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Países árabes querem comprar mais produtos do agro do Brasil em alternativa aos EUA
Publicado 10/08/2025 • 11:17 | Atualizado há 2 horas
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Publicado 10/08/2025 • 11:17 | Atualizado há 2 horas
KEY POINTS
Sistema integrado de lavoura de soja, arroz e pecuária de corte no RS.
Divulgação/CNA
Um estudo realizado pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, mapeou os produtos mais afetados pelo tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros vendidos ao mercado americano.
A pesquisa traz os volumes de importação desses itens pelos países árabes, os principais países árabes importadores dos itens e potenciais destinos substitutos na exportação. As oportunidades concentram-se sobretudo na comercialização de produtos do agronegócio brasileiro aos 22 países da Liga Árabe.
O diagnóstico do estudo apontou para 13 produtos entre os principais exportados pelo Brasil para os Estados Unidos nos últimos cinco anos, que poderiam ser exportados ou aumentar as vendas já existentes para o mercado árabe. Para cada produto, a Câmara Árabe sugere três países promissores para a importação dos itens brasileiros.
Um dos produtos com potencial de ser mais exportado aos países árabes é o café verde. O Brasil exportou US$ 513,83 milhões em café não torrado para o mercado árabe em 2024, ante vendas de US$ 1,896 bilhão para os Estados Unidos. A câmara aponta potencial de expansão das vendas de café verde para Arábia Saudita, Kuwait e Argélia. No caso da Arábia Saudita, dos US$ 400 milhões importados em 2024 de café pelo país, apenas US$ 49,12 milhões foram provenientes do Brasil, havendo, portanto, espaço para crescimento da participação brasileira.
Já em carne bovina, Egito, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita são países que podem ampliar as compras da proteína brasileira. No caso do Egito, dos US$ 927,12 milhões importados de carne bovina pelo país em 2024, apenas US$ 273,07 milhões são da proteína brasileira. No último ano, o Brasil exportou US$ 1,211 bilhão de carne bovina para os países árabes, ante US$ 885 milhões exportados aos Estados Unidos.
Em outra ponta, há produtos exportados pelo Brasil aos Estados Unidos, mas ainda não vendidos aos países árabes e com potencial de pequena absorção, caso dos produtos semimanufaturados de ferro ou aço e madeira de coníferas. Bulldozers e angledozers e carregadoras e pás carregadoras são itens com importação elevada pelos países árabes, mas ainda com exportação incipiente do Brasil, ou seja, com espaço para crescimento das vendas brasileiras ao mercado árabe.
No caso do café não torrado, por exemplo, ele pode chegar aos países árabes com tarifa zerada, enquanto os Estados Unidos cobrarão 50% sobre o produto brasileiro. Na carne bovina congelada, as alíquotas árabes variam de zero a 6%, ante os 50% do mercado norte-americano. O açúcar chega ao mercado árabe com tarifa de zero a 20%, ante 50% cobrados pelos EUA.
Produtos semimanufaturados de ferro e aço estão sujeitos à alíquota de 50% dos Estados Unidos, enquanto no mercado árabe a taxa varia de zero a 12%. Petróleo refinado, que está entre os principais produtos exportados do Brasil aos EUA, tem tarifa de 50% para entrar no mercado americano em comparação com 5% de cobrança nos países da Liga Árabe, aponta o estudo.
São dois objetivos, segundo a câmara: mitigar os impactos da nova tarifa dos Estados Unidos (sobretaxa de 40% em adicional à alíquota de 10% em vigor desde 5 de abril) e ampliar a parceria comercial do Brasil com os países árabes. Para chegar nos resultados, a câmara cruzou os 20 principais produtos exportados pelo Brasil aos Estados Unidos, os principais destinos consumidores destes itens no mercado árabe e análise tarifária, considerando apenas os produtos que ficaram sujeitos à alíquota cheia de 50% e não foram excetuados.
Há demanda crescente dos países árabes pelos produtos brasileiros com redução tarifária, com alíquotas que variam de zero a 30%, avalia a Câmara Árabe. Esses fatores, somados à escalada tarifária dos Estados Unidos, podem ser vistos como oportunidades para redirecionar e ampliar os fluxos comerciais das exportações brasileiras, observa a câmara.
“Os países árabes têm crescimento populacional e econômico acima da média mundial, têm população jovem e o Brasil é um importante provedor para a segurança alimentar de lá”, observa Mohamad Mourad, secretário-geral da Câmara. Para ele, o mercado árabe deve, portanto, estar nas prioridades das empresas e do governo nas estratégias de redirecionamento dos produtos que deixarão de ser exportados aos Estados Unidos.
