“Maior desafio do cinema de rua é o aluguel e patrocínio é fundamental”, diz André Sturm, do Reag Belas Artes
Publicado 18/05/2025 • 12:44 | Atualizado há 3 semanas
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Publicado 18/05/2025 • 12:44 | Atualizado há 3 semanas
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Reag Belas Artes.
Divulgação Reag Belas Artes.
No número 2.423 da Rua da Consolação, na esquina com a Avenida Paulista, em São Paulo, encontra-se um bastião da sétima arte que resiste ao tempo há mais de oito décadas. Os nomes desse portal já foram muitos. Começou como Ritz, em 1943. Cinco anos depois, em 1948, passou a ser chamado de Cine Trianon. Em 1967 foi batizado de Cine Belas Artes, como é conhecido até os dias de hoje.
Desde o ano passado, virou o Reag Belas Artes, num contrato de naming rights que vai durar até 2029 e pode ser estendido. O endereço, que teve as portas fechadas por três anos, entre 2011 e 2014, sempre nadou contra duas correntes.
Na primeira, desde os anos 60, privilegiar filmes à margem do mainstream, como produções europeias e asiáticas em detrimento de blockbusters hollywoodianos. Na segunda frente, de duas décadas e meia para cá, resistir como cinema de rua numa era de salas de shopping. “O principal desafio é o aluguel”, afirmou André Sturm, que está à frente do Belas Artes desde 2004. “Porque um cinema de rua precisa competir com o valor do aluguel que outros negócios oferecem.”
Sturm, que também é diretor do Museu da Imagem e do Som (MIS), tem ainda outro desafio. Oferecer bons filmes com preços acessíveis. “É parte do meu princípio que o Belas Artes sempre seja o cinema mais barato na [região da] Paulista.” Hoje, o espaço recebe 5 mil visitantes semanalmente. Mas equilibrar essa proposta não é fácil.
Com o preço do aluguel pressionando os custos do cinema de rua, o Belas Artes precisa do apoio de seus patrocinadores para se manter. Por isso o contrato com a Reag, a maior gestora de investimentos independente do país, é decisivo. Agora, o espaço também recebe peças de teatro, debates e se tornou um centro cultural.
Além do cinema físico, Sturm também trava suas batalhas no espaço online, com um canal de streaming. Idealizado em 2019 e lançado em abril de 2020, o Belas Artes à la Carte se define como um streaming de filmes pensado para quem ama cinema de verdade – o catálogo inclui produções de todos os cantos do mundo e de todas as épocas: contemporâneos, clássicos, cults, obras de grandes diretores e superpremiados. “Aqueles filmes que merecem ser revistos e que tocam o coração dos cinéfilos.”
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A seguir, trechos da entrevista com Sturm:
Qual a intenção por trás do streaming Belas Artes à la Carte?
André Sturm: Fiquei muitos anos me dedicando à vida pública, trabalhando para a construção de políticas públicas. Eu saí no começo de 2019. Aí comecei a ter tempo para encontrar meus amigos. Toda conversa, de uma maneira ou de outra, chegava ao assunto cinema, em especial ao streaming. E todo mundo falava da dificuldade de encontrar bons filmes nos streamings das grandes plataformas.
Havia uma lacuna…
André Sturm: A minha vida toda eu trabalhei com programação de cinema, né? Falei, poxa, preciso criar um streaming de bons filmes. Então, por volta de julho e agosto de 2019, montei uma equipe muito pequenininha. A gente não tinha a menor ideia [do que fazer] quando começou. Não sou o cara da tecnologia, tive de aprender muita coisa. Lançamos em abril de 2020 e, por incrível que pareça, tivemos uma superdivulgação. Abrimos primeiro gratuitamente e tivemos 1 milhão de visualizações já no primeiro mês, foi incrível.
É mais acessível que outras plataformas (R$ 12,90 por mês ou R$ 141 por ano). O que te fez definir um preço tão abaixo do mercado?
