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Suspensão do tarifaço pode afetar a inflação no Brasil? Entenda

Publicado 22/11/2025 • 08:12 | Atualizado há 40 minutos

KEY POINTS

  • Retirada das tarifas dos EUA aumenta exportações de carne e café e pode pressionar a inflação ao reduzir a oferta interna de alimentos.
  • Economistas alertam que a demanda externa pode elevar preços domésticos, mesmo sem alterar projeções oficiais de inflação do IPCA.
  • Especialistas veem impacto limitado, mas apontam risco de alta na inflação com carnes e café já subindo acima do índice geral.
Suspensão do tarifaço pode afetar a inflação no Brasil? Entenda

Valter Campanato/Agência Brasil

Suspensão do tarifaço pode afetar a inflação no Brasil? Entenda

A retirada das tarifas de 40% impostas pelos Estados Unidos sobre parte das exportações brasileiras — especialmente carne bovina e café — eliminou um risco imediato para produtores e abriu espaço para a retomada de embarques. Mas a decisão trouxe uma nova pergunta ao debate doméstico: o fim do tarifaço pode pressionar a inflação no Brasil?

Segundo economistas, a resposta não é simples. A depender do ritmo das exportações e da capacidade de oferta interna, a medida pode gerar efeitos contrários aos esperados: alívio para os produtores, mas pressão adicional sobre os preços dos alimentos.

A leitura inicial tende a ser positiva: a retirada das tarifas destrava vendas para um dos principais mercados do mundo e melhora a previsibilidade para exportadores. Porém, como observa o economista André Perfeito, o Brasil já vinha registrando forte crescimento das vendas externas mesmo sob tarifaço — o que muda o ponto de atenção.

Exportações já estavam em aceleração – e esse é o novo fator de pressão da inflação

Perfeito lembra que, mesmo com as tarifas de 40% vigentes desde agosto, o Brasil aumentou as exportações de café em 16% em outubro, na comparação anual. No caso das carnes, a alta foi ainda maior: 41% no período.

Ou seja: o gargalo imposto pelas tarifas já vinha sendo contornado por novos mercados, acordos diplomáticos e rotas alternativas abertas pelo setor privado.

Agora, com as barreiras removidas, a tendência natural é uma demanda ainda maior pelos produtos brasileiros. E esse movimento pode ter efeito direto nos preços domésticos:

“Já havíamos superado o gargalo das tarifas de Trump. Agora teremos que exportar ainda mais, e uma maior demanda pode criar efeitos indesejados nos preços. O quanto, é impossível prever ainda”, afirma André Perfeito.

O alerta é sustentado pelo comportamento recente do IPCA. Em 12 meses até outubro:

  • Carnes sobem 12,24%
  • Cafezinho sobe 15,54%
  • Café solúvel sobe 28,71%
  • Café moído sobe 48,13%
  • IPCA geral sobe 4,68%

Os itens mais influenciados pela exportação já estão pressionados, mesmo antes da suspensão das tarifas.

Para Perfeito, o momento exige cautela:

“Tudo o que não precisamos agora é uma alta das carnes por conta de uma demanda acelerada.”

Varejo do boi: alívio externo, firmeza interna

A estrategista de inflação da Warren Investimentos, Andréa Angelo, concorda que o setor de carnes deve sentir sustentação de preços no curto prazo, ainda que sem grandes choques.

“A retirada das tarifas deverá ajudar a reduzir a pressão de baixa que vimos sobre a arroba do boi. Nossa projeção base para São Paulo é de R$ 320, e a medida tende a sustentar esse patamar.”

Ela lembra que as exportações seguiram robustas mesmo durante o tarifaço, ajudando a segurar os valores no mercado interno. Por isso, vê impacto limitado no IPCA:

“O impacto sobre a inflação deve ser restrito. Seguimos com projeções de IPCA em 4,3% para 2025 e 4,5% para 2026.”

Alimentos tendem a subir no curto prazo

A especialista em finanças e tributação Adriana Melo reforça que a suspensão das tarifas torna a exportação mais atrativa — e isso pressiona a inflação de alimentos:

“Sim, há pressão de alta. A suspensão das tarifas reduz a oferta interna e tende a elevar preços de carne, café e frutas. Não é um choque inflacionário, mas adiciona ruído.”

A análise combina com o alerta de Perfeito: a demanda internacional deve acelerar, e isso retira parte da produção disponível ao consumidor brasileiro.

E o câmbio pode ajudar?

Perfeito lembra que, em tese, exportações maiores tendem a fortalecer o real. Um câmbio mais apreciado ajuda a desacelerar a inflação. Mas o economista faz uma ressalva importante:

“Não é o real que está forte, é o dólar que está fraco. E depender de Trump para equilibrar uma balança é uma aposta arriscada.”

Ou seja: mesmo que o câmbio tenha algum efeito desinflacionário no curto prazo, ele não é garantido — e não necessariamente compensa o efeito da redução de oferta interna de alimentos.

Pressão de inflação discreta, mas presente

O quadro geral, segundo os economistas, pode ser resumido assim:

  • Impacto forte ou estrutural? Não.
  • Pressão adicional de curto prazo sobre alimentos? Sim.
  • Risco maior nas carnes e no café, que já sobem acima do IPCA? Sim.
  • Mudança nas projeções de inflação? Por enquanto, não.

O Brasil recupera espaço no mercado americano, abre possibilidade de novas negociações e melhora a competitividade de importantes cadeias produtivas. Mas, no curto prazo, isso pode custar algum desconforto nos preços domésticos, exigindo monitoramento do Banco Central.

Como sintetiza André Perfeito:

“Mais um problema na mesa do Banco Central.”

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