EXCLUSIVO: construções sustentáveis já reduzem consumo de água pela metad, diz CEO do Green Building Council

O setor da construção civil responde por cerca de 38% das emissões globais de dióxido de carbono, segundo a ONU, e por metade de todo o material extraído do meio ambiente. Mas, ao mesmo tempo em que é parte do problema, o setor tem se mostrado peça-chave na busca por soluções sustentáveis.

É o que explica Felipe Faria, CEO do Green Building Council Brasil (GBC Brasil), organização que integra um movimento global presente em 78 países com a missão de transformar a indústria da construção em direção à sustentabilidade. Em entrevista ao Times Brasil, Faria destacou que o desafio vai além da obra: “Trata-se de repensar o ciclo de vida das edificações, desde o projeto até o uso e a manutenção.”

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De acordo com Felipe Faria, o Green Building Council Brasil (GBC) atua por meio de certificações internacionais que medem o desempenho ambiental e energético de edificações. “Esses sistemas testam eficiência, conforto e sustentabilidade — desde o uso de energia renovável e da água até a escolha de materiais de baixo impacto ambiental”, explica.

O Brasil é hoje o quinto país com maior número de projetos certificados no mundo, somando mais de 3 mil empreendimentos e 74 milhões de metros quadrados construídos sob os critérios do GBC. “O interessante é que, nesse nicho, praticamente todos os novos prédios corporativos de alto padrão já buscam a certificação, seja por eficiência operacional, seja por valorização do metro quadrado”, afirma.

Em números, os resultados são expressivos: 31% de redução média no consumo de energia, até 50% de economia de água e 93% de desvio de resíduos de aterros durante as obras. “Esses dados mostram que sustentabilidade é também um diferencial competitivo, que traz retorno econômico e melhora a qualidade de vida dos ocupantes”, diz o executivo.

Segundo Faria, a chave do sucesso está no investimento em inteligência de engenharia e arquitetura. “No Brasil, 13% dos projetos certificados alcançaram o nível platina — mais do que a média mundial, de 8%”, destaca. “O segredo é planejar desde o início. Um prédio pode durar 50 anos, e 85% do seu custo vem da operação e manutenção, não da construção. É aí que estão as oportunidades.”

Esse foco no desempenho ao longo do tempo também garante payback rápido e melhora a produtividade dentro das empresas. “A qualidade do ar, o conforto térmico, acústico e visual impactam diretamente o bem-estar dos colaboradores. É saúde, mas também eficiência empresarial.”

O movimento, antes restrito a grandes centros urbanos e edifícios corporativos, já alcança 350 municípios brasileiros. “Hoje temos projetos certificados em todos os estados, incluindo obras de logística, varejo e empreendimentos residenciais”, afirma Felipe Faria.

Segundo ele, a sustentabilidade se tornou um movimento democrático e acessível. “Temos empreendimentos de altíssimo padrão e também projetos do Minha Casa Minha Vida com excelência em sustentabilidade, graças a tecnologias industrializadas e métodos construtivos mais eficientes.”

Para o CEO, o avanço é irreversível. “Sustentabilidade é o equilíbrio entre o econômico, o social e o ambiental. E a boa notícia é que, com técnica e planejamento, dá para ser melhor em todos os três.”

Chico Fireman

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