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Fusão da Honda com a Nissan é grande choque para toda a indústria, diz especialista

Publicado 23/12/2024 • 07:38

Redação Times Brasil

KEY POINTS

  • Se o acordo for concretizado, o grupo resultante terá potencial para gerar uma receita de 30 trilhões de ienes (R$ 1,17 trilhão), afirmou o CEO da Honda, Toshihiro Mibe.
  • As negociações devem ser concluídas em junho de 2025.
  • A Mitsubishi, parceira da Nissan, recebeu a oferta para integrar o novo grupo e tomará uma decisão até o final de janeiro de 2025.

A Honda e a Nissan afirmaram que começaram as negociações oficiais para uma fusão entre as duas marcas –a nova empresa seria a terceira maior fabricantes de automóveis do mundo em volume de vendas, além de um grande acontecimento para a indústria como um todo.

A novidade é um choque grande para toda a indústria como um todo, disse Deivid Wong, diretor sênior da Alvarez e Marsal, em entrevista ao Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC.

“A Nissan tem um lado que está perdendo muito dinheiro e mercado no mundo global, seja na Europa, Estados Unidos e principalmente na China. E a mesma coisa acontece com todas as marcas que estão fora da China”, segundo ele.

Wong afirmou que o processo de eletrificação dos automóveis requer muito dinheiro em pesquisa e desenvolvimento, e isso está fazendo que haja uma drenagem do valor e no caixa de todas as montadoras. “A Nissan hoje vale um quarto em valor de mercado do que é a Honda. Isso gera uma questão de ser um target de aquisição por outras empresas”.

Empresas precisam de escala para competir, diz CEO da Honda

Durante uma entrevista coletiva, o CEO da Honda, Toshihiro Mibe, afirmou que as empresas precisam de maior escala para competir no desenvolvimento de novas tecnologias, como veículos elétricos e direção inteligente. Segundo Mibe, a integração das duas companhias proporcionaria uma “vantagem que não seria possível no atual modelo de colaboração”, conforme tradução apresentada no evento.  

O acordo busca compartilhar inteligência e recursos, além de alcançar economias de escala e sinergias, preservando ambas as marcas, afirmou Mibe.  

Uma holding seria criada como controladora tanto da Honda quanto da Nissan, com ações listadas na Bolsa de Valores de Tóquio. A Honda, que terá maior participação, indicará a maioria dos membros do conselho da entidade integrada. O grupo resultante poderá atingir uma receita de 30 trilhões de ienes (R$ 1,17 trilhão) e lucro operacional superior a 3 trilhões de ienes (R$ 117 bilhões), disse o executivo.  

Juntas, as empresas alcançam um valor de mercado combinado de quase US$ 54 bilhões (R$ 329 bilhões), sendo US$ 43 bilhões (R$ 261 bilhões) oriundos da capitalização de mercado da Honda.  

As discussões devem ser concluídas em junho de 2025.  

Mibe acrescentou que, caso aprovado, o processo de integração será um projeto de médio a longo prazo, com avanços mais visíveis esperados apenas a partir de 2030.  

A parceira estratégica da Nissan, Mitsubishi, foi convidada a integrar o novo grupo e tomará uma decisão até o final de janeiro de 2025.  

Competição no mercado de veículos elétricos

As empresas enfrentam forte concorrência global no mercado de veículos elétricos, liderado por Tesla e pela chinesa BYD. O elevado custo da transição para veículos elétricos tem sido apontado como um dos fatores que impulsionam a consolidação na indústria automotiva.  

A Toyota é atualmente a maior fabricante de automóveis do mundo em vendas, seguida pela alemã Volkswagen. A fusão Nissan-Honda permitiria ao grupo superar a sul-coreana Hyundai.  

Nissan demitiu e cortou produção  

O possível acordo foi inicialmente reportado pelo jornal japonês Nikkei em 17 de dezembro.  

As ações da Nissan registraram alta após o primeiro relato da fusão. Analistas apontam que a medida é resultado do desempenho financeiro abaixo do esperado da empresa e da reestruturação de sua parceria com a francesa Renault.  

Nos resultados trimestrais mais recentes, a Nissan anunciou o corte de 9.000 empregos e a redução de sua capacidade de produção global em 20%.  

O CEO da Honda reconheceu que alguns acionistas podem interpretar a fusão como um suporte da Honda à Nissan, mas enfatizou que o acordo está “condicionado à conclusão das ações de reestruturação da Nissan”.  

O CEO da Nissan, Makoto Uchida, afirmou que a discussão de integração “não significa que desistimos de nossa recuperação” e reforçou que a medida visa garantir a competitividade futura da empresa.  

“Nossa recuperação é necessária para o desenvolvimento e o crescimento futuros. Esse crescimento ocorrerá por meio de parcerias,” disse Uchida.  

Especialistas, como Peter Wells, professor de negócios e sustentabilidade da Cardiff Business School, afirmou que a Nissan enfrenta desafios significativos no mercado, incluindo problemas em sua linha de produtos. “Há muitos sinais de alerta ao redor da Nissan atualmente. Se essa é a solução, é outra questão”, disse Wells à *CNBC*.  

Na Ásia, antes do anúncio oficial, as ações da Nissan subiram 1,2%, enquanto as da Honda avançaram 3,8% e as da Mitsubishi fecharam em alta de 0,6%.  

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