EXCLUSIVO NBC: Em entrevista, Trump confirma deportações e diz que pode manter TikTok no ar por mais 90 dias

O presidente eleito Donald Trump disse em uma entrevista por telefone ao programa “Meet the Press” da NBC News (empresa do mesmo grupo da CNBC), neste sábado (18), que provavelmente dará ao TikTok mais 90 dias antes da proibição do aplicativo nos Estados Unidos. Ele vai assumir o cargo na segunda-feira (20).

Ele afirmou ainda que deve assinar um número recorde de ações executivas (um tipo de medida que a presidência pode baixar sem o Congresso), confirmou que fará deportações em massa e que deve fazer uma visita às regiões atingidas por incêndios na Califórnia em sua primeira semana de governo.

Ao falar sobre a deportação de imigrantes sem documentação, ele disse que essa será uma prioridade. Ele não deu data nem local onde isso vai começar, mas afirmou que será em breve.

“Será muito, muto rápido, eu não posso dizer em quais cidades porque as coisas estão evoluindo, e penso que não queremos dizer quais são essas cidades, mas vocês vão ver.”

Ele então disse que é preciso “tirar os criminosos de nossos país, não sei como alguém poderia discordar disso”.

Decisão sobre o TikTok ainda não foi tomada

Trump afirmou que ainda não havia tomado uma decisão final, mas estava considerando uma extensão de 90 dias do prazo, que se encerra no domingo, para que a empresa-mãe do TikTok, com sede na China, venda a empresa para um comprador não chinês ou enfrente uma proibição nos EUA.

“Acho que essa certamente seria uma opção que estamos considerando. A extensão de 90 dias é algo que provavelmente será feito, porque é apropriado. Sabe, é apropriado. Precisamos analisar isso com cuidado”, disse Trump.

“Se eu decidir fazer isso, provavelmente anunciarei na segunda-feira”, afirmou o presidente eleito.

Prorrogação é permitida

No ano passado, o Congresso aprovou uma lei que proíbe o TikTok nos EUA, caso o aplicativo não seja vendido a uma outra empresa, que não seja a chinesa Byte Dance.

Essa lei prevê a possibilidade de uma prorrogação de 90 dias, sob algumas condições específicas. No entanto, uma prorrogação na segunda-feira pode não ser suficiente para evitar que o aplicativo fique fora do ar por pelo menos um dia, pois o prazo para a proibição é no domingo (19).

Governo Biden versus TikTok

O destino do TikTok é um dos principais assuntos dos últimos dias do governo Biden –muitos dos milhões de usuários do aplicativo nos Estados Unidos estão ansiosos por uma resolução.

O governo Biden afirmou diversas vezes que não pretende aplicar a lei, transferindo essa responsabilidade para Trump, mas o TikTok disse na sexta-feira que as garantias da Casa Branca podem não ser suficientes para evitar que o aplicativo seja desligado.

O TikTok afirmou que planeja “ficar fora do ar” no domingo, a menos que receba maior “clareza e garantia” sobre as possíveis consequências legais, incluindo contra prestadores de serviços terceirizados.

A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, chamou os planos do TikTok de “uma encenação” em uma declaração na manhã de sábado.

“Vimos a declaração mais recente do TikTok. É uma encenação, e não vemos razão para que o TikTok ou outras empresas tomem medidas nos próximos dias antes da posse da administração Trump na segunda-feira,” disse ela.

“Expusemos nossa posição de maneira clara e direta: as ações para implementar essa lei caberão à próxima administração. Portanto, o TikTok e outras empresas devem apresentar qualquer preocupação a eles,” afirmou.

O presidente Joe Biden assinou a lei em abril passado. Ela exige que a empresa-mãe do aplicativo, com sede em Pequim, ByteDance, venda o TikTok para um comprador não chinês ou enfrente uma proibição em todo o território dos Estados Unidos. No entanto, nos últimos dias, seus assessores têm procurado maneiras de manter o TikTok disponível quando a lei entrar em vigor no domingo.

De acordo com a lei, o presidente pode conceder uma prorrogação única de 90 dias se certificar ao Congresso que três condições são verdadeiras: existe um caminho para a desinvestimento, há “progresso significativo” para executá-lo e “existem acordos legais vinculantes relevantes para permitir a execução desse desinvestimento qualificado durante o período da prorrogação.”

Trump mudou o discurso

O destino do TikTok nos EUA agora está nas mãos do presidente eleito Donald Trump, que, inicialmente, era a favor da proibição do TikTok, mas mudou de posição.

Em dezembro, Trump pediu à Suprema Corte que pausasse a implementação da lei e permitisse que seu governo “tivesse a oportunidade de buscar uma resolução política para as questões em jogo no caso.”

Em uma postagem na sexta-feira em seu aplicativo de redes sociais Truth Social, Trump escreveu: “Minha decisão sobre o TikTok será tomada em um futuro não muito distante, mas preciso de tempo para revisar a situação. Fiquem ligados!”

O CEO do TikTok, Shou Chew, é um dos vários líderes do setor de tecnologia esperados na posse de Trump em Washington, D.C., na segunda-feira. Em um vídeo curto, Chew agradeceu a Trump “por seu compromisso em trabalhar conosco para encontrar uma solução que mantenha o TikTok disponível” nos EUA.

Se Trump encontrar uma maneira de manter o aplicativo ativo para os consumidores americanos, muitos criadores do TikTok estão se preparando para o fim, dizendo a seus fãs para encontrá-los em outras plataformas sociais, como o YouTube do Google e os serviços da Meta.

Comprador de última hora

O TikTok tem cerca de 115 milhões de usuários ativos mensais nos EUA, contra 258 milhões no YouTube, 253 milhões no Facebook e 131 milhões no Instagram, de acordo com a empresa de inteligência de mercado Sensor Tower.

Embora o TikTok fique atrás de seus concorrentes em número total de usuários, o aplicativo chinês se tornou um centro para criadores, definidos como usuários com mais de 1.000 seguidores. O TikTok tem quase 8,5 milhões de usuários nos EUA que se enquadram nessa categoria, contra cerca de 5,2 milhões no Instagram e 1,1 milhão no YouTube, de acordo com a plataforma de marketing de influenciadores HypeAuditor.

O grupo de defesa da internet do empresário Frank McCourt, Project Liberty, anunciou em 9 de janeiro que havia enviado uma proposta para comprar o TikTok da ByteDance em termos não divulgados.

McCourt disse à CNBC na sexta-feira que “nós, acredito, somos os únicos licitantes” que atendem aos critérios necessários para desvincular a tecnologia do algoritmo chinês.

Se a ByteDance decidir vender, os compradores potenciais podem ter que gastar entre US$ 40 bilhões e US$ 50 bilhões, de acordo com uma avaliação de estimativa das operações do TikTok nos EUA feita por Angelo Zino, vice-presidente sênior da CFRA Research.