio técnico para um 'breakout nuclear' — capacidade de armar ogivas em curto prazo.

A infraestrutura é robusta. Desde os anos 1970, com apoio europeu e depois com autonomia forçada, o Irã desenvolve tecnologia nuclear. Após a Revolução Islâmica, ocultou parte dos programas. A partir de 2002, quando o complexo de Natanz foi revelado, o país passou a expandir seu arsenal técnico sob crescente vigilância da AIEA — e sob ainda mais camadas de concreto.

Muitas instalações, escondidas e com investimentos bilionários

O Irá não investe em algumas poucas unidades para estudo e pesquisa. O investimento é macoço em muitas unidades de pesquisa e produção em larga escala e algumas são fortemente protegidas e escondidas, de quase impossível acesso.

As principais usinas e centros de pesquisa estão localizados em:

  • Natanz – Enriquecimento com milhares de centrífugas
  • Bushehr – Única usina civil operando, com apoio russo
  • Arak, Isfahan, Teerã, Parchin – Pesquisa, conversão e apoio técnico
  • Saghand e Gchine – Mineração de urânio

Vamos dar destaque para Fordow, recém bombardeada pelos EUA.

Fordow: o coração blindado do átomo iraniano

A usina nuclear de Fordow, escondida sob 90 metros de rocha na região de Qom, é mais do que uma instalação técnica: é o símbolo da militarização silenciosa do programa atômico do Irã.

Construída em segredo e revelada ao mundo apenas em 2009, Fordow foi concebida como reserva estratégica subterrânea — fora do alcance de mísseis, drones e inspeções externas. Sua localização foi pensada para resistir a um ataque israelense. Sua função, para ultrapassar a linha entre o civil e o militar.

A usina abriga hoje cerca de 2.700 centrífugas (capacidade total: 3.000), com potencial de enriquecimento de urânio em altos teores, próximos do limiar necessário para armas nucleares. Tudo isso protegido por sistemas antiaéreos e perímetro militar.

Enquanto o Irã insiste em rotular suas operações como “pacíficas”, Fordow se impõe como uma fortaleza atômica — um bunker técnico, político e ideológico. Sua construção sob uma montanha é a metáfora exata: o programa iraniano não busca luz, mas sombra. E Fordow é o seu cofre.


O investimento, embora não declarado oficialmente, gira em torno de dezenas de bilhões de dólares ao longo das décadas, em um esforço persistente mesmo sob sanções econômicas.

Imagem estratégica

A seguir, mapa com as principais instalações petrolíferas e nucleares iranianas, segundo a AIEA e agências de inteligência ocidentais:

A retórica da destruição

O programa atômico iraniano não é apenas técnico — é retórico. A liderança do país repete mantras sobre eliminar Israel, desafiar os EUA, resistir ao Ocidente. O discurso militar se entrelaça com a engenharia nuclear. O Irã quer ser temido — e sobreviver.

Mas, veja bem...

Aliados e simpatizantes do regime iraniano argumentam:

  1. Que assim como Israel pode ter seu arsenal atômico, apesar de Israel nunca ter admitido possuir armamentos atômicos, Irã também tem seu direito;
  2. Mesmo que o Irá declare desenvolver programas nucleares para fins pacíficos e que apesar de desenvolver programas militares, está dentro do seu direito, mesmo que não vá utilizar estes armamentos diretamente, pode fazê-lo como poder de dissuasão

Mas esquecem ou não quiseram avaliar que:

  1. Um novo equilíbrio militar deverá ser estabelecido na região;
  2. O Irã tornando-se um poder nuclear pode trazer um desequilíbrio que irá promover uma corrida desenfreada entre todos os países circundantes, árabes, com recursos pois são ricos em petróleo e que são potenciais adversários ou inimigos do Irã

Conclusão: energia não é o objetivo

O Irã possui petróleo de sobra. Não precisa do átomo para manter as luzes acesas. Mas o quer — e o persegue — por outro motivo: poder.

Enquanto os países produtores de petróleo bombeiam petróleo e gás, o Irã aprofunda túneis e ameaça declaradamente os seus inimigos. E em meio a barris e centrífugas, torna-se, cada vez mais, um Estado à beira do átomo — não da paz.

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