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Publicado 17/11/2024 • 11:43 | Atualizado há 7 horas
KEY POINTS
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a prevalência da “voz das ruas” sobre “a voz dos mercados”, diante de centenas de ativistas de esquerda reunidos no último sábado (16), a dois dias da cúpula do G20 no Rio de Janeiro.
Lula receberá na segunda e terça-feira os líderes das maiores economias mundiais, incluindo o presidente dos Estados Unidos Joe Biden, e o chinês Xi Jinping.
A cúpula do principal fórum internacional de cooperação econômica ocorre em um momento de alta tensão geopolítica, com os conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia.
No encerramento do evento paralelo G20 Social, o ex-sindicalista de 79 anos instou a sociedade civil a “gritar” e “protestar” caso os líderes não cumpram os compromissos assumidos no G20 ou em qualquer fórum internacional.
“A gente pode fazer a diferença, mas se a gente enquanto dirigente não assumir, vocês é que tem que fazer a diferença. Gritem, protestem, reivindiquem, porque senão as coisas não acontecem”, declarou.
Em um enérgico discurso, o presidente do Brasil ressaltou que o “neoliberalismo agravou a desigualdade econômica e política que hoje assola as democracias”.
“É preciso romper com a dissonância cada vez maior entre a voz dos mercados e a voz das ruas”, defendeu, a dois dias de receber, entre outros chefes de Estado, o argentino Javier Milei.
Desde quinta-feira (14), milhares de indígenas, trabalhadores rurais, jovens de favelas, estudantes e ativistas LGBTQ+ participaram de grandes assembleias em hangares próximos ao porto do Rio, na região central da cidade.
No sábado, entregaram a Lula um documento com suas demandas para o G20, cujos Estados-membros representam 85% do PIB global e três quartos do comércio mundial.
No texto, urgem as lideranças do mundo a assumirem “compromissos ambiciosos” e “agir com determinação” para acabar com a fome e salvar o planeta frente ao aquecimento global, taxar os super-ricos e regular a desinformação.
O documento também pede o combate às mudanças climáticas, “com respeito à ciência e aos conhecimentos tradicionais dos nossos povos”.
Insta a substituir os combustíveis fósseis por uma economia de baixo carbono e impulsionar um fundo de preservação das florestas tropicais, uma proposta do Brasil que beneficiaria cerca de 80 países.
Enquanto as negociações avançam com dificuldade na COP29 em Baku, no Azerbaijão, o presidente brasileiro afirmou que 2025 será “a hora da Amazônia falar para o mundo”, quando o Brasil sediará a próxima conferência das partes sobre mudanças climáticas.
“Os países ricos têm que ajudar a financiar a proteção da nossa floresta”, disse neste sábado Lula, que busca se posicionar como protagonista mundial na luta ambiental.
Anteriormente, o presidente se reuniu com o secretário-geral da ONU, António Guterres, com quem teve uma reunião bilateral à margem do G20.
No encontro a portas fechadas no Forte de Copacabana, os dois reiteraram a necessidade de “aumentar a ambição para garantir o sucesso da COP29 e da COP30”, indicou o porta-voz de Guterres em um comunicado.
Também reforçaram o compromisso “com as emissões de carbono alinhadas com o limite de 1,5 °C” de temperatura global em relação aos níveis pré-industriais, o objetivo do Acordo de Paris.
Centenas de pessoas foram à orla de Copacabana neste sábado em apoio aos palestinos, em uma manifestação vigiada por dezenas de policiais e soldados, que foram deslocados para garantir a segurança dos líderes que chegam ao Rio de Janeiro.
“Estamos aqui para fazer um contraponto à cúpula do G20”, disse Tania Arantes, de 60 anos, integrante de um dos sindicatos que convocaram o protesto.
O conflito no Oriente Médio é um dos temas espinhosos que pode dificultar as negociações em busca de uma declaração comum nesta cúpula do G20. A guerra na Ucrânia, por exemplo, já gerou divisões entre os países em encontros recentes.
Os manifestantes, alguns com tradicionais lenços árabes, empunharam bandeiras palestinas e cartazes com reivindicações como o rompimento das relações Brasil-Israel e o fim do financiamento das ofensivas militares em Gaza e no Líbano pelos aliados de Israel.
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