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Correios detalham reestruturação com corte de custos, venda de ativos e novo modelo de negócios

Publicado 29/12/2025 • 11:21 | Atualizado há 2 horas

KEY POINTS

  • Correios lançam plano de reestruturação com foco em caixa, corte de custos e novo modelo de negócios
  • Empresa projeta reduzir despesas com PDV de 15 mil, venda de ativos e reorganização logística
  • Plano também prevê captação de recursos, ajuste estrutural e mudança operacional para reequilibrar a estatal

Os Correios colocaram em marcha um plano de reestruturação baseado em três frentes – recuperação de caixa, reorganização interna e mudança do modelo de negócios – para tentar estancar prejuízos e reverter a deterioração financeira da estatal.

A estratégia envolve nova governança, metas de desempenho, corte de despesas, venda de ativos e captação de recursos no mercado para garantir liquidez no curto prazo.

O presidente da Empresa de Correios e Telégrafos, Emmanoel Schmidt Rondon, detalhou, em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira (29), o plano de reestruturação da companhia.

Recuperação imediata de caixa dos Correios

A primeira etapa do plano é voltada à recomposição do caixa e à normalização da operação. Para isso, os Correios fecharam um empréstimo de R$ 12 bilhões com cinco grandes bancos, com garantia da União, destinado a capital de giro. O objetivo é regularizar pagamentos a fornecedores e trabalhadores e reduzir a pressão financeira até março.

Paralelamente, a empresa criou um modelo de governança específico para conduzir a reestruturação, com regras próprias de acompanhamento e tomada de decisão. Também foi instituído um plano de metas para todos os funcionários, alinhado ao plano de recuperação, com reconhecimento por performance já aprovado internamente.

O plano de reestruturação foi concebido considerando uma necessidade total de R$ 20 bilhões em reforço de caixa para garantir a execução das medidas e a continuidade da operação. Com a captação recente de R$ 12 bilhões junto a bancos, parte dessa demanda foi atendida, mas permanece uma lacuna de R$ 8 bilhões. Segundo a direção, essa necessidade adicional deverá ser endereçada ao longo de 2026, seja por meio de um aporte do governo federal, seja por uma nova captação no mercado, a depender da evolução financeira da empresa e das condições de crédito.

A partir de janeiro, a direção iniciou entrevistas com a alta liderança — incluindo superintendentes estaduais e executivos — para avaliar profissionais aptos a ocupar posições estratégicas e acelerar a geração de resultados.

Reorganização de custos e estrutura

Na segunda fase, o foco passa a ser a reorganização estrutural e a redução permanente de despesas. O plano prevê um Programa de Demissão Voluntária (PDV) de até 10 mil empregados em 2026 e mais 5 mil em 2027, além da revisão das estruturas de remuneração dos cargos de gestão e da sede administrativa.

Também estão previstas mudanças nos planos de saúde e previdência, com potencial de gerar uma economia anual estimada em R$ 2,1 bilhões. Outro eixo relevante é a alienação de ativos e imóveis, tanto inativos quanto em uso, com expectativa de arrecadar cerca de R$ 1,5 bilhão em 2026.

A empresa ainda planeja a otimização da malha logística, com o fechamento de unidades deficitárias ou sobrepostas, sem comprometer a meta de universalização dos serviços. Segundo a direção, essa medida pode gerar impacto adicional de R$ 2,1 bilhões por ano.

Novo modelo operacional e sustentabilidade

A terceira fase do plano mira o médio e longo prazo. A proposta é preparar os Correios para um novo modelo de negócios, com maior eficiência operacional e sustentabilidade financeira. Para antecipar ganhos, a estatal afirma estar utilizando softwares próprios para acelerar a captura de valor, com efeitos esperados a partir de 2027.

Também foi contratada uma consultoria especializada para tratar do passivo de precatórios, um dos principais fatores de pressão sobre as despesas da companhia.

Diagnóstico da crise nos Correios

O plano de reestruturação responde a um diagnóstico considerado crítico pela direção da estatal. Segundo o presidente dos Correios, o modelo de financiamento da empresa se tornou inviável com a mudança do ambiente de negócios. O monopólio da entrega de cartas nos centros urbanos deixou de ser suficiente para sustentar a operação em regiões remotas e deficitárias, gerando um déficit estrutural estimado em cerca de R$ 4 bilhões apenas para cumprir a obrigação de universalização dos serviços.

De acordo com a administração, esse movimento não é exclusivo do Brasil. Operadores postais de países como França, Alemanha, Inglaterra, China, Índia e África do Sul enfrentaram dinâmica semelhante. Mesmo após buscar novas fontes de receita, várias dessas empresas seguem registrando prejuízos. Nos Estados Unidos, o serviço postal acumula um déficit anual próximo de US$ 9 bilhões.

Estrutura engessada e perda de mercado

No caso brasileiro, o problema é agravado pela estrutura de custos. Cerca de 90% das despesas dos Correios são fixas, o que limita a capacidade de ajuste. Gastos com pessoal representam 62% do total e chegam a 72% quando considerados os precatórios trabalhistas.

Soma-se a isso a defasagem tecnológica. Apesar de investimentos em veículos e equipamentos, a empresa não conseguiu atualizar processos e sistemas no ritmo necessário, perdendo competitividade no segmento de encomendas, hoje sua principal fonte de receita. Desde 2019, o market share dos Correios nesse mercado caiu de 51% para 22%.

Contexto da crise

Os Correios acumulam cerca de R$ 6 bilhões em prejuízos desde 2022, até setembro de 2025. A crise é resultado da queda de receitas, mudanças nas regras do comércio internacional, avanço da concorrência privada e aumento de despesas, sobretudo com pessoal, precatórios e manutenção da rede de agências — a maioria operando no prejuízo.

Apesar de o debate sobre privatização ter voltado aos bastidores, o governo descarta essa alternativa. A aposta é que a combinação de ajuste financeiro, reorganização interna e mudança no modelo operacional permita reequilibrar a estatal e reduzir a necessidade de novos aportes públicos.

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