André Sturm: É difícil, mas quero que o streaming seja acessível ao maior número de pessoas. Isso faz parte também da minha maneira de enxergar as coisas.
Dá para equilibrar as contas?
André Sturm: Então… Hoje o streaming empata, suado e sofrido todo mês, mas a gente consegue empatar. É uma aposta em ser acessível para o maior número possível de pessoas.
Em fevereiro, o governo federal anunciou o lançamento para este ano do Tela Brasil, streaming gratuito de filmes nacionais. O que o você pensa a respeito?
André Sturm: Se essa plataforma do governo federal for criada para isso, ou seja, para ser o escoador de uma produção que não encontra espaço na sala de cinema, é uma boa ideia. Acredito que uma plataforma pública devia ser para isso.
E o que não seria positivo?
André Sturm: Se eles estiverem pensando em fazer uma plataforma para concorrer com as plataformas do mercado para ficar disputando direitos de filmes, para ficar colocando filmes que têm chance de buscar mercado, aí eu acho um erro.
Qual tipo de filme deveria entrar nessa plataforma?
André Sturm: Filmes que, embora tenham qualidade e sejam interessantes, não têm perfil para ir à sala de cinema. Aí o governo entrega esses filmes para a sociedade num streaming acessível e gratuito. Há uma grande produção no Brasil hoje e muitos longas fazem números muito pequenos. Já houve casos de filmes que a gente estreou e em quatro dias, quinta, sexta, sábado e domingo, e não fez nem 100 pessoas.
Então, focar nos filmes menores?
André Sturm: Sim. Lançar esses em cinema é ruim para o filme, é ruim para a sala de cinema e não forma público. Então, é preciso pensar outra maneira de trabalhar esses filmes.
Em geral, quanto é investido na distribuição de um filme?
André Sturm: Absolutamente cada caso é um caso. Por exemplo, tem filmes que são lançados em 20 salas no país inteiro, fica entre R$ 150 mil e R$ 200 mil. Para passar em 100 salas, é necessário investimento de no mínimo R$ 1 milhão. Um filme com maior apelo popular estreia, em média, em 1 mil salas.
Com investimentos assim, fica difícil o preço do ingresso ser baixo. Mas você pratica no Reag Belas Artes uma política agressiva de preços baixos. Como faz?
André Sturm: Acredito que, embora o Belas Artes seja uma instituição privada, eu me dispus a vida toda a criar programação de qualidade acessível. É parte do meu princípio que o Belas Artes sempre seja o cinema mais barato na [região da] Paulista. A gente tem a Segunda-feira do Trabalhador, que foi a forma que encontrei de manter a tradição de um dia da semana com preço acessível no cinema em São Paulo. Muita gente só vai ao cinema segunda-feira no Belas Artes porque realmente o ingresso custa R$ 10, o preço do ônibus da ida e da volta. Tenho muito orgulho.
Uma das principais dificuldades do cinema nacional é chegar ao público. Como você define a escolha de salas e horários para cada filme?
André Sturm: Olha, a gente tem como princípio sempre ter um filme nacional em cartaz, pelo menos. Além disso, dentro do possível, a gente tenta estrear o maior número possível de filmes brasileiros. Ultimamente, cresceu muito esse número. É uma loucura.
Quais os principais desafios em manter um cinema de rua vivo em São Paulo?
André Sturm: O principal desafio é o aluguel. Porque um cinema de rua precisa competir com o valor do aluguel que outros negócios oferecem. Um cinema tem de cumprir certas regras que outros negócios não cumprem. Então, o que uma loja de departamentos consegue faturar por metro quadrado, na mesma área que o cinema ocupa, é cinco vezes mais do que uma sala. Por isso o patrocínio é fundamental. O patrocínio paga o aluguel. É esse que é o grande desafio no cinema de rua.
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