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Por que os novos navios Classe Trump podem virar um risco estratégico para os EUA
Publicado 29/12/2025 • 18:24 | Atualizado há 2 horas
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Publicado 29/12/2025 • 18:24 | Atualizado há 2 horas
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Foto: reprodução Freepik
Por que novos navios de combate Classe Trump podem ser calcanhar de Aquiles dos EUA
Em 22 de dezembro, durante um anúncio feito em Mar-a-Lago, na Flórida, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentou o plano para a construção de uma nova geração de grandes navios de guerra, batizada de ‘Classe Trump’, como eixo central da chamada Frota Dourada.
A proposta surge em um momento de pressão estratégica crescente no Indo-Pacífico e de fragilidade industrial da construção naval americana, levantando a pergunta central do motivo de investir bilhões em mega-navios pode se transformar em um ponto fraco, e não em força, para a Marinha dos EUA.
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Os navios Classe Trump, segundo as informações divulgadas pelo The Telegraph, teriam entre 30 mil e 40 mil toneladas, possivelmente com propulsão nuclear, e seriam armados com mísseis hipersônicos, armas a laser, canhões eletromagnéticos e mísseis de cruzeiro, inclusive com capacidade nuclear.
O plano inicial prevê dois navios, com ambição declarada de chegar a até 25 unidades ao longo das próximas décadas.
A previsão mais otimista aponta os primeiros cascos apenas para meados dos anos 2030. Ou seja, trata-se de um projeto de longo prazo em um ambiente estratégico que muda rapidamente, especialmente diante do avanço acelerado da China no mar.
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Historicamente, grandes navios sempre carregaram forte simbolismo, dos navios de linha à vela aos encouraçados do século 20, tamanho e poder de fogo eram sinônimo de supremacia. Esse conceito, no entanto, perdeu centralidade após a Segunda Guerra Mundial, quando o porta-aviões passou a dominar a doutrina naval.
Hoje, a lógica é outra, a guerra naval contemporânea privilegia dispersão, redundância e número. Drones, sensores, mísseis de longo alcance e submarinos tornaram grandes plataformas concentradas alvos caros e vulneráveis.
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Nesse contexto, apostar em um megacruzador de alto valor estratégico e financeiro vai na contramão do pensamento naval moderno.
Apesar do discurso de superioridade absoluta, não há garantia de que um navio da Classe Trump sobreviveria em um conflito de alta intensidade. Plataformas grandes e concentradas tendem a se tornar alvos prioritários em cenários modernos, nos quais o volume de ameaças e a velocidade dos ataques reduzem as margens de reação.
Outro ponto negativo é a escassez de efetivos na Marinha dos EUA. Grandes navios exigem tripulações numerosas e altamente qualificadas, em um momento em que as Forças Armadas americanas enfrentam dificuldades crescentes de recrutamento e retenção de marinheiros. Além disso, essas plataformas concentradas se tornam alvos ideais para ataques assimétricos, especialmente por enxames de drones de baixo custo, marítimos, aéreos ou submersíveis, capazes de saturar sistemas defensivos e elevar o risco operacional.
Do ponto de vista armamentista, a vulnerabilidade também permanece. Torpedos pesados seguem sendo armas decisivas, e a história mostra que mesmo navios fortemente blindados não estão imunes a esse tipo de ameaça. Já os mísseis antinavio modernos produzem níveis de destruição comparáveis aos de bombas aéreas que, no passado, afundaram embarcações muito mais protegidas.
Além disso, grandes navios dependem de camadas complexas de defesa, normalmente fornecidas por escoltas e pela aviação embarcada em porta-aviões. Um navio de combate isolado, ainda que fortemente armado, não dispõe dessa proteção aérea orgânica, o que amplia sua exposição em ambientes saturados por drones, mísseis e sensores distribuídos.
As estimativas apontam para um custo de cerca de US$ 9 bilhões por navio, podendo chegar a US$ 14 bilhões na primeira unidade. É um valor comparável ao de um superporta-aviões da classe Ford.
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Trata-se de um investimento enorme concentrado em um único casco, quando as mesmas funções poderiam ser distribuídas entre várias plataformas menores, mais baratas e mais difíceis de neutralizar.
Esse custo também pressiona um sistema industrial já fragilizado, os estaleiros americanos enfrentam falta de capacidade, atrasos crônicos e dificuldades de mão de obra.
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Projetos recentes, como os destróieres Zumwalt, os Littoral Combat Ships e a fragata Constellation, sofreram com estouros de orçamento, complexidade excessiva e cancelamentos prematuros.
Enquanto discute navios gigantes, a Marinha americana segue com lacunas críticas. Falta um número suficiente de fragatas, que é um navio de guerra, antissubmarino, justamente quando a ameaça de submarinos chineses, russos e não tripulados cresce.
Faltam também navios de patrulha em quantidade adequada para garantir presença global contínua, uma das bases da dissuasão naval.
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Essas embarcações menores, muitas vezes desprezadas por não serem “de alta tecnologia”, são essenciais para manter rotas seguras, monitorar áreas sensíveis e evitar que crises escalem para conflitos abertos.
Enquanto os EUA discutem um novo navio símbolo, a China avança em outra direção. Imagens recentes mostram navios mercantes adaptados com sistemas de lançamento de mísseis em contêineres, radares e defesas de curto alcance.
É uma abordagem baseada em volume, dissimulação e custo reduzido, capaz de gerar poder de fogo significativo sem depender de plataformas icônicas.
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Essa diferença de estratégia evidencia o risco americano, investir prestígio, recursos e tempo em navios que podem se tornar obsoletos antes mesmo de entrarem em operação.
Os navios Classe Trump do ponto de vista estratégico, não compensam os riscos operacionais, financeiros e industriais envolvidos.
Em vez de fortalecer a Marinha, o projeto pode drenar recursos de áreas mais urgentes e aprofundar desequilíbrios já existentes.
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Se a história recente servir de alerta, a Classe Trump corre o risco de se juntar a uma lista de programas caros, tecnicamente ousados e estrategicamente mal calibrados.
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