Tarifas de Trump sobre madeira e móveis entram em vigor

As novas tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre madeira, móveis e armários de cozinha importados entraram em vigor nesta terça-feira (14), fato que deve aumentar os custos de construção e pressionará os compradores de imóveis em um mercado já desafiador.

As tarifas foram impostas para impulsionar as indústrias dos EUA e proteger a segurança nacional, de acordo com a Casa Branca, e ampliam uma série de tarifas específicas por setor que Trump impôs desde que retornou à presidência. A mais recente ofensiva apresenta uma tarifa de 10% sobre as importações de madeira serrada de coníferas, enquanto as tarifas sobre certos móveis estofados e armários de cozinha começam em 25%.

A partir de 1/1/2026, a taxa sobre móveis estofados importados deve subir para 30%, enquanto as sobre armários de cozinha e penteadeiras saltarão para 50%. Mas as tarifas sobre produtos de madeira da Grã-Bretanha não excederão 10%, e as da União Europeia e do Japão enfrentam um teto de 15%.

Todos os três parceiros comerciais chegaram a acordos com a administração Trump para evitar tarifas mais duras. Mas as novas tarifas “criarão ventos contrários adicionais para um mercado imobiliário já desafiado, aumentando ainda mais os custos de construção e reforma”, alertou o presidente da Associação Nacional de Construtoras de Casas (NAHB, National Association of Home Builders), Buddy Hughes.

As vendas de imóveis nos EUA têm sido sombrias nos últimos anos, com altas taxas de hipoteca e estoque limitado elevando os custos para os compradores. Ao impor as últimas tarifas, Trump disse que o secretário de Comércio descobriu que “produtos de madeira são usados em funções críticas do Departamento de Guerra, incluindo a construção de infraestrutura para testes operacionais”.

O anúncio de Trump acrescentou que a produção de madeira dos EUA “permanece subdesenvolvida”, deixando o país dependente de importações. Mas Hughes, da NAHB, disse: “a imposição dessas tarifas sob um pretexto de ‘segurança nacional’ ignora a importância que a habitação desempenha para a segurança física e econômica de todos os americanos”.

Ele pediu acordos que, em vez disso, “revertam as tarifas sobre materiais de construção”.

Canadá e Vietnã atingidos?

O Canadá, o principal fornecedor de madeira para os Estados Unidos, deve ser impactado. A tarifa de 10% sobre madeira se soma às tarifas antidumping e compensatórias que o país enfrenta, e os Estados Unidos recentemente mais do que dobraram estas para 35%. Isso significa que a última ação de Trump eleva as tarifas sobre a madeira canadense para 45%.

O BC Lumber Trade Council, que representa os produtores de madeira da Colúmbia Britânica no Canadá em questões comerciais, em setembro classificou as novas tarifas como “equivocadas e desnecessárias”.

“Isso irá impor uma pressão desnecessária no mercado norte-americano, ameaçará empregos em ambos os lados da fronteira e tornará mais difícil resolver a crise de oferta de moradias nos Estados Unidos”, acrescentou o conselho.

Stephen Brown, da Capital Economics, disse à AFP que, com 30% da madeira proveniente do exterior, uma tarifa de 10% poderia elevar o custo de construção de uma casa média em US$ 2.200 (R$ 11 mil).

Brown acrescentou que China, Vietnã e México respondem pela maior parte das importações de móveis dos EUA. “Os EUA recebem 27% de suas importações de móveis da China e quase 20% do Vietnã e do México”, disse ele à AFP.

Ele espera que o Vietnã possa enfrentar o maior impacto, “já que os móveis representam 10% de suas exportações para os EUA”.

Os números correspondentes são menores, de 4% para a China e 2,5% para o México. As tarifas foram impostas sob a Seção 232 da Lei de Expansão Comercial de 1962, a mesma autoridade que Trump usou para implementar tarifas sobre aço, alumínio e automóveis este ano.

Produtos sujeitos a tarifas setoriais não são duplamente atingidos por níveis nacionais que Trump impôs separadamente, que em alguns casos são mais altos.

Decio Trujillo

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