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Crítica pública de Warren Buffett à Kraft Heinz surpreende, já que costuma ser um investidor discreto

Publicado 06/09/2025 • 18:10 | Atualizado há 12 horas

KEY POINTS

  • Warren Buffett afirmou estar "decepcionado" com a divisão da Kraft Heinz em duas empresas, criticando os custos extras de US$ 300 milhões e a ausência de votação dos acionistas.
  • A fusão Kraft-Heinz, apoiada pela Berkshire Hathaway e a 3G Capital em 2015, se tornou um dos maiores erros de Buffett. Desde então, as ações caíram 69%, e a Berkshire amarga perdas bilionárias.
  • A divisão alimenta especulações de que a Berkshire possa vender sua fatia de 27,5% na companhia, enquanto analistas e veículos como Financial Times e Reuters avaliam que a separação não resolve os problemas estruturais da empresa.

Johannes EISELE/AFP

Imagem de arquivo. Warren Buffett, CEO da Berkshire Hathaway, participa da reunião anual de acionistas de 2019 em Omaha, Nebraska, em 3 de maio de 2019.

Warren Buffett declarou à CNBC que está “decepcionado” com a decisão da Kraft Heinz de se dividir em duas empresas, basicamente desfazendo a fusão que ele ajudou a costurar em 2015, considerada um dos maiores erros de investimento de sua carreira.

Em uma ligação telefônica fora do ar na última terça-feira (2) com a apresentadora Becky Quick, do programa “Squawk Box”, Buffett também disse estar insatisfeito pelo fato de a divisão não ser submetida a votação dos acionistas.

O descontentamento público de Buffett e sua influência no mercado

Com uma fatia de 27,5%, atualmente avaliada em US$ 8,9 bilhões (cerca de R$ 48,15 bilhões), a Berkshire Hathaway é, de longe, a maior acionista da gigante do setor alimentício.

Buffett contou que Greg Abel, futuro CEO da Berkshire, transmitiu esse descontentamento diretamente à equipe de gestão da Kraft Heinz antes da decisão final.

É muito raro a Berkshire, que quase sempre atua de maneira discreta, criticar publicamente, ou até mesmo em conversas reservadas, a administração de uma de suas empresas investidas.

O mercado financeiro também compartilhou da frustração de Buffett.

As ações da Kraft Heinz chegaram a cair 7,6% na terça, logo após o anúncio feito no início da manhã, mas recuperaram parte das perdas e fecharam a semana encurtada pelo feriado com queda de 2,4%.

Será que esse descontentamento pode levar a Berkshire a vender parte ou toda a sua participação?

Buffett não descartou essa possibilidade: “Vamos fazer o que acharmos melhor para a Berkshire”, afirmou.

Ele acrescentou ainda: “Se alguém nos procurar querendo comprar nossas ações, só aceitaríamos se a mesma oferta fosse feita a todos os acionistas da Kraft Heinz”. Ou seja, a não ser que haja interesse em adquirir toda a empresa de uma vez.

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Becky informou que Buffett não gostou dos US$ 300 milhões (aproximadamente R$ 1,62 bilhão) em custos extras que serão gastos para implementar a divisão ao longo do próximo ano, e que ele não acredita que isso trará benefícios relevantes.

“Juntar as duas empresas claramente não foi uma grande ideia, mas também não acho que separar vá resolver o problema”, resumiu Buffett.

Histórico do investimento da Berkshire na Kraft Heinz

Em 2013, a Berkshire se uniu à brasileira 3G Capital para comprar a H.J. Heinz por US$ 23,3 bilhões (cerca de R$ 126,05 bilhões).

Dois anos depois, com a fusão entre Kraft e Heinz, a Berkshire passou a deter mais de 325 milhões de ações da nova companhia, avaliadas em cerca de US$ 24 bilhões (R$ 129,84 bilhões) quando o negócio foi fechado em julho de 2015.

No início, a participação da Berkshire se valorizou após a fusão, chegando a US$ 30 bilhões (R$ 162,3 bilhões) em 2016. Mas, nos três anos seguintes, esse valor despencou e, desde 2020, oscila em torno de US$ 10 bilhões (R$ 54,1 bilhões).

No relatório anual de 2015 aos acionistas, Buffett revelou que as ações custaram US$ 9,8 bilhões (R$ 53,52 bilhões) à Berkshire. Ou seja, hoje a empresa amarga um prejuízo de cerca de US$ 1 bilhão (R$ 5,41 bilhões).

A Berkshire já havia rebaixado o valor do investimento em US$ 3,8 bilhões (R$ 20,56 bilhões) no segundo trimestre para refletir o valor de mercado. E em 2019, já tinha feito outro ajuste negativo, de US$ 3 bilhões (R$ 16,23 bilhões).

Em entrevista ao vivo à CNBC em 2019, Buffett chegou a admitir que se arrepende do papel da Berkshire na fusão com a Kraft Heinz, dizendo que “pagou caro demais” por uma boa empresa.

O valor das ações caiu 69% desde que a fusão foi concluída.

A divisão da empresa e a reação do mercado

A divisão da Kraft Heinz não foi exatamente uma surpresa.

Em julho, o Wall Street Journal noticiou que a Kraft Heinz estava considerando separar uma grande parte de sua área de alimentos, incluindo vários produtos da marca Kraft.

Dois executivos da Berkshire renunciaram ao conselho da KHC em maio, após a empresa anunciar que estava avaliando “transações estratégicas para gerar mais valor aos acionistas”.

Essas saídas alimentaram especulações de que a Berkshire poderia começar a vender sua participação, “criando uma sombra sobre as ações”, segundo um analista.

Agora, esse clima de incerteza só aumentou.

Como a Berkshire detém mais de 10% das ações da KHC, qualquer venda no mercado aberto precisa ser comunicada em até dois dias úteis, o que pode levar outros investidores a fazerem o mesmo movimento.

Buffett não é o único a criticar a divisão da empresa.

O Financial Times afirmou que o grande problema da Kraft Heinz é não ter acompanhado as mudanças no gosto do consumidor. Segundo o jornal, a separação “não é uma virada estratégica ousada, mas sim o resultado de anos de desempenho fraco, priorizando cortes de custos em vez de inovação”.

A colunista Jennifer Saba, da Reuters, comparou o processo a “fazer salsicha: continua sendo algo desagradável de acompanhar”.

“Apesar de possuir diversas marcas, o ciclo interminável de negociações só gera um resultado indigesto”, criticou, citando ainda uma “engenharia financeira excessivamente otimista”.

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