A tecnologia de direção autônoma da Qualcomm, desenvolvida em parceria com a BMW, deve despertar interesse de outras montadoras dispostas a licenciar o sistema, afirmou o CEO da gigante norte-americana de chips à CNBC.
As declarações reforçam como a Qualcomm, um dos principais nomes no mercado de chips para smartphones, vem diversificando sua atuação para novas áreas — sendo a automotiva uma de suas divisões de crescimento mais acelerado.
Na semana passada, a Qualcomm e a montadora alemã BMW anunciaram um sistema de condução automatizada baseado nos semicondutores da empresa norte-americana.
Chamado Snapdragon Ride Pilot Automated Driving System, o recurso é um tipo de assistência à direção. Ele permite dirigir sem as mãos em determinados trechos de estrada ou até mesmo trocar de faixa automaticamente, mas não transforma o carro em um veículo totalmente autônomo.
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O sistema fará sua estreia no novo BMW iX3, e as empresas afirmam que estará disponível em 100 países até 2026.
Apesar de ter sido desenvolvido junto com a BMW, Cristiano Amon, CEO da Qualcomm, disse em entrevista à CNBC nesta terça-feira (9) que a tecnologia foi projetada para ser licenciada a outras montadoras.
“Todos estavam esperando por este momento, inclusive nós mesmos, porque as pessoas queriam ver como o sistema se comporta nas ruas”, afirmou Amon, acrescentando que o BMW iX3 será lançado com a tecnologia de direção automatizada em 60 países. Isso permitirá que o sistema seja demonstrado, disse ele.
“Eu acredito que, à medida que as OEMs [fabricantes originais] avaliem como a tecnologia se compara e o quão competitiva ela é, isso deve desencadear um efeito dominó”, declarou o executivo, prevendo o interesse de outras montadoras.
O CEO da Qualcomm disse que a empresa já “avançou bastante” nas conversas com outras fabricantes, mas que “ainda não está pronta para anunciar” novas parcerias.
Qualcomm aposta alto no setor automotivo
A principal fonte de receita da Qualcomm ainda são os chips que alimentam smartphones de marcas como Samsung e Xiaomi.
No entanto, Amon vem buscando diversificar os negócios da companhia em novas áreas, como chips para PCs, semicondutores para data centers e soluções para o setor automotivo.
Ele tem grandes expectativas para essa divisão, que arrecadou quase US$ 1 bilhão no trimestre encerrado em junho, crescimento de 21% em relação ao ano anterior. A empresa já afirmou esperar que sua receita automotiva alcance US$ 8 bilhões até o ano fiscal de 2029.
Para atingir esse objetivo, a Qualcomm vem desenvolvendo tecnologias para diferentes partes de um carro. Seus chips podem, por exemplo, alimentar sistemas de entretenimento a bordo. Na segunda-feira (8), a companhia anunciou uma parceria com o Google Cloud que permitirá às montadoras criar seus próprios assistentes digitais.
“[A Qualcomm] está construindo todo um ecossistema liderado por software”, afirmou Murtuza Ali, analista sênior da Counterpoint Research, à CNBC. “O principal é que agora eles oferecem uma solução totalmente integrada para autonomia, algo que antes faltava.”
Empresas automobilísticas tradicionais, especialmente na Europa, são vistas como atrasadas em relação a rivais chinesas quando o assunto é tecnologia de direção autônoma.
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