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KEY POINTS
Montagem de um avião com logotipos das duas companhias
Luana Gasperini/Times Brasil
As ações de Azul e Gol operam com forte alta nesta quinta-feira (9) após rumores de que as duas companhias aéreas deram mais um passo rumo à fusão de seus negócios. Os papeis da Azul chegaram a subir mais de 6% no pregão, enquanto as ações da Gol subiram 18% por volta das 10h30.
De acordo com uma reportagem do jornal Valor Econômico, a Azul e a Abra (empresa controladora da Gol) estão estruturando a assinatura de um memorando de entendimento. A previsão é de que um acordo neste sentido ocorra já nas próximas semanas.
Esse texto é visto com um passo adiante na fusão, porque o memorando de entendimento é um documento que registra os principais pontos de uma possível parceria entre duas ou mais partes. É um instrumento utilizado para definir as expectativas e alinhar os interesses de cada empresa.
O mercado se animou com a possibilidade de haver um acordo porque entende que o negócio poderia beneficiar as duas companhias com redução de custos.
“Essa é uma fusão que já vem sendo discutida há algum tempo, porque se trata de empresas que operam em um setor onde o volume é extremamente importante”, afirma Alexandre Pierantoni, diretor-executivo da Kroll, consultoria de risco voltada para o mercado corporativo.
Outro ponto abordado pelo especialista foi a complementaridade das duas empresas em relação à malha aérea: a Azul foca em linhas regionais, enquanto a Gol volta sua operação principalmente para voos decolando de aeroportos em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
Mesmo com as vantagens, essa união de forças precisaria gerar resultados para aliviar as dívidas que a nova companhia teria. Juntas, Gol e Azul somaram no fim do terceiro trimestre do ano passado endividamento próximo de R$ 60 bilhões.
Ainda que Azul tenha obtido receita líquida recorde de R$ 5,1 bilhões no terceiro trimestre (4,3% de alta ante o mesmo período de 2023), a companhia encerrou o trimestre com dívida de R$ 30,2 bilhões.
A Gol, por sua vez, viu o valor devido para seus credores aumentar 43.4% no ano para R$ 27,5 bilhões.
“A alavancagem é altíssima e isso obriga o projeto a ser mutio bem estruturado para remunerar o custo de capital”, afirma Pierantoni. A Azul terminou o terceiro trimestre de 2024 com alavancagem de 4,4 vezes. Enquanto a relação entre dívida líquida e Ebitda da Gol ficou em 5,5 vezes.
Essas dívidas contabilizam o desconto que ambas as companhias tiveram com a União. O governo federal aceitou reduzir a dívida das duas empresas em R$ 5,8 bilhões. A Azul vai pagar R$ 1,1 bilhão de uma dívida de R$ 2,8 bilhões, enquanto a Gol pagará R$ 880 milhões de um débito de R$ 880 milhões.
O rumor de uma fusão entre as duas empresas surgiu em março do ano passado, quando a Azul procurou o banco Citigroup e a gestora Guggenheim Partners para avaliar a possibilidade de um acordo com a rival brasileira.
Em maio, a Gol informou ao mercado que a Abra, empresa controladora do negócio, estava “explorando oportunidades” que poderiam incluir uma parceria com a Azul. A Gol enviou o comunicado em resposta aos questionamentos da B3 acerca de um acordo de codeshare entre as duas empresas.
Um acordo de codeshare permite que as empresas conectem suas malhas aéreas. Isso significa que um cliente pode comprar uma passagem de uma determinada empresa e, na hora de embarcar, utilizar a aeronave da outra companhia.
A ideia por trás do acordo era aumentar as vendas de passagens, uma vez que os clientes passariam a contar com novos canais para realizarem a compra das passagens. Para que não houvesse perda de clientes, o acordo envolveu apenas as rotas domésticas exclusivas de cada companhia.
As negociações avançaram desde então e havia a expectativa de que o memorando de entendimento fosse assinado em algum momento de 2024. Porém, o pedido de recuperação judicial da Gol aberto nos Estados Unidos (em janeiro do ano passado) atrapalhou esse plano.
Avaliada em pouco mais de R$ 650 milhões, a Gol perdeu mais de 95% de valor de mercado nos últimos cinco anos. A queda no valor dos papeis da empresa nos últimos 12 meses é superior a 78%. A Azul está avaliada em cerca de R$ 1,5 bilhão. A desvalorização em cinco anos ultrapassa 92%, enquanto a queda nos últimos 12 meses é de 70%.