O banco central do Canadá manteve sua taxa básica de juros em 2,75% nesta quarta-feira (30), enquanto o principal parceiro comercial dos EUA enfrenta incertezas econômicas a dois dias do novo prazo tarifário do presidente Donald Trump.
O Canadá continua particularmente vulnerável à guerra comercial de Trump, já que as economias canadense e americana se tornaram cada vez mais interligadas nas últimas décadas.
A ameaça de Trump de aumentar tarifas para 35% sobre certos produtos, caso um novo acordo comercial não seja alcançado até sexta-feira, pode causar ainda mais danos a uma economia canadense já pressionada pelo protecionismo dos EUA.
O Canadá foi o primeiro país do G7 a iniciar cortes na taxa de juros no ano passado, após uma série de aumentos para conter a inflação alimentada pela pandemia.
Mas nesta quarta-feira (30) o Banco do Canadá manteve a pausa nos cortes, alertando que o impacto das políticas de Trump continua incerto.
“Embora alguns elementos da política comercial dos EUA tenham começado a se concretizar nas últimas semanas, as negociações comerciais continuam voláteis, as ameaças de novas tarifas setoriais persistem e as ações comerciais dos EUA seguem imprevisíveis”, disse o Banco do Canadá em comunicado.
“Com a incerteza ainda elevada, a economia canadense demonstrando alguma resiliência e pressões persistentes sobre a inflação subjacente, o conselho diretor decidiu manter a taxa básica de juros inalterada”, acrescentou.
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O primeiro-ministro canadense Mark Carney tem tentado, nos últimos dias, conter as expectativas sobre a possibilidade de um acordo comercial abrangente com os Estados Unidos.
Carney afirmou que um acordo sem tarifas com o governo Trump pode não ser possível e que não assinaria um pacto que não trouxesse benefícios ao Canadá.
O primeiro-ministro, que já comandou o Banco do Canadá e o Banco da Inglaterra, também disse que o acordo recentemente firmado entre EUA e União Europeia não deve ser visto como modelo para um eventual pacto com o Canadá.
“Existem diferenças. Uma delas é a proximidade geográfica”, disse Carney esta semana.
As fábricas de automóveis do Canadá são altamente integradas com unidades produtivas dos EUA, com peças cruzando a fronteira várias vezes durante o processo de montagem.
Trabalhadores canadenses da indústria automotiva já enfrentaram demissões e cortes de turnos à medida que as tarifas de Trump sobre o setor continuam a afetar.
O Banco do Canadá não descartou novos cortes nas taxas de juros ainda este ano para apoiar os tomadores de empréstimo que enfrentam dificuldades no contexto da guerra comercial.
“O Banco parece estar ficando um pouco mais confortável com a ideia de que a economia canadense precisará de apoio por meio de novos cortes nas taxas de juros no futuro”, afirmou o economista Andrew Grantham, do CIBC, em comunicado, reagindo ao anúncio de quarta-feira (30).
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