Cobre caminha para melhor ano desde 2009 com impulso da IA e temor de escassez

O cobre caminha para registrar em 2025 sua maior alta anual desde 2009, impulsionado por uma combinação de demanda crescente ligada à inteligência artificial, investimentos em energia limpa e restrições na oferta global. Analistas avaliam que o rali pode se estender para 2026, diante de um mercado considerado apertado.

Os contratos de cobre com vencimento em três meses na London Metal Exchange subiam 1,5%, para US$ 12.405 por tonelada, após terem alcançado um recorde histórico de US$ 12.960 na sessão anterior. No acumulado do ano, o metal já sobe cerca de 41%.

Em Nova York, os preços do cobre também acumulam alta superior a 40% em 2025, colocando o metal no caminho do melhor desempenho anual desde 2009, quando os contratos dispararam após a crise financeira global.

IA e transição energética puxam demanda por cobre

Considerado um termômetro da atividade econômica, o cobre é insumo-chave para a transição energética e para setores como veículos elétricos, redes de transmissão e turbinas eólicas. Mais recentemente, passou a ser fortemente demandado pela expansão global de data centers, essenciais para o avanço da inteligência artificial.

“Nos últimos anos, a história do cobre esteve ligada à energia verde. Agora, os data centers se tornaram o principal motor de crescimento”, afirmou Ian Roper, estrategista de commodities da Astris Advisory Japan, em entrevista à CNBC.

Segundo ele, mesmo com a desaceleração do setor imobiliário chinês afetando outros metais, como aço e minério de ferro, a demanda por cobre permaneceu resiliente.

Mercado apertado e risco de escassez

Analistas do JPMorgan avaliam que os preços do cobre ainda têm espaço para subir em 2026. Em relatório divulgado no fim de novembro, o banco projetou um preço médio de US$ 12.500 por tonelada no segundo trimestre do próximo ano e média de US$ 12.075 ao longo de 2026.

Para o JPMorgan, a combinação de estoques desajustados e interrupções na oferta cria um cenário favorável para novos recordes. “Essas dinâmicas únicas são suficientes para levar os preços acima de US$ 12.000 por tonelada no primeiro semestre de 2026”, escreveu Gregory Shearer, chefe de estratégia de metais básicos e preciosos do banco.

Visões mais cautelosas para o cobre

Nem todos compartilham do mesmo otimismo. Analistas do Goldman Sachs esperam que os preços do cobre recuem em relação aos níveis recordes atuais, embora mantenham perspectiva positiva no longo prazo.

Em relatório publicado em dezembro, o Goldman estimou que o cobre na LME deve oscilar entre US$ 10.000 e US$ 11.000 por tonelada, sustentado pela demanda por infraestrutura elétrica e investimentos estratégicos em IA e defesa. Para o primeiro semestre de 2026, a projeção média do banco é de US$ 10.710.

No horizonte mais longo, porém, o Goldman prevê que os preços possam alcançar US$ 15.000 por tonelada em 2035, acima do consenso do mercado, refletindo a dificuldade de ampliar a oferta diante do avanço estrutural da demanda.

Perspectiva para 2026

Com estoques apertados, oferta limitada e consumo crescente ligado à digitalização e à transição energética, o cobre segue no centro das atenções dos mercados globais. A trajetória dos preços em 2026 dependerá do ritmo de expansão dos data centers, do crescimento da economia chinesa e da capacidade da indústria de responder à crescente demanda por um dos metais mais estratégicos da economia global.

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Allan Ravagnani

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