Tokenização de imóveis avança com uso de blockchain, diz fundador da Netspaces

A Netspaces, empresa que atua com tokenização de imóveis, busca transformar o mercado imobiliário brasileiro por meio do uso da tecnologia blockchain. Segundo o fundador da empresa, Jonathan Darcie, o objetivo é permitir que transações imobiliárias ocorram de forma digital, utilizando a infraestrutura da Web3.

“A Netspaces é uma empresa de tokenização imobiliária que usa a tecnologia blockchain para viabilizar transações digitais no setor”, afirmou Darcie em entrevista ao programa Cripto Brasil. Para ele, a blockchain resolve um problema central das transações eletrônicas: a confiança. “Existem muitas transações que não são possíveis de fazer em meio digital sem que eu tenha que confiar em um intermediário”, disse.

Segundo o fundador, a empresa oferece soluções para compra, venda e financiamento de imóveis, tanto integrais quanto fracionados, mantendo as características jurídicas do setor. “Tudo o que é possível fazer no analógico, a gente faz no digital com os qualitativos do digital”, resumiu.

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Imóveis digitais e experiência do usuário

A empresa denomina de “imóvel digital” aquele que passou pelo processo de tokenização. Darcie explicou que o termo é usado para distinguir os imóveis reais dos ativos virtuais do metaverso. “São imóveis em que as pessoas moram, alugam, vivem experiências imobiliárias normais, mas o fazem por meio de transações digitais”, disse.

Um dos objetivos da tokenização, segundo ele, é facilitar o acesso a esse tipo de operação. “A gente acredita que há pessoas que não compram imóveis no Brasil, não porque não têm condições, mas porque não sabem como fazer”, declarou.

Darcie argumenta que a experiência do usuário é central para ampliar o acesso ao setor. A Netspaces permite que partes de um imóvel sejam adquiridas, o que reduz o valor de entrada necessário para participar do mercado. “Por que os imóveis não são adquiridos em pedacinhos pequenos? Porque os custos de transação e conformidade não são compatíveis com o porte da transação”, afirmou.

Segundo ele, a tokenização resolve esse entrave ao tornar viável a negociação de frações de imóveis de forma simplificada. “Quando eu resolvo e facilito a transação ao ponto de que as pessoas fazem uma transação imobiliária com a mesma facilidade que fazem um PIX, eu confiro acesso ao mercado”, afirmou.

Regulação e expansão do mercado

Jonathan Darcie também comentou sobre o cenário regulatório da tokenização no Brasil. Para ele, o principal desafio foi entender que o foco da regulação deve ser o ativo subjacente, e não o token. “Se eu tenho um valor mobiliário, falo de regulação no mercado de capitais. Se tenho um imóvel, falo de regulação no mercado imobiliário”, explicou.

Apesar da ausência de uma regulação específica, a Netspaces expandiu sua atuação. “Saímos de duas cidades e hoje estamos em 180. Tínhamos uma incorporadora, agora temos mais de 18 usando a tecnologia”, afirmou.

Darcie acredita que a regulação pode contribuir para aumentar a segurança jurídica e a confiança do público mais reticente. No entanto, considera que o mercado é capaz de se desenvolver mesmo sem uma regulamentação específica. “A regulação pode auxiliar, mas, se for mal feita, pode atrapalhar bastante”, declarou.

Potencial econômico e crédito digital

O fundador da Netspaces destacou os efeitos econômicos da tokenização no setor imobiliário. Ele citou a possibilidade de redução de custos, velocidade nas operações e inclusão de novos perfis de compradores. “Tudo aquilo que a gente naturalmente enxerga que o digital faz melhor, a gente consegue levar para a transação imobiliária”, afirmou.

Uma das metas da empresa é integrar crédito imobiliário às plataformas de tokenização, com análise e aprovação simultâneas à transação. “Se conseguimos plugar crédito imobiliário em uma plataforma digital, e que essa aprovação ocorra ao mesmo tempo que a transação, resolvemos um problema gigantesco do mercado”, afirmou.

Para ele, a digitalização pode colaborar com a diminuição do déficit habitacional. “A dor de aquisição de imóveis é enorme no Brasil. Muitas famílias não compram porque não sabem como comprar”, concluiu.

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