Entre os dias 4 e 11 de novembro do ano passado, o valor das ações da Tesla negociadas na Nasdaq passou de US$ 251 para US$ 350. A valorização não foi por acaso. O período marcou a eleição norte-americana que elegeu, no dia 6 de novembro, Donald Trump como o 47º presidente dos Estados Unidos.
Os investidores estavam animados. Elon Musk, o fundador e CEO da Tesla, era o braço-direito de Trump. O bilionário fez notória campanha para o republicano. Abusou das redes sociais, discursou em comícios e, mais do que tudo isso, posicionou-se como um “pilar do mercado” favorável a Trump.
A vitória nas urnas fez com que as ações da Tesla disparassem. Eram esperadas benesses que pudessem favorecer a companhia. Em dezembro, cada papel da Tesla foi negociado na Nasdaq pelo pico de US$ 479.
O que se seguiu, no entanto, esteve totalmente distante dos desejos dos acionistas da fabricante de veículos elétricos.
Nesta segunda-feira (10), as ações da Tesla voltaram a ser negociadas por um valor menor do que o registrado naquele dia 6 de novembro, quando Trump foi eleito. Isso significa que a Tesla perdeu todo o valor de mercado que havia ganhado desde a eleição.
Um recorte mais preciso, partindo do dia 20 de janeiro, data que marcou a posse de Trump, aponta que o valor de cada ação da Tesla já caiu mais de 42%. O valor de mercado derreteu. A Tesla, que já chegou a ser avaliada em mais de US$ 1,4 trilhão, deixou o grupo das trilionárias e agora vale “apenas” US$ 740 bilhões.
Musk, por consequência, também viu sua fortuna diminuir. O bilionário detinha até o fim de 2024 cerca de 12,8% das ações da montadora. O patrimônio do homem mais rico do mundo caiu de US$ 450 bilhões para US$ 330 bilhões desde novembro.
A queda nas ações da Tesla tem um efeito de correção de preço do mercado, mas também tem relação direta com uma desaceleração do crescimento da empresa. Em mercados europeus, como na Alemanha, as vendas da Tesla recuaram 76% em fevereiro, de acordo com dados do Electrek.
No mês anterior um compilado feito pela Associação Europeia de Fabricantes Automotivos (ACEA) com dados de Reino Unido, Islândia, Noruega, Suíça e Liechtenstein mostraram que a empresa havia vendido 45% menos automóveis do que em janeiro de 2023.
Os resultados da Tesla no quarto trimestre também não ajudaram a empresa a fazer jus às apostas dos investidores. A receita, que caiu 8%, de R$ 25,7 bilhões ficou bem abaixo da expectativa do mercado, que girava em torno de US$ 27,2 bilhões.
A queda no lucro foi bem maior: redução de 71% no quarto trimestre ante o mesmo período de 2023. O resultado de US$ 2,32 bilhões representa US$ 0,66 por ação. Esse valor também é menor do que o estimado em Wall Street. Nem mesmo descontos agressivos nos EUA e na China ajudaram a empresa em 2024.
É certo que as 7 Magníficas (grupo formado por Apple, Amazon, Alphabet, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla) enfrentam um período difícil na bolsa de valores americana. Uma pausa do Federal Reserve no ciclo de corte de juros e as tensões tarifárias de Trump deixam o mercado receoso.
Mesmo assim, ninguém sofreu mais do que a Tesla.
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