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“Há uma crescente consciência dos riscos e limitações da IA”, avalia Frank Meylan, da KPMG
Publicado 03/07/2025 • 11:44 | Atualizado há 11 horas
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Publicado 03/07/2025 • 11:44 | Atualizado há 11 horas
KEY POINTS
Frank Meylan, sócio líder de tecnologia da KPMG
Divulgação/KPMG
O entusiasmo com as ferramentas de inteligência artificial parece ter diminuído no ano passado, após pelo menos dois anos da empolgação que sucedeu à criação do ChatGPT. É o que revela uma pesquisa da consultoria KMPG realizada com 48 mil pessoas em 47 países.
Em entrevista à Agência DC News, o sócio líder de tecnologia da KPMG, Frank Meylan, afirmou que o resultado reflete o maior conhecimento das pessoas. “O que estamos observando é um processo natural de amadurecimento e aprendizado sobre a tecnologia”.
Segundo o estudo, 54% das pessoas andam desconfiadas da IA, enquanto 70% delas defendem que o assunto exige regulação.
No Brasil, onde essa desconfiança é particularmente maior (de acordo com Meylan, é um comportamento natural entre os países menos desenvolvidos), a preocupação com as consequências do uso das tecnologias, seja profissional ou particular, saltou de 49% em 2023 para 75% dos entrevistados no ano passado, segundo o estudo Trust, attitudes and use of Artificial Intelligence: a global study 2025, da KPMG.
O executivo afirmou ainda que as pessoas estão compreendendo melhor os riscos e os benefícios da IA, “o que leva a uma postura mais crítica”. Uma particularidade do Brasil: ainda que o brasileiro hoje acredite que a IA traga mais riscos do que prejuízo, o país continua a ser um dos mais aderentes às tecnologias dentre todos os emergentes, traço dessa cultura adepta às inovações que o Brasil sempre teve.
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Entre os motivos para o receio, em especial entre os países subdesenvolvidos, se destaca o impacto da tecnologia no mercado de trabalho, substituindo mão de obra por serviços realizados por IA. A preocupação, globalmente, saltou de 49% para 62% em um ano.
Isso não significa, entretanto, que ainda não existam muitas expectativas positivas em relação à eficiência, criatividade e redução de tarefas repetitivas trazidas pela IA. Confira a entrevista de Meylan à Agência DC News na íntegra:
Quais são as principais ferramentas de IA utilizadas atualmente?
São aquelas, em sua maioria, oferecidas por grandes empresas de tecnologia. A mais conhecida, sem dúvida, é o ChatGPT, amplamente utilizado em todo o mundo. Ele foi um dos maiores sucessos em termos de adesão, alcançando milhões, talvez até bilhões de usuários em um curto período.
E além do ChatGPT?
Há diversos concorrentes com alto nível de qualidade, em alguns casos até superior. Um exemplo é o Gemini, do Google, e outro é o Claude, da Anthropic. Muitas outras empresas estão desenvolvendo suas próprias soluções, algumas com foco mais específico, como geração de imagens ou textos. Hoje, existem milhares de ferramentas sendo lançadas, e há até sites especializados em monitorar essas novidades semanalmente.
O nível de desconfiança aumentou entre 2022 e 2024. Existe uma tendência de queda no uso?
Não acredito nisso. O que estamos observando é um processo natural de amadurecimento e aprendizado sobre a tecnologia. As pessoas estão compreendendo melhor os riscos e os benefícios, levando a uma postura mais crítica, o que é positivo.
Então, o uso tem sido feito com maior consciência?
Sim. Esse maior entendimento permite um uso mais consciente e estratégico da IA, balanceando riscos e oportunidades. Não se trata de rejeição à tecnologia, mas de uma evolução no entendimento de seus riscos e potenciais.
A confiança na IA caiu mesmo com o aumento da adoção. Isso indica um pensamento mais crítico?
Sim, há uma crescente consciência dos riscos e limitações da IA. Também existe o temor da substituição de empregos. No entanto, acredito que o caminho certo é utilizar a tecnologia para aumentar a produtividade, capacitando os colaboradores e adaptando funções.
Você acredita que a IA afetará o nível de ocupação?
Transformações nos modelos de trabalho sempre existiram. Profissões foram extintas, mas outras surgiram. Com a IA, não será diferente. Novas funções, como teste, controle e supervisão de IA, estão sendo criadas. O importante é equilibrar a tecnologia com o desenvolvimento humano.
Por que a confiança nessas tecnologias é maior em países menos desenvolvidos?
Essa questão está relacionada à nossa pesquisa. Em países desenvolvidos, especialmente na Europa, há uma preocupação maior com privacidade de dados.
Como é na Europa e em outras regiões?
Os cidadãos europeus, por exemplo, tendem a ser mais cautelosos com o armazenamento de informações pessoais, o que pode reduzir a adesão a essas ferramentas. Em contrapartida, em países com menos preocupação regulatória ou cultural com privacidade, como o Brasil, essa resistência é menor.
O nível de alfabetização em IA é maior nos países desenvolvidos?
