Desde a invasão da Ucrânia, em 2022, G7 e UE têm imposto restrições para limitar o quanto países fora do grupo podem pagar pelo petróleo russo, caso queiram continuar utilizando serviços de transporte, seguro e apoio logístico operados por empresas do G7 — grupo que inclui EUA, Canadá, Reino Unido, Japão, França, Alemanha e Itália.
A lógica da medida é dupla: reduzir as receitas que alimentam a economia e o esforço de guerra russo, sem provocar escassez no mercado global de petróleo, que poderia gerar uma disparada de preços.
Na prática, desde dezembro de 2022, quem pagar acima de US$ 60 por barril de petróleo russo perde acesso aos serviços ocidentais — uma pressão sobre importadores como Índia e China, que hoje absorvem grande parte do petróleo russo.
Apesar das restrições, a produção russa segue alta. Em junho, o país produziu 9,19 milhões de barris por dia, segundo a Agência Internacional de Energia. Parte das exportações passou a ser feita por uma “frota fantasma” de navios fora do radar e empresas de fachada, contornando sanções.
Agora, com o novo pacote de sanções — o 18º desde o início do conflito — a UE indicou que vai reduzir ainda mais esse teto. Segundo autoridades europeias ouvidas pela CNBC sob anonimato, o novo limite deve ficar pouco acima de US$ 47 por barril, ajustado conforme a dinâmica de mercado.
“Estamos atingindo o coração da máquina de guerra da Rússia. O novo pacote mira os setores bancário, energético e industrial-militar e traz um novo teto dinâmico para o petróleo”, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em rede social.
A chefe da diplomacia da Estônia, Kaja Kallas, confirmou a inclusão do novo teto de preço e destacou a primeira sanção europeia contra a principal refinaria da estatal russa Rosneft na Índia — um gesto inédito no esforço para desestimular o comércio de petróleo russo.
Nem von der Leyen nem Kallas especificaram oficialmente o novo valor do teto.
O novo limite, porém, faz parte de uma estratégia mais ampla da UE para pressionar o governo russo a negociar o fim da guerra na Ucrânia.
Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump, que assumiu em janeiro, iniciou seu mandato com uma postura mais amena em relação ao Kremlin do que Joe Biden, mas recentemente tem demonstrado impaciência com o impasse diplomático.
O senador americano Lindsey Graham chegou a sugerir a possibilidade de sanções contra países que continuarem comprando petróleo russo. O objetivo seria dar a Trump “uma marreta legal”, caso ele opte por aumentar a pressão e acelerar o fim do conflito.
Grandes compradores como a Índia já argumentaram que seguem importando petróleo russo com desconto por uma questão de interesse nacional e segurança energética.
Enquanto isso, o mercado global de petróleo segue sob tensão, com riscos de interrupção no Oriente Médio devido aos conflitos entre Israel e Irã. Isso amplia a preocupação com a estabilidade da oferta em regiões-chave para o abastecimento mundial.
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