Publicado 26/11/2024 • 18:17
KEY POINTS
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, em entrevista ao Times Brasil Licenciado Exclusivo CNBC, afirmou que a polêmica com o Carrefour está encerrada após a publicação de uma carta na qual a empresa se retrata.
“No nosso entendimento, o caso está encerrado”, afirmou ele. Segundo Fávaro, os compradores estrangeiros podem escolher de quem comprar.
Ele elogiou diversas vezes a forma como os empresários se manifestaram, que ele descreveu como altiva, e afirmou que o governo apoiou os produtores.
“O fato ocorrido foi didático. Estamos abertos a discutir os procedimentos de boas práticas sociais, ambientais e sanitárias (no Brasil), mas tentaram manchar a imagem dos produtos brasileiros. A reação foi muito forte, e dificilmente alguém tentará fazer isso novamente, especialmente após o caso Carrefour”, disse o ministro.
O Ministério da Agricultura divulgou uma nota de teor semelhante. O texto afirma que o Brasil “voltará a reagir com firmeza contra qualquer nova campanha que tenha como alvo a imagem de produtos brasileiros, em especial do agronegócio, cujos padrões de excelência ao longo de toda a cadeia produtiva são reconhecidos em todo o mundo”.
O ministro também elogiou os mecanismos de proteção sanitária no Brasil –ele citou, por exemplo, que o país não tem casos de gripe aviária.
Na última sexta-feira (22) produtores e donos de frigoríficos brasileiros organizaram um boicote às redes de supermercado Carrefour, Atacadão e Sam’s Club.
Isso porque Alexandre Bompard, o CEO da varejista na França, disse em suas redes sociais que a marca francesa não iria mais comprar carne brasileira e do Mercosul.
A alegação é de que agricultores franceses querem fortalecer o comércio local e não fazer mais acordos e exportação do Mercosul. Também houve a declaração de que a carne brasileira não atendia aos princípios sanitários básicos.
Os donos de frigoríficos, restaurantes e hotéis, se juntaram nessa ação de não exportar a carne brasileira para as redes do Carrefour, tanto na França, quanto no Brasil.
O ministro da Agricultura Carlos Fávaro disse ao Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC que o presidente Lula deu força ao movimento e orientou que o governo defenda o comércio brasileiro nesse embate.
O Grupo Carrefour Brasil lamentou a movimentação e, em nota, afirmou que quer negociar uma saída e que tem uma estima pelo agronegócio brasileiro. “Estamos em diálogo constante na busca de soluções que viabilizem a retomada do abastecimento de carne nas nossas lojas o mais rápido possível, respeitando os compromissos que temos com nossos mais de 130 mil colaboradores e com milhões de clientes em todo o Brasil”, disse a companhia.
No início da manhã desta terça-feira (26), o Carrefour na França enviou a seguinte nota:
“Nunca quisemos opor a agricultura francesa à agricultura brasileira. França e Brasil são dois países que compartilham o amor pela terra, pelo cultivo e pela alimentação de qualidade.”
“Na França, o Carrefour é o primeiro parceiro da agricultura francesa: compramos quase toda a carne que necessitamos para as nossas atividades na França, e assim seguiremos fazendo.
A decisão do Carrefour França não teve como objetivo mudar as regras de um mercado amplamente estruturado em suas cadeias de abastecimento locais, que segue as preferências regionais de nossos clientes.
Com essa decisão, quisemos assegurar aos agricultores franceses, que estão atravessando uma grave crise, a perenidade do nosso apoio e das nossas compras locais.”
O ministro Carlos Fávaro elogiou a postura dos empresários brasileiros frente à polêmica com o Carrefour, classificando-a como “louvável” e “altiva”.
Ele ressaltou que a reação firme foi essencial para preservar a soberania nacional e enviar uma mensagem clara ao mercado internacional. “Olha, alto lá! Não quer comprar da gente? Não tem problema.”
Apesar da controvérsia, Fávaro minimizou o impacto econômico, já que as exportações de proteína animal para a União Europeia representam apenas entre 2,5% e 5% do total, com a França contribuindo com menos de 0,5%. “Em termos econômicos, não faz diferença nenhuma”, declarou.
O ministro reafirmou o compromisso do Brasil com a qualidade sanitária e ambiental de seus produtos, destacando que “ninguém consegue no mundo bater nossos índices de sanidade”.
Ele citou como exemplo a ausência de gripe aviária no Brasil nos últimos 15 anos, algo que coloca o país entre os únicos dois no mundo a evitar o vírus em plantéis comerciais.
Sobre o projeto de reciprocidade no Congresso, Fávaro enfatizou: “Às vezes, a gente precisa fazer um risco no chão e dizer: até aqui vai a discussão.” Ele defendeu que a medida ajudará a evitar futuros ataques à imagem dos produtos brasileiros. “Quem quer que venha atacar a qualidade dos nossos produtos terá a resposta à altura.”
Sob a liderança do presidente Lula, a agropecuária brasileira abriu 282 novos mercados internacionais em menos de dois anos. “Ampliamos o leque de oportunidades, mas isso também gerou alguns gargalos, como a falta de mão de obra em regiões rurais”, observou Fávaro.
O ministro também elogiou as inovações da Embrapa, destacando o desenvolvimento de novas variedades de arroz e trigo adaptadas às mudanças climáticas. “Hoje temos trigo plantado no Mato Grosso e na Bahia, algo impensável há alguns anos”, afirmou.
Segundo ele, essas iniciativas tornam o setor mais competitivo e resiliente diante das transformações climáticas. “Não há conflito em produzir e preservar; ao contrário, essas ações são complementares e indispensáveis.”
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