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Publicado 17/11/2024 • 12:04 | Atualizado há 6 horas
KEY POINTS
Joe Biden em visita à Amazônia, em 17 de novembro de 2024
Saul Loeb / AFP
Joe Biden realizou neste domingo (17) a primeira viagem à floresta amazônica de um presidente em exercício dos Estados Unidos, mas a visita foi ofuscada pelas promessas do presidente eleito, Donald Trump, de reverter políticas ambientais do governo americano.
Biden chegou a Manaus, a maior cidade da região amazônica do Brasil, como parte de uma viagem pela América do Sul que provavelmente será a última grande visita ao exterior de seu mandato (Trump assumirá no dia 20 de janeiro).
Em anúncio, a Casa Branca se comprometeu com a destinação de US$ 50 milhões (cerca de R$ 290 milhões) ao Fundo Amazônia. Com o valor, no entanto, o democrata deve encerrar o mandato sem conseguir cumprir a promessa de destinar US$ 500 milhões à floresta.
O Fundo Amazônia é o esforço de cooperação internacional mais significativo para preservar a floresta tropical, financiado principalmente pela Noruega.
O valor anunciado neste domingo ainda precisa ser submetido ao Congresso dos EUA, que terá as duas casas de maioria republicana a partir de 2025. Biden deixa a presidência em janeiro do ano que vem, quando Donald Trump assume a Casa Branca e terá seu partido no comando do Congresso.
Depois de se reunir com o presidente chinês Xi Jinping em Lima no sábado, o presidente de 81 anos fez um passeio aéreo pela Amazônia e visitará um museu antes de falar com a imprensa, segundo a Casa Branca.
O chefe de Estado também se encontrou com líderes indígenas e locais que trabalham para proteger a Amazônia, considerada uma região crucial na luta contra o aquecimento global por sua capacidade de absorver CO2.
O conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, declarou que Biden faria a “escala histórica na Amazônia para destacar seu compromisso pessoal e o compromisso contínuo dos Estados Unidos em combater a mudança climática em casa e no exterior”.
“Esta é, obviamente, uma das causas definitivas da presidência de Biden”, declarou Sullivan na quarta-feira.
A visita acontece enquanto o mundo se prepara para o retorno do republicano Donald Trump à Casa Branca em 20 de janeiro, após sua vitória eleitoral esmagadora sobre a democrata Kamala Harris.
O magnata prometeu reverter as políticas de Biden e pode retirar os Estados Unidos dos esforços internacionais para limitar o aquecimento global a 1,5 grau Celsius acima do período pré-industrial.
Biden levou o país, o segundo maior emissor de gases do efeito estufa do mundo, de volta ao histórico Acordo de Paris após Trump ter retirado os Estados Unidos do pacto durante seu primeiro mandato, mas o presidente eleito prometeu abandoná-lo novamente.
A Amazônia, que se estende por nove países, a maior parte no território do Brasil (60%), é uma das áreas mais vulneráveis às mudanças climáticas e à degradação ambiental.
A bacia do Amazonas, que geralmente é um dos lugares mais úmidos do planeta, registrou os piores incêndios em quase duas décadas, enquanto a América Latina enfrenta uma grave seca, segundo o observatório Copernicus da UE.
Um estudo recente da rede de monitoramento Raisg revela que a floresta amazônica perdeu em quatro décadas uma área de tamanho semelhante ao território da Colômbia. Especialistas alertam que a região se aproxima de ponto de não retorno de ‘savanização’.
Após a visita histórica, Biden viajará de Manaus para o Rio de Janeiro para participar da reunião de cúpula do G20 na segunda e terça-feira, onde o retorno de Trump e a conferência da ONU sobre clima que está acontecendo em Baku serão temas importantes na agenda.
O americano terá um almoço com o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que assumiu o compromisso de acabar com o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030.
No Rio, ele também se encontrará com um dos aliados do republicano na região: o presidente da Argentina, o ultraliberal Javier Milei, que, assim como Trump, é cético em relação às mudanças climáticas e ao multilateralismo.
Especialistas alertaram que uma segunda presidência de Trump provocaria atrasos na transição para a energia verde que Biden estimulou, acabando com as esperanças de alcançar metas climáticas cruciais nos próximos anos.
Durante a campanha, Trump prometeu “perfurar” e aumentar a exploração de combustíveis fósseis. Ele chegou a ironizar a mudança climática alguns dias antes das eleições americanas.
Uma saída dos Estados Unidos da diplomacia climática poderia minar consideravelmente a ação mundial para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis, o que poderia dar a outros grandes poluidores, como China e Índia, uma desculpa conveniente para reduzir suas metas.
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