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Mercado de livros começa o ano com receita 3,3% maior sobre 2024 e tem TikTok como aliado

Publicado 29/06/2025 • 14:43 | Atualizado há 6 horas

DC News

KEY POINTS

  • Os dados refletem as vendas realizadas em lojas físicas e virtuais, e não incluem transações das editoras para outros canais, como vendas diretas ao consumidor, a atacadistas ou ao governo.
  • “O mercado se concentra em nichos de sucesso. Não é uma boa notícia”, afirmou o presidente do Snel, Dante Cid, em entrevista à Agência DC News.

Foto: Divulgação/Bienal do Livro Rio

Até a última semana de março deste ano a venda de livros está maior em relação ao mesmo período do ano passado tanto em valores (R$ 779,4 milhões x R$ 754,7 milhões, alta de 3,3%) quanto em volume (14,1 milhões x 13,8 milhões, alta de 2,0%), segundo o mais recente Painel do Varejo de Livros no Brasil – feito pela Nielsen BookData em parceria com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), que tem mais de 500 empresas associadas.

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Os dados refletem as vendas realizadas em lojas físicas e virtuais, e não incluem transações das editoras para outros canais, como vendas diretas ao consumidor, a atacadistas ou ao governo. “O mercado se concentra em nichos de sucesso. Não é uma boa notícia”, afirmou o presidente do Snel, Dante Cid, em entrevista à Agência DC News.

Outro ponto negativo é a queda na bibliodiversidade (número de ISBNs) de 15,25% neste começo de ano. Para Cid, isso reflete preocupação com a situação econômica, uma vez que as editoras reduzem o número de novos lançamentos. Segundo ele, o papel das pequenas editoras e da publicação autônoma é essencial para reverter essa tendência. “Diversos segmentos da sociedade ainda precisam aparecer através da literatura”, afirmou.

Por outro lado, há boas notícias vindas de onde não se esperava: o universo digital. Ele cita o sucesso do BookTok, nicho de literatura no TikTok (no domingo, 29, havia 58,7 milhões de postagens com a hashtag BookTok). “O que era uma ameaça virou ferramenta de promoção da leitura.”

Soma-se a isso o papel das feiras literárias, que segundo Cid representam 2% do total das vendas no setor durante o ano. “A última Bienal [do Rio de Janeiro] teve média de nove livros vendidos por visitante, muito mais que o habitual.”

Confira a entrevista a seguir.

Agência DC News: Houve algo incomum que causou o crescimento tanto na receita quanto em volume de vendas no acumulado dos últimos 12 meses?

Dante Cid: Sim, o dos livros de colorir. Estão vendendo bastante. Neste primeiro semestre esse nicho está sendo de muita força.

Agência DC News: A gente poderia dizer que isso distorce os resultados?

Dante Cid: Não tanto uma distorção, porque isso é parte do sistema do livro. Há momentos de boom de alguns títulos e momentos de calmaria. É perfeitamente natural. Cada ano há um exemplo diferente. Este ano é a vez dos livros de colorir.

Agência DC News: Mas pessoas têm conseguido comprar mais. Por quê?

Dante Cid: Temos nos debruçado bastante sobre isso. Porque temos pesquisa que indica redução do número de leitores. Isso nos leva a crer que aquele público que se mantém leitor tem conseguido ler mais.

Agência DC News: Mesmo com o preço médio do livro mais alto e a inflação pressionando a renda do brasileiro.

Dante Cid: Na tendência dos últimos quase 20 anos, os preços reais dos livros vêm caindo. O preço nominal sobe 4% ou 5% ao ano, mas muitas vezes não supera a inflação. Então, o preço real do livro cai.

Agência DC News: E ainda há muita política de desconto. O Painel do Varejo de Livros mostra que os Top 500 e Top 5000 mais vendidos tiveram aumento de desconto. Esse movimento deve continuar?

Dante Cid: Isso é algo mais ou menos permanente no mercado. Há uma dinâmica entre editora e ponto de venda. No Brasil, a editora define um preço-alvo, por exemplo, R$ 60, e vende com desconto de 30% a 45%. O ponto de venda tem liberdade para vender pelo preço que quiser. Essa flutuação depende do momento do comércio e do consumidor. Para bestsellers, o desconto costuma ser menor. Para lançamentos, os descontos são maiores para torná-los conhecidos.

Agência DC News: A bibliodiversidade caiu 15,25% neste primeiro trimestre. Por que isso aconteceu?

Dante Cid: A bibliodiversidade pode cair por vários fatores. Em momentos de crise econômica, há uma retração das editoras e uma aversão ao risco, focando em obras já prestigiadas, o que reduz o número de lançamentos. Além disso, o mercado se concentra em nichos de sucesso. Não é uma boa notícia. Nós gostaríamos de ver mais ISBNs sendo lançados.

Agência DC News: O que precisa ser feito?

Dante Cid: É importante o papel das pequenas editoras e da publicação autônoma para reverter essa tendência de queda, pois diversos segmentos da sociedade ainda precisam aparecer através da literatura.

Agência DC News: Entre os gêneros mais vendidos, um destaque é a Não Ficção Trade (para o público amplo), com o maior share do mercado (28,8%). O que torna esse gênero tão procurado?

Dante Cid: Quando há ausência de bestsellers de ficção por alguns meses, outros segmentos acabam se destacando. Desde a pandemia, houve crescimento na Não Ficção de forma geral por diversos motivos: pessoas buscando orientação, apoio psicológico ou profissional. Quando há boom de bestseller, a Ficção sobe. Nos momentos de calmaria, a Não Ficção preenche esse espaço.

Agência DC News: O fenômeno BookTok, dentro do TikTok, tem ajudado o mercado?

Dante Cid: Esse é um fenômeno interessante. Uma pesquisa nossa mostrou que o maior concorrente do tempo de leitura era o uso da internet. Desde então, surgiram os booktokers, influenciadores digitais de livros, o que acabou se tornando um aliado da leitura. Então, aquilo que era ameaça virou ferramenta de promoção da leitura.

Agência DC News: Em relação ao gênero menos procurado, a Não Ficção Especializada (19,6% se share), por que estão sendo menos vendidos?

Dante Cid: Esse nicho é buscado quando há necessidade de aprimoramento profissional ou interesse por novas técnicas. A queda pode estar ligada à mudança de fontes de informação, como a internet, ou até ao [baixo] desemprego. Quando a pessoa já está empregada, a busca por especialização diminui. Isso varia por inúmeros fatores.

Agência DC News: Quais são suas expectativas para o setor até o final do ano?

Dante Cid: Se o fenômeno dos livros de colorir perder força, os números podem cair um pouco. Em compensação, temos a Bienal do Rio, que costuma trazer bons resultados de vendas. Espero que 2025 feche positivamente, mas isso depende do tipo de editora, se é de ficção, didática e por aí vai. Cada segmento vive uma realidade.

Agência DC News: E qual é o peso das feiras, como a Bienal do Livro, nos números do mercado?

Dante Cid: Representam cerca de 2% das vendas anuais. Pode parecer pouco, mas são sete dias no ano. A última Bienal [no Rio de Janeiro] teve média de nove livros vendidos por visitante, muito mais do que o habitual. É um percentual significativo.

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