Não é possível afirmar com certeza sem dados específicos, mas é provável que sim, especialmente em função da maior exposição e uso contínuo dessas tecnologias. À medida que as pessoas conhecem melhor o potencial da IA e percebem os benefícios que ela traz para seus negócios ou atividades, a confiança e o uso tendem a crescer.
O que faz do Brasil um país tão interessado em IA?
O Brasil sempre teve um perfil altamente receptivo a novas tecnologias. Isso pode ser observado, por exemplo, na ampla adoção de fintechs e redes sociais. O brasileiro está entre os maiores usuários de redes sociais do mundo, tanto em proporção da população quanto em tempo de uso. No caso da IA, não foi diferente. Houve uma rápida adesão, especialmente entre estudantes e no meio corporativo.
Quais são as principais tendências para o Brasil em relação à IA?
Uma tendência clara é a expansão do uso dos chamados agentes autônomos de IA. Além de aprender, esses agentes conseguem tomar decisões e executá-las com base em raciocínio lógico e encadeamento de ações. Isso aprimora os fluxos automatizados e tem um valor enorme para as empresas. Já estamos vendo testes e implementações em 2024, e acredito que até o próximo ano o foco estará na escalabilidade desses agentes em diferentes áreas corporativas.
Quais setores da economia estão mais engajados no uso da IA?
O setor financeiro é o que lidera essa transformação. Não à toa, a Febraban Tech, maior feira de tecnologia da América Latina, é organizada pelos bancos. O sistema financeiro brasileiro é altamente digitalizado, como demonstrado pelo sucesso do Pix. Além do setor financeiro, áreas como telecomunicações também estão avançando, especialmente com a adoção de atendimentos automatizados mais sofisticados.
Então, o que podemos esperar da IA no Brasil para os próximos anos?
A tendência é que a IA se espalhe por todos os setores, ainda que alguns, como o da saúde, exijam mais cuidado devido às implicações éticas e de segurança.
Existe uma corrida global pelo uso dessas tecnologias?
É importante ficar atento ao que está sendo desenvolvido fora do eixo ocidental, especialmente na China. Um bom exemplo é o chatbot ERNIE Bot, da Baidu, que causou bastante repercussão no mercado devido à sua alta precisão e ao tempo de desenvolvimento extremamente curto. Isso mostra que a competição global está se ampliando, inclusive com abordagens diferentes.
O que falta para as empresas adotarem completamente a IA?
Um dos principais desafios é garantir a qualidade das respostas oferecidas pela IA. Sabemos que, por natureza, esses modelos podem apresentar “alucinações”, ou seja, informações imprecisas ou equivocadas. Em um uso pessoal, o impacto de um erro pode ser pequeno, mas no ambiente corporativo, ele pode gerar consequências graves.
O que fazer para garantir que isso não aconteça?
É fundamental estabelecer controles de qualidade e governança. Aqui na KPMG, por exemplo, adotamos um framework chamado AI Operating Model, que regula o uso da IA conforme o grau de criticidade das atividades em que está inserida. Quanto mais crítica for a atividade, maior deve ser o nível de controle associado.
Por que o uso de IA é maior entre empresas de maior receita?
A principal razão é o custo. Grandes fornecedores de tecnologia, como Microsoft, Google e Anthropic, cobram pelo volume de informações processadas, o chamado custo por tokens. Quanto mais palavras ou dados forem analisados, maior será o custo. Para empresas menores, esse custo pode ser proibitivo. Mas existem soluções de open source que permitem a adoção com menor investimento, ainda que com algumas limitações.
Não é contraditório que países emergentes adotem mais IA, mas pequenas empresas usem menos?
Pode parecer contraditório à primeira vista, mas a explicação está nos custos e na maturidade dos negócios. Grandes empresas adotam mais rapidamente por terem mais recursos e estruturas de governança. Mas startups e pequenas empresas também estão se movimentando. Hoje, quase toda startup brasileira precisa incorporar algum tipo de IA para se manter competitiva.
Há certa decepção entre pequenos e médios empresários com o uso da IA?
Possivelmente, sim, e isso se relaciona à infraestrutura necessária para uso seguro da IA. Grandes empresas possuem maturidade em governança e capacidade de investir em controles. Já para pequenas e médias, esse investimento pode não ser viável no curto prazo.
Isso deve mudar com o tempo?
É uma barreira temporária. Com o tempo, o custo das tecnologias tende a cair, tornando-as mais acessíveis. Além disso, há modelos de IA de código aberto, gratuitos, que podem ser uma boa alternativa para empresas com menos recursos.
O que diferencia, na pesquisa, uma IA superficial de tecnologias essenciais?
A principal diferença está na abrangência e profundidade dos modelos de treinamento. De forma simplificada, essas tecnologias buscam indexar o conhecimento disponível na internet, oferecendo respostas mais completas do que as ferramentas tradicionais de busca, como Google ou Bing.
Pode dar um exemplo, na prática?
Anteriormente, ao fazer uma pesquisa online, era necessário acessar diversos sites, ler conteúdos e então construir uma resposta. Com a IA, esse processo é automatizado. A ferramenta faz a busca, analisa as informações e oferece uma resposta pronta e elaborada, acelerando o aprendizado e aprimorando a qualidade das pesquisas.
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