A gigante europeia da defesa Leonardo espera apresentar, dentro de alguns meses, uma aliança com a Airbus e a Thales para lançar um sistema de satélites, afirmou o CEO da empresa à CNBC. A iniciativa busca oferecer uma alternativa europeia ao Starlink, de Elon Musk.
Após meses de negociações, Roberto Cingolani, CEO da Leonardo, disse à CNBC: “No momento, estamos trabalhando juntos para avaliar se há uma boa sinergia, se isso faz sentido do ponto de vista de mercado e, claro, se é viável do ponto de vista regulatório, especialmente em relação às leis antitruste.”
Nesta semana, a Reuters informou que as três empresas estão em conversas com reguladores europeus sobre um possível acordo. Em Roma na quarta-feira (2), Cingolani argumentou que, em tempos de emergência, as regulações deveriam ser mais flexíveis.
“O mais importante agora é garantir dissuasão e segurança global, mais do que simplesmente obter o melhor preço para um tanque”, disse. Ele destacou ainda que as empresas estão empenhadas em fechar um acordo e que ficaria surpreso se não conseguissem apresentar um plano de negócios.
Ao ser questionado sobre o prazo para a conclusão das negociações, Cingolani afirmou que não levaria anos, e que um período de alguns meses seria “mais razoável”.
Europa busca fortalecer sua defesa
As discussões ocorrem em um momento crítico para as empresas de defesa europeias, enquanto os Estados Unidos aumentam a pressão para que o continente fortaleça suas capacidades militares.
A chegada de Donald Trump à Casa Branca levou a Europa a perceber que não pode depender totalmente dos EUA para sua defesa. No mês passado, a União Europeia anunciou um pacote de medidas que pode liberar até 800 bilhões de euros em novos investimentos no setor militar.
Além disso, alguns países europeus estão reavaliando alternativas ao Starlink, serviço de internet via satélite da SpaceX que tem sido fundamental para a Ucrânia na guerra contra a Rússia.
No mês passado, a Itália anunciou a suspensão das negociações com a SpaceX para um sistema de comunicações seguras para a defesa. A decisão veio após críticas de opositores a uma possível parceria com Musk, motivadas por comentários controversos do bilionário sobre a Ucrânia.
O ministro da Defesa, Guido Crosetto, afirmou que as negociações estão pausadas, mas que o Starlink ainda pode ser considerado uma opção no futuro.
O CEO da Leonardo disse à CNBC que a aliança europeia de satélites não busca desafiar Musk, mas sim oferecer uma alternativa regional.
“O monopólio de tecnologia não é bom para ninguém”, concluiu.
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