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Expectativas de inflação futura são mais preocupantes, diz especialista sobre IPCA

Publicado 10/01/2025 • 11:55

Redação Times Brasil

KEY POINTS

  • Nesta sexta-feira (10), o mercado financeiro repercute a divulgação dos dados de inflação oficial no Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
  • Para Felipe Corleta, sócio da GTF Capital, a inflação corrente do Brasil não é notadamente preocupante, ao contrário das expectativas da inflação futura.
  • Corleta considera que o Banco Central tem um 'desafio gigantesco' para controlar a inflação, já que o percentual do crédito do Brasil, que é atrelado à Selic, é muito pequeno.

Nesta sexta-feira (10), o mercado financeiro repercute a divulgação dos dados de inflação oficial no Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O indicador subiu para 0,52% em dezembro, após alta de 0,39% um mês antes, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para Felipe Corleta, sócio da GTF Capital, a inflação corrente do Brasil não é notadamente preocupante, ao contrário das expectativas da inflação futura.

“Se a gente olhar hoje nas inflações implícitas pela curva de juros da renda fixa, não tem, em nenhum momento, uma inflação menor do 6,8%. Então, o mercado hoje precifica que a inflação para frente vai ser muito pior que a inflação atual. Essa é a grande preocupação do mercado hoje”, disse em entrevista ao jornal Real Time, do Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC.

“O mercado está precificando que, com os gastos do governo descontrolados, muito provavelmente a inflação vai subir e pode atingir 6%, 7% ao longo dos próximos anos”, completou.

Selic: meta de 3% é ambiciosa, diz especialista após dados de IPCA

Ainda para Corleta, a meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) de 3% é considerada ‘ambiciosa’.

“O maior problema da meta de inflação, neste momento, é que se você sobe ela, imediatamente, você sobe também as expectativas todas de inflação. No momento em que se reduziu a meta, é quase que um caminho sem volta. É muito difícil, especialmente em um momento de crise fiscal, você mexer na meta de inflação. É uma meta sim, ousada, mas é uma meta que a gente tem que permanecer nos próximos anos”, destacou.

Segundo o sócio da GTF Capital, o governo tem uma política fiscal expansionista, que vai estimular o gasto público e colocar o Estado como um agente importante da economia.

“O maior problema do governo acelerar os gastos públicos é fazer isso em um momento que a gente está com a inflação acima da meta. É o governo acelerando os gastos públicos e o Banco Central tentando frear. Em algum momento, isso vai colapsar. O que o governo precisa fazer é ajustar a sua política fiscal, especialmente a sua comunicação”.

BC sobre controlar a inflação: ‘grande desafio’, diz sócio da GTF

Corleta considera que o Banco Central tem um ‘desafio gigantesco’ para controlar a inflação, já que o percentual do crédito do Brasil, que é atrelado à Selic, é muito pequeno. “Se a gente comparar com qualquer outro país emergente, ou mesmo os desenvolvidos, a taxa básica de juros no Brasil não determina o custo do crédito. Determina uma parcela muito pequena do custo do crédito”.

“Se tem muita gente com crédito subsidiado, você precisa ter uma taxa ainda maior para o crédito geral, para o crédito livre, para poder controlar essa via de crédito e fazer com que a economia esfrie e a inflação não suba. O BC tem essa dificuldade. Ele sobe a Selic, mas o impacto que ela tem nos canais de crédito não é tão grande, então ele precisa subir ainda mais a Selic”, explica.

O sócio da GTF Capital considera, também, que o Brasil precisaria ter um crédito mais atrelado à sua taxa básica de juros, dentro de um país com menos crédito subsidiado na economia. “Dessa forma, o BC teria uma tarefa mais fácil de controlar a inflação”, ressalta.

Novo governo Trump traz incerteza em relação à economia

Para Corleta, a grande gente incerteza em relação ao novo governo do presidente Donald Trump, cuja posse vai ocorrer no próximo dia 20 de janeiro, está em relação à sua política econômica.

“Ao longo da última semana, se falou que ele ia fazer uma política de tarifas menor do que tinha prometido na campanha. Quando o Trump eleva impostos de importação, ele aumenta os preços. Ele cria uma pressão inflacionária. Do ponto de vista econômico, a política de tarifas vai acabar sendo o grande ponto para se analisar. Se ele tiver uma política que premie e prestigie muito o desempenho dos mercados financeiros, é muito provável que ele tenha uma política de tarifas um pouco mais gradual, e não um grande choque”, afirmou.

Confira a entrevista completa ao jornal Real Time, do Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC.

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