A SpaceX, de Elon Musk, se prepara para o próximo teste do seu megafoguete Starship neste domingo (24), após uma sequência de falhas recentes que fez alguns observadores questionarem a viabilidade do projeto.
O veículo de lançamento mais potente do mundo deve decolar da Starbase, base da empresa no sul do Texas, às 18h30 no horário local (20h30 de Brasília), para o seu décimo voo.
A missão tem como objetivo submeter o estágio superior do foguete a uma série de testes enquanto ele percorre metade do globo antes de cair no Oceano Índico.
Objetivos e desafios do próximo voo do Starship
Diferente das tentativas anteriores, desta vez a SpaceX não vai tentar recuperar o estágio propulsor com os enormes braços “hashi” da torre de lançamento.
O Starship é peça-chave na ambição de Elon Musk de colonizar Marte, enquanto a NASA aposta em uma versão adaptada do foguete para servir como módulo lunar do programa Artemis, que pretende levar astronautas americanos de volta à Lua.
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Mas, até agora, todos os três voos de teste realizados em 2025 terminaram com o estágio superior explodindo — duas vezes em grandes bolas de fogo sobre ilhas do Caribe e uma vez depois de chegar ao espaço. Em junho, outro estágio superior explodiu no solo durante um teste estático de ignição.
Reputação e dúvidas sobre a confiabilidade do Starship
A filosofia da SpaceX de “errar rápido, aprender rápido” sempre foi considerada um dos segredos do sucesso da empresa, garantindo à companhia uma liderança global em lançamentos graças à família de foguetes Falcon.
Porém, os tropeços com o Starship levantaram dúvidas sobre a capacidade da SpaceX de repetir esse sucesso com o maior e mais potente foguete já construído.
‘Pressão enorme’
Dallas Kasaboski, analista espacial da consultoria Analysys Mason, disse à AFP que as falhas recentes estão começando a arranhar a “reputação de ouro” da SpaceX.
“Acho que há uma pressão enorme sobre essa missão”, afirmou. “Já tivemos tantos testes e o foguete ainda não provou ser confiável — os fracassos superam os acertos até agora.”
Will Lockett, ex-engenheiro que hoje comenta o setor em sua newsletter no Substack, foi além e argumentou que a ausência de testes com cargas realmente pesadas mostra que “o conceito do Starship é falho na essência”.
Ele acrescentou: “A SpaceX está construindo Starships mais leves na tentativa de aumentar a capacidade de carga útil, mas, com isso, está deixando os foguetes muito mais frágeis do que deveriam ser” — o que, segundo ele, explica as falhas estruturais vistas nos testes recentes.
Matérias com títulos como “O Starship de Elon Musk está condenado?”, publicadas na New York Magazine, só aumentaram a pressão sobre o projeto.
Musk apostou o futuro da empresa no Starship, planejando aposentar a atual geração de foguetes e naves em favor do novo sistema.
Desafios técnicos e expansão da SpaceX
Mesmo que o décimo teste seja bem-sucedido, ainda restam desafios técnicos enormes — desde tornar o sistema totalmente reutilizável de forma rápida e barata, até provar que é possível reabastecer o foguete em órbita com propelente super-resfriado, algo indispensável para missões de longa distância no espaço.
Ainda assim, a SpaceX segue em frente, aumentando o ritmo de lançamentos apesar das críticas de grupos ambientais sobre o impacto ecológico, e expandindo suas operações na Flórida, com a construção de novas instalações, incluindo bases de lançamento e pouso no Kennedy Space Center.
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