Taiwan adicionou a Huawei e a SMIC, da China, à sua lista de boicote comercial, em um movimento que a alinha ainda mais com a política comercial dos EUA e ocorre em meio a crescentes tensões com Pequim.
As duas principais empresas chinesas de chips foram incluídas na “Lista de Entidades Estratégicas de Commodities de Alta Tecnologia” de Taiwan, juntamente com muitas de suas subsidiárias internacionais.
As regulamentações atuais de Taiwan exigem licenças de órgãos reguladores antes que empresas nacionais possam enviar produtos para as partes nomeadas na lista de entidades.
Em um comunicado em seu site, a Administração de Comércio Internacional de Taiwan afirmou que a Huawei e a SMIC estavam entre as 601 novas entidades estrangeiras, incluídas na lista devido ao seu envolvimento em atividades de proliferação de armas e outras preocupações de segurança nacional.
A Huawei e a SMIC também estão em uma lista comercial dos EUA e foram impactadas pelos controles rigorosos de Washington sobre chips avançados. Empresas como a fabricante terceirizada de chips Taiwan Semiconductor Manufacturing Co. já seguem as restrições de exportação dos EUA.
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No entanto, a adição da Huawei e da SMIC à lista de Taiwan provavelmente visa reforçar essa política e reduzir as brechas existentes, disse Ray Wang, analista independente de semicondutores e tecnologia, à CNBC.
Ele acrescentou que os novos controles de exportação doméstica também podem aumentar a punição para quaisquer potenciais violações no futuro.
A TSMC se envolveu em uma polêmica em outubro do ano passado, quando a empresa de pesquisa de semicondutores TechInsights encontrou um chip fabricado pela TSMC em um cartão de treinamento de IA da Huawei.
Após a descoberta, o Departamento de Comércio dos EUA ordenou que a TSMC interrompesse o acesso de clientes chineses aos chips usados para serviços de IA, de acordo com uma reportagem da Reuters. A TSMC também pode enfrentar uma multa de US$ 1 bilhão para encerrar uma investigação americana sobre o assunto.
A Huawei tem trabalhado para criar alternativas viáveis às unidades de processamento geral da Nvidia usadas para IA. No entanto, especialistas afirmam que o avanço da empresa tem sido limitado por controles de exportação e pela falta de escala e recursos no ecossistema doméstico de chips.
Ainda assim, acredita-se que a Huawei tenha adquirido vários milhões de chips de GPU da TSMC para seus chips de IA, aproveitando brechas anteriores à sua descoberta, de acordo com Paul Triolo, sócio e vice-presidente sênior para a China da empresa de consultoria DGA-Albright Stonebridge Group.
Um dado se refere a um pequeno pedaço de material de silício que serve como base para a construção de processadores e contém os circuitos e componentes complexos necessários para executar cálculos.
Viés político
De acordo com Brady Wang, diretor associado da Counterpoint Research, embora se espere que as recentes restrições à exportação impostas à SMIC e à Huawei tenham impacto direto mínimo nos negócios da TSMC, a medida do governo taiwanês tem “um peso simbólico significativo”.
“Isso ressalta a intenção do governo taiwanês de se alinhar mais estreitamente aos esforços internacionais — particularmente aqueles liderados pelos EUA — para coibir a transferência de tecnologias avançadas”, disse ele à CNBC.
“Outras empresas taiwanesas, especialmente empresas menores de design de circuitos integrados ou fornecedores de componentes que possam ter mantido laços indiretos com empresas chinesas como a Huawei ou a SMIC, podem enfrentar um escrutínio mais rigoroso e maiores obrigações de conformidade no futuro”, acrescentou.
A repressão do governo taiwanês às exportações para a SMIC e a Huawei também ocorre em meio a tensões geopolíticas com a China Continental, que considera a ilha democraticamente governada como seu próprio território, a ser reunificado à força, se necessário.
Em abril, os EUA reafirmaram seu compromisso de apoiar o status quo existente enquanto a China conduzia exercícios militares em larga escala na costa da ilha.
Em declarações divulgadas pela mídia estatal no domingo, o principal conselheiro político da China, Wang Huning, ecoou a posição de Pequim, pedindo a promoção da reunificação nacional com Taiwan e uma oposição resoluta à independência de Taiwan.
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