EXCLUSIVO CNBC: CEOs da Oracle falam sobre responsabilidade da IA no mercado bilionário de serviços de nuvem

Durante uma entrevista ao jornalista David Faber, da CNBC norte-americana, na conferência AI World da Oracle, realizada na segunda-feira (13), os executivos que assumiram o comando da Oracle no mês passado, Mike Sicilia e Clay Magouyrk, falam sobre a nova preocupação e responsabilidade dos clientes com o uso da tecnologia.

Sicilia aponta que o novo ciclo de vendas da empresa tem sido “muito interessante” pela tendência dos clientes em se preocuparem com o uso e armazenamento de dados de pacientes ou clientes e da busca de entender como funcionam os “bastidores” desta tecnologia.

Já Magouyurk aponta que a “responsabilidade significa muitas coisas” e que também faz parte do escopo da empresa moldar a tecnologia para criar novas soluções e ferramentas para que os clientes possam tirar proveito da IA. “Parte de uma enorme responsabilidade que acho que temos na Oracle não é apenas garantir que nossa IA seja segura e protegida, que não cause nenhum dano, mas também de como realmente nos apoiamos nela e damos aos clientes o valor de que eles precisam o mais rápido possível”.

Sobre o mercado de inteligência artificial, os executivos também apontaram que não acreditam que apenas uma empresa irá se sobressair em relação às outras, a não ser que seja em “nichos” da tecnologia.

“A realidade é que a IA é aplicável a tudo. Alguém que seja realmente bom em otimização para a descoberta de medicamentos pode não ser o mesmo provedor de modelos para otimizar seus resultados comerciais. Acho que teremos muitos vencedores”, afirmou Magouyrk.

Investimentos em nuvem da OpenAI

Magouyrk também afirmou estar seguro de que a OpenAI conseguirá arcar com os custos gigantescos dos serviços de nuvem que consome.

Durante uma entrevista ao jornalista David Faber, da CNBC, na conferência AI World da Oracle, realizada na segunda-feira (13), Magouyrk afirmou que “claro” que a OpenAI tem condições de pagar US$ 60 bilhões (R$ 327 bilhões) por ano em infraestrutura de nuvem. Em julho, a OpenAI fechou um contrato de cinco anos com a Oracle, avaliado em mais de US$ 300 bilhões (R$ 1,63 trilhão).

“É só olhar o ritmo de crescimento deles, com quase um bilhão de usuários. Isso é algo que ninguém nunca viu”, disse Magouyrk, que concedeu a entrevista ao lado do outro CEO da Oracle, Mike Sicilia, em Las Vegas.

Na semana passada, a OpenAI divulgou que o ChatGPT, seu principal chatbot, lançado publicamente há menos de três anos, já alcançou 800 milhões de usuários ativos por semana. Em 2024, a empresa registrou um prejuízo líquido de US$ 5 bilhões (R$ 27,25 bilhões).

Leia mais
Clientes da Oracle sofrem tentativa de extorsões milionárias por hackers
Oracle e Meta negociam acordo bilionário de IA
Investimentos bilionários da OpenAI impulsionam Oracle e o setor de tecnologia

Integração e impacto da IA da OpenAI

Sicilia contou que a Oracle já começou a integrar os modelos de inteligência artificial da OpenAI em um portal para pacientes acessarem prontuários eletrônicos. A Oracle comprou a fornecedora de sistemas EHR, Cerner, por cerca de US$ 28 bilhões (R$ 152,6 bilhões) em 2022.

“Eu vi os resultados e realmente acredito que eles vão causar um impacto enorme nas indústrias e nas empresas de todos os setores”, comentou Sicilia sobre a OpenAI.

A OpenAI aluga chips gráficos da Nvidia para rodar seus modelos na nuvem da Oracle, além de também utilizar serviços da CoreWeave, Google e Microsoft. Ao mesmo tempo, a empresa está criando um processador de IA personalizado que será fabricado pela Broadcom. Mais cedo, na segunda-feira (13), Broadcom e OpenAI anunciaram que vão implantar juntos 10 gigawatts de capacidade com esses novos chips.

Construir uma infraestrutura desse porte demanda uma quantidade enorme de energia.

“Acho que é questão de tempo, não de saber se teremos energia suficiente”, afirmou Sicilia.

As ações da Oracle subiram quase 6% na segunda-feira (13). No acumulado do ano, os papéis já valorizaram 86%, levando o valor de mercado da Oracle para perto de US$ 900 bilhões (R$ 4,91 trilhões).

OpenAI e Broadcom

Greg Brockman, presidente da OpenAI, e o presidente da Broadcom, Charlie Kawwas, também deram uma entrevista à CNBC, onde comentaram sobre os avanços do setor e a junção das empresas para o desenvolvimento de chips IA.

Brockman apontou a necessidade de mais “poder de computação” para impulsionar a revolução da IA. Ele também comentou como a parceira entre as duas empresas tem trabalhado para “construir chips que realmente sejam personalizados para cargas de trabalho específicas de modo que possamos pegar nosso conhecimento sobre como construir os modelos de IA e combiná-lo com a melhor maneira possível de implementá-lo”.

Kawwas também comentou como a empresa vem aperfeiçoando e habilitando a infraestrutura de IA “há mais de uma década”, mas que a união com a equipe da OpenAI é “empolgante” pela colaboração “única”, que combina um acelerador de IA personalizado, uma rede de padrão aberto e o software.

“Então, quando combinamos todas essas coisas e as ajustamos, criamos a melhor plataforma de IA que oferece o mais alto desempenho com potência e custo realmente sem precedentes”, afirmou.

__