Assessora de Trump diz que ele tem “personalidade de alcoólatra” e pediu “vingança” contra procuradora-geral

Susie Wiles, chefe de gabinete do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que o presidente tem uma “personalidade de alcoólatra” e se envolveu em “retribuição” legal contra seus inimigos desde seu retorno ao cargo. As declarações foram feitas em uma série de entrevistas com a Vanity Fair publicadas nesta terça-feira (15).

Wiles havia dito em março que ela e Trump tinham um “acordo informal de que o acerto de contas terminaria antes que os primeiros 90 dias se passassem“.

Cerca de cinco meses depois, ela negou que Trump estivesse “em um tour de retribuição”, alegando que ele estava motivado a tirar “pessoas que fizeram coisas ruins” do governo.

No entanto, ela admitiu: “Em alguns casos, pode parecer retribuição. E pode haver um elemento disso de tempos em tempos“.

Ela disse que a tentativa de processo da administração contra a Procuradora-Geral de Nova York, Letitia James, que liderou um caso de fraude empresarial contra Trump e era vista como uma de suas inimigas políticas mais odiadas, “pode ser a única retribuição“.

Leia mais:
Belarus abre portas para Maduro em meio a tensões com os EUA
Petróleo dos EUA rompe patamar e atinge menor nível em mais de quatro anos

O caso contra James por acusações relacionadas a fraude hipotecária foi arquivado em novembro, depois que um juiz considerou que o promotor escolhido por Trump havia sido nomeado de forma inválida. O Departamento de Justiça até agora não conseguiu convencer grandes júris subsequentes a reindiciá-la.

Os comentários surpreendentes de Wiles surgiram em11 entrevistas com o autor Chris Whipple, realizadas ao longo do primeiro ano de Trump de volta à Casa Branca.

Críticas a Trump e outros oficiais

Wiles, que desfruta de influência e poder na órbita de Trump e opera principalmente nos bastidores, ofereceu descrições diretas e, ocasionalmente, críticas a muitos dos oficiais de mais alto perfil da administração.

• Donald Trump: Wiles disse que seu pai, o ex-jogador do New York Giants (equipe da NFL), Pat Summerall, era alcoólatra e que sua infância difícil a tornou “um pouco especialista em grandes personalidades“. Embora Trump não beba, ele tem “uma personalidade de alcoólatra” no sentido de que “opera [com] uma visão de que não há nada que ele não possa fazer“, disse Wiles.
• JD Vance (Vice-Presidente): Wiles disse que o Vice-Presidente, um ex-crítico de Trump que se tornou uma figura importante do movimento MAGA, tinha motivações “meio políticas” para mudar suas opiniões. Ela acrescentou que ele tem sido “um teórico da conspiração por uma década“.
• Russell Vought (Diretor do OMB): Ela classificou o Diretor do Escritório de Gestão e Orçamento (OMB), e autor do guia de reforma governamental conhecido como Project 2025, como “um fanático absoluto de direita“.
• Pam Bondi (Procuradora-Geral): Wiles disse que Bondi “falhou completamente” em seu manejo inicial dos registros governamentais relacionados ao notório agressor sexual Jeffrey Epstein. Ela acusou Bondi de não entender o público que se importava com o assunto e de ter prometido um arquivo de clientes que não existia.
• Elon Musk: Wiles acusou o chefe da Tesla e SpaceX, que brevemente liderou o controverso grupo de corte de gastos do governo de Trump conhecido como DOGE, de ser “um usuário assumido de cetamina” e “um pato muito, muito estranho, como eu acho que os gênios são“. Ela também disse que ficou “inicialmente horrorizada” quando o DOGE propôs desmantelar a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).

Política de tarifas e resposta da Casa Branca

Wiles também falou sobre a política de tarifas “recíprocas” de Trump. O lançamento das tarifas em abril foi resultado de uma Casa Branca dividida que não conseguia concordar sobre o impacto da política. Wiles disse ter instado conselheiros que duvidavam do plano de tarifas a aderir, mas “eles não conseguiram chegar lá“.

Ela acreditava que um meio-termo nas tarifas acabaria por ter sucesso, mas admitiu: “Mas tem sido mais doloroso do que eu esperava“.

Apesar das críticas, Wiles tentou se retratar em uma publicação no X (antigo Twitter) na manhã de terça-feira, chamando o artigo de Vanity Fair de “matéria tendenciosa e desonestamente enquadrada contra mim e o melhor Presidente, staff da Casa Branca e Gabinete da história“.

“Um contexto significativo foi ignorado e muito do que eu, e outros, dissemos sobre a equipe e o Presidente foi omitido da matéria. Presumo, após lê-la, que isso foi feito para pintar uma narrativa extremamente caótica e negativa sobre o Presidente e nossa equipe”, escreveu ela.

Ela reforçou que se sente “honrada” em trabalhar para Trump por quase uma década.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, também defendeu Wiles em comunicado à CNBC, dizendo que ela “ajudou o Presidente Trump a alcançar os 11 primeiros meses mais bem-sucedidos no cargo de qualquer presidente na história americana” e que Trump não tem “conselheira maior ou mais leal do que Susie.”

—

Felipe Pjevac

Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC no