Cat Goetze é fundadora de uma empresa de tecnologia voltada para conteúdos, produtos e serviços que incentivam o bem-estar digital — e, ainda assim, está há anos tentando reduzir sua própria dependência de telas.
Há dois anos, Goetze, conhecida como CatGPT nas redes sociais, buscava substituir o smartphone por algo mais simples. “Pensei: ‘Seria tão legal se ainda tivéssemos aqueles telefones fixos para enrolar o fio enquanto conversamos com amigos’”, contou à CNBC Make It. “Parecia nostálgico e elegante.”
Ao pesquisar como instalar um aparelho desses, descobriu que precisaria contratar uma linha telefônica. Em vez disso, adaptou um modelo encontrado em um brechó: “Peguei um telefone antigo e o transformei em um dispositivo com Bluetooth.”
O telefone rosa em formato de concha virou atração no apartamento. Sempre que o interfone do prédio tocava, Goetze atendia pelo aparelho — e também conseguia fazer chamadas normalmente.
Após dois anos aprimorando o projeto, ela apresentou o dispositivo ao público em julho de 2025 para testar o interesse. Em poucas horas, centenas de pessoas responderam dizendo que queriam um. Goetze criou uma loja para pré-vendas, imaginando que receberia apenas alguns pedidos e que poderia fabricar os aparelhos sozinha.
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Mas o resultado surpreendeu: nos três primeiros dias, as vendas ultrapassaram US$ 120 mil, segundo documentos enviados à CNBC Make It. Desde então, mais de 3.000 unidades foram vendidas e o faturamento chegou a US$ 280 mil até o fim de outubro. “Foi como capturar um raio dentro de uma garrafa”, diz.
A Physical Phones, empresa criada a partir do projeto, oferece cinco modelos que custam entre US$ 90 e US$ 110. Goetze firmou parceria com um fabricante para produzir os aparelhos, e os primeiros lotes começam a ser enviados em dezembro.
Os dispositivos conectam-se a iPhones e Androids via Bluetooth. Quando o celular recebe uma ligação — inclusive de aplicativos como WhatsApp, FaceTime, Instagram ou Snapchat — o toque é transferido para o Physical Phone, e o áudio também passa pelo aparelho. Para ligar, o usuário disca o número ou pressiona a tecla * para acionar o assistente de voz do smartphone.
Para Goetze, o crescimento da empresa se alinha ao movimento de pessoas que tentam reduzir o tempo diante de telas e a dependência de smartphones. Ela cita a pandemia como um marco que mudou hábitos: isoladas, as pessoas recorreram a plataformas como o TikTok para se distrair e manter algum senso de conexão.
Agora, diante do domínio das grandes empresas de tecnologia e do avanço de conteúdos gerados por IA, muitos consumidores começam a buscar alternativas. “Nossa atenção está mais curta. Estamos mais ansiosos, menos presentes. Há uma verdadeira epidemia de solidão”, afirma.
As pessoas, diz ela, estão começando a reivindicar novos limites: “Percebem que não querem viver desse jeito e escolhem outro futuro.”
Ainda assim, Goetze evita criticar a tecnologia como um todo. “Ela é responsável por energia limpa, vacinas e tantos avanços. A questão é: como convivemos com isso de forma equilibrada?”
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