Não há uma estimativa de quanto poderia ser redirecionado aos países árabes, mas parte pode ser absorvida pelo mercado árabe ainda este ano, projeta Mourad. “O estudo aponta para crescer paulatinamente o comércio, mas em alguns produtos pode haver demanda imediata. Carne bovina e café são produtos com potencial de rápida colocação nos países árabes, podendo colher resultados rápidos, embora 100% do que seria exportado aos Estados Unidos seja absorvido”, explicou. Para isso, o setor produtivo e as empresas terão que ser proativos, avalia.
Em 2024, o Brasil exportou o recorde de US$ 23,68 bilhões para os países árabes, com superávit para o lado brasileiro de US$ 13,50 bilhões. Emirados Árabes Unidos, Egito e Arábia Saudita lideram as importações de produtos nacionais. Para este ano, a expectativa é de estabilidade a leve crescimento nas vendas externas do Brasil à Liga Árabe.
Produtos do agronegócio predominam na pauta brasileira de exportação ao bloco, respondendo por 76% dos embarques no último ano. Os itens mais vendidos ao mercado árabe são açúcar, frango, minério de ferro, milho e outros cereais e carne bovina. O Brasil é o principal fornecedor de gado, carne suína, carne de frango, milho, soja em grãos, amendoim, gordura de bovino, ceras vegetais, açúcar, suco de laranja congelado, tabaco brut, minério de ferro, minério de alumínio, celulose, ferro gusa bruto (usado para produção de aço) e resíduos de estanho (usado para fabricação de ligas metálicas) para o mercado árabe, mostra o estudo.
A câmara ressalta que há complementaridade na pauta comercial do Brasil com países árabes, além de alíquotas menores em uma gama de produtos. O País importa sobretudo do mercado árabe petróleo e fertilizantes e exporta commodities agrícolas e alimentos. “É preciso levar a ideia do Brasil como um fornecedor confiável, com menor custo benefício ao importador, com preço competitivo e qualidade. O tema da segurança alimentar é muito sensível aos países árabes”, lembrou Mourad. Ele afirma que o custo do frete, apesar da logística dificultada, não é um impeditivo para as compras.
Além das questões de negócios, a câmara reforçará com o governo a identificação dos países árabes com o Brasil e a relação histórica de mais de um século entre os mercados. “Não tenho dúvidas de que país a país vai escolher mais pelo Brasil não somente em alimentos, mas nos mais diversos produtos”, pontuou o secretário-geral da Câmara.
Entre os países que carecem de “atenção especial” do setor privado brasileiro para expansão do fluxo comercial, a Câmara Árabe cita Egito, Argélia, Iraque e Líbia. “O Egito, pelo fato de ter acordo comercial vigente com o Mercosul, continua sendo um parceiro muito importante e o acordo facilita as exportações”, observa Mourad. “Líbia e Iraque, por sua vez, gozam de certa estabilidade e têm economias ligadas à exploração do petróleo, mostrando liquidez e apetite para comprar. Já a Argélia é um país com mais de 40 milhões de habitantes, exporta petróleo, importante consumidor de bens, porém com altas tarifas para importação que precisam ser negociadas”, observou o secretário-geral da Câmara.
A Câmara Árabe sugere ainda ao governo brasileiro um escopo de ações para fomentar a exportação brasileira aos países árabes. As ações são divididas em três frentes: sensibilização, diversificação de comércio e facilitação.
O plano prevê ações coordenadas entre a Câmara Árabe, empresas brasileiras e o governo brasileiro para maximizar o redirecionamento de fluxos comerciais e explorar searas de crescimento. As principais áreas incluem a promoção comercial de produtos com alta atratividade tarifária e demanda no mercado árabe, o apoio à adaptação de empresas brasileiras às exigências locais (como a certificação halal) e o fortalecimento de acordos comerciais e diplomáticos. Medidas como a facilitação de vistos de negócios para empresários brasileiros e árabes para países como Arábia Saudita, Argélia, Catar e Kuwait; organização de missões comerciais e atração de investimento aos países árabes e islâmicos são ações práticas sugeridas.
A Câmara Árabe ressalta a necessidade ainda de o Mercosul fechar acordos de livre comércio com países árabes. Há negociações em andamento com Tunísia, Marrocos, Jordânia, Líbano e com o próprio Conselho de Cooperação do Golfo. Como exemplo, a câmara cita o acordo comercial entre Egito e Mercosul, firmado em 2010. “Desde lá, as exportações brasileiras ao Egito quase dobraram”, apontou Mourad. Hoje, as tratativas mais avançadas são com os Emirados Árabes Unidos.
Na avaliação de Mourad, tanto os países árabes quanto o Brasil têm de aproveitar também o bom momento das relações entre o governo brasileiro e o mercado árabe. “O governo sabe trabalhar muito bem essa região, enxerga o peso econômico e o potencial de consumo e respeita a importância do mundo árabe”, pontuou.
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