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Bolsa anuncia exclusão de ações da Ambipar dos pregões no momento em que a empresa avalia pedido de recuperação judicial

Publicado 08/10/2025 • 16:51 | Atualizado há 3 horas

KEY POINTS

  • Ambipar cancela assembleia e emissão de debêntures após rumor de recuperação judicial.
  • Conselho da Ambipar suspende AGE e mantém silêncio sobre negociações com credores.

Divulgação.

Justiça suspende cobranças contra Ambipar, mas ações caem mais de 20%.

A B3 anunciou que as ações da Ambipar (AMBP3) serão excluídas de todos os índices da bolsa a partir do pregão de 16 de outubro, devido a problemas recentes de governança. O papel também perderá o selo “Ações Verdes”, concedido a empresas com práticas ESG. A decisão ocorre em meio à crise financeira e reputacional da companhia, que cancelou assembleia e emissão de debêntures enquanto se prepara para possível pedido de recuperação judicial. Apesar da queda de mais de 60% no mês, os papéis AMBP3 subiram 30% nesta quinta-feira, negociados a R$ 0,91.

A empresa havia anunciado na noite de quarta-feira (8) que o Conselho de Administração decidiu cancelar a assembleia geral extraordinária (AGE) e a sétima emissão de debêntures da companhia, conforme ata de reunião do colegiado, publicada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A assembleia estava originalmente marcada para 10 de outubro, segundo informou a companhia em comunicado ao mercado.

A decisão ocorreu um dia após a agência de notícias Bloomberg noticiar que a empresa de gestão de resíduos estaria preparando um pedido de recuperação judicial, que deve ser protocolado na próxima semana em um tribunal do Rio de Janeiro, segundo fontes ouvidas pela agência. As discussões, porém, ainda estão em andamento e o cronograma pode ser alterado conforme o avanço das negociações com credores.

A Ambipar, que ganhou destaque internacional por transformar resíduos industriais em soluções ambientais e atuar em emergências ambientais, vive agora o momento mais delicado de sua história.

As ações da empresa despencaram mais de 50% no dia 3 de outubro, caindo para cerca de R$ 1,20, e fecharam o pregão de quarta-feira (8) com nova baixa de 4,2%, a R$ 0,68.

Procurada pelo Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC, a Ambipar informou que não irá comentar.

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Expansão agressiva e o peso das dívidas

Fundada em 1995, a Ambipar construiu reputação como uma das líderes globais em gestão de resíduos e resposta a emergências ambientais, prestando serviços a grandes indústrias, mineradoras e companhias de energia.

A estratégia de expansão, baseada em aquisições financiadas por dívida, transformou o grupo em uma multinacional presente em mais de 40 países, com atuação nas áreas de serviços ambientais, logística reversa e gestão de crises químicas.

Mas o mesmo modelo que sustentou o crescimento acabou se tornando um peso. Com o aumento do endividamento e a desaceleração econômica, a companhia passou a enfrentar pressões de caixa e dificuldades para rolar dívidas internacionais.

No mercado de capitais, o reflexo se dá na cotação dos papéis. A queda das ações AMBP3 acumulam queda superior a 94% em 2025, e os títulos da empresa são negociados a uma fração de seu valor de face.

Sinais de alerta e colapso nos mercados

Em setembro, a Ambipar já havia obtido na Justiça uma tutela cautelar de 30 dias contra credores, um passo comum antes de pedidos formais de recuperação judicial.

A notícia acelerou a perda de confiança no mercado. Fundos e bancos começaram a reavaliar exposições, enquanto investidores de varejo sofreram fortes perdas em Certificados de Operações Estruturadas (COEs) lastreados em títulos da companhia — em alguns casos, o resgate foi inferior a 7% do valor investido.

O colapso dos COEs gerou uma onda de reclamações em corretoras e reforçou a percepção de risco sistêmico em papéis estruturados de crédito corporativo.

Um império ambiental em xeque

A Ambipar nasceu como uma empresa de transporte e tratamento de resíduos, mas se reinventou ao longo de duas décadas como símbolo da chamada “economia verde” brasileira. Foi uma das primeiras companhias do setor a abrir capital na B3, em 2020, e atraiu investidores institucionais com a promessa de combinar impacto ambiental e retorno financeiro.

Nos últimos anos, o grupo investiu em plataformas de reciclagem, biotecnologia e economia circular, além de criar subsidiárias para atuar em gestão de carbono e descarbonização industrial.

Agora, enfrenta o desafio de preservar esse ecossistema sob um cenário de crise financeira aguda, com ativos desvalorizados e credores pressionando por renegociações.

O que vem a seguir

Segundo fontes ouvidas pela agência de notícias americana, a equipe da Ambipar e seus consultores ainda avaliam o tamanho do passivo que será incluído no processo e as condições para evitar a insolvência total.

A possível entrada em recuperação judicial pode se tornar um marco no setor ambiental brasileiro, evidenciando o impacto das altas taxas de juros e da alavancagem excessiva em empresas que cresceram durante o ciclo ESG.

Se confirmada, a decisão marcará uma reviravolta para uma companhia que, até pouco tempo atrás, era vista como exemplo de exportação de tecnologia ambiental e gestão sustentável made in Brazil.

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