Com a alta dos juros nos Estados Unidos e o dólar valorizado, cada vez mais brasileiros estão olhando para investimentos no exterior. Em entrevista ao Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC, o estrategista-chefe da Avenue, Will Castro Alves, afirmou que esse movimento se deve, em parte, à valorização da moeda e aos juros elevados nos Estados Unidos, que oferecem retornos atrativos.
“Desde a emergência da possibilidade de Trump ganhar as eleições, o chamado Trump Trade, a gente viu a curva de juros – os yields – se elevando, a partir do final de setembro, e isso quer dizer mais rendimentos para quem quer investir na renda fixa. E aí, em um cenário em que o dólar deu uma arrefecida, apesar de ainda muito alto, soou como uma grande oportunidade, explica o estrategista.
Para Alves, a grande entrega do governo Trump pode ser uma redução do déficit fiscal americano. “Isso conversa com o juro de longo prazo. Reduzir essa percepção de risco é extermamemente importante”, completa.
Big Techs: ainda vale a pena investir?
As grandes empresas de tecnologia americanas seguem dominando o mercado, mas enfrentam desafios, lembra Will.
A chegada da DeepSeek, nova inteligência artificial desenvolvida por uma startup chinesa, provocou uma reação inesperada nas bolsas de valores dos EUA, impactando gigantes da tecnologia, como a Nvidia. A empresa de chips viu suas ações despencarem 17%, resultando em uma perda de cerca de US$ 600 bilhões em valor de mercado.
“Cada vez mais os investidores vão começar a questionar essas big techs sobre a necessidade desses investimentos. E ainda, qual as entregas que estão sendo feitas a partir desse volume de investimentos tão elevado assim”, ressalta.
O crescimento dos investidores brasileiros no exterior
O interesse dos brasileiros por investimentos no exterior não é novo, mas tem se intensificado com a valorização do dólar e a busca por ativos mais seguros, explicou Alves. Segundo ele, durante a pandemia, muitos queriam investir em ações de tecnologia, olhavam para bolsa brasileira e não tinham alternativas.
“Passam-se os anos, cada vez mais uma situação complexa no Brasil em termos de política econômica gera esse sentimento de insegurança ou de que investir todo o meu capital no Brasil é arriscado. Essa percepção de risco se traduz em uma procura por segurança em moeda forte. Essa escalada recente do dólar catalisou esse sentimento de urgência. Olha, eu preciso ter dólar, porque meu consumo é dolarizado, dólar não para de subir e eu preciso me proteger disso”, finaliza.
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