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Trabalhar com propósito transforma a vida profissional
Publicado 03/09/2025 • 11:05 | Atualizado há 2 meses
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Publicado 03/09/2025 • 11:05 | Atualizado há 2 meses
Pixabay
O mercado de trabalho brasileiro está passando por uma transformação silenciosa, mas profunda: mais do que bons salários, os profissionais querem propósito. O que antes era considerado um diferencial hoje se tornou critério decisivo na hora de aceitar ou recusar uma vaga de emprego.
De acordo com o levantamento Randstad Workmonitor 2025, 76% dos brasileiros afirmam preferir trabalhar em empresas que compartilhem seus valores sociais e ambientais. E 58% dizem que recusariam uma oportunidade se não percebessem esse alinhamento.
O movimento é ainda mais forte entre os jovens. Segundo a pesquisa Deloitte Gen Z & Millennials 2025, 94% dos brasileiros das gerações Z e millennial consideram fundamental que o trabalho esteja conectado a um propósito maior — e quase metade já rejeitou uma proposta por não ver sentido na atuação da empresa.
Essa mudança de comportamento está relacionada à forma como o trabalho é percebido hoje. Para muitos profissionais, ele deixou de ser apenas um meio de subsistência e passou a representar uma extensão dos próprios valores e identidade. O salário deixou de ser o único indicador de sucesso. Hoje, as pessoas buscam sentido no que fazem, querem que o trabalho contribua para algo maior e esteja conectado com seus valores pessoais.
Essa transformação é impulsionada pela necessidade de autorrealização, conceito central do desenvolvimento humano, que vai além do “ter” e foca no “ser”. Quando o profissional encontra um ambiente alinhado ao seu propósito, ele sente pertencimento, engajamento e motivação genuína.
Diversas pesquisas comprovam que trabalhar com propósito não traz apenas satisfação profissional, mas também benefícios reais para a saúde mental. Estudos mostram que pessoas que encontram sentido em sua atuação apresentam níveis significativamente mais baixos de estresse, ansiedade e depressão, além de maior resiliência emocional. Segundo a Organização Mundial da Saúde, um trabalho que oferece dignidade, inclusão e senso de realização contribui diretamente para o bem-estar psíquico. Já uma pesquisa global destacou que profissionais engajados com o propósito de suas funções relataram bem-estar até cinco vezes maior durante a pandemia. Mais do que um ideal abstrato, o propósito tem se mostrado um fator protetor da saúde mental, capaz de fortalecer vínculos, aumentar a motivação e até mesmo prolongar a vida.
Para atrair e, principalmente, reter profissionais alinhados com esse novo perfil, as empresas precisam olhar para dentro e descobrir seu próprio propósito. E isso vai muito além de criar uma frase bonita para o site institucional. O propósito de uma organização deve nascer da interseção entre as competências que ela domina, o impacto positivo que pode gerar e as necessidades reais da sociedade.
É essencial que os líderes se façam perguntas estratégicas, como: “Qual problema relevante estamos resolvendo?”, “De que forma contribuímos para melhorar a vida das pessoas?”, “Que legado queremos deixar como organização?”.
Esse processo exige autoconhecimento corporativo, escuta ativa dos colaboradores e uma compreensão clara do valor que a empresa entrega ao seu público e à comunidade. Quando verdadeiro, o propósito não apenas orienta decisões, mas molda toda a cultura organizacional.
Descobrir o propósito é só o começo. Para fazer dele uma força real dentro da empresa, é preciso comunicá-lo com clareza e colocá-lo em prática no cotidiano. Caso contrário, o risco é transformá-lo em mero marketing.
Propósito que não é comunicado e vivido no dia a dia torna-se apenas discurso vazio. As empresas precisam traduzi-lo em ações concretas: nos processos, nas metas, no jeito de liderar e na forma como reconhecem as pessoas.
Quando o propósito é genuíno e incorporado à cultura da empresa, ele se torna uma força poderosa. Não só atrai talentos, como aumenta o engajamento, estimula a inovação e fortalece os resultados.
* Renata Freire é especialista em gestão empreendedora e responsabilidade social
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