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Correios: entenda o plano de reestruturação em três etapas

Publicado 30/12/2025 • 08:00 | Atualizado há 4 horas

KEY POINTS

  • A venda de ativos e imóveis, tanto inativos quanto em uso, faz parte da estratégia e deve render cerca de R$ 1,5 bilhão em 2026.
  • A reestruturação responde a um diagnóstico considerado crítico, o modelo de financiamento dos Correios tornou-se inviável.
  • Os recursos serão usados como capital de giro para regularizar pagamentos a fornecedores.
Placa dos Correios

Foto: Paul R. Burley/Wikimedia Commons.

Correios: entenda o plano de reestruturação em três etapas

Em meio a um quadro de deterioração financeira e sucessivos prejuízos acumulados desde 2022, os Correios anunciaram nesta segunda-feira (29), um amplo plano de reestruturação para tentar reequilibrar as contas e garantir a continuidade da operação.

Apresentada pelo presidente da estatal, Emmanoel Schmidt Rondon, a estratégia será executada em três etapas e combina:

  • Recomposição imediata de caixa;
  • Corte estrutural de custos; e
  • Adoção de um novo modelo de negócios.

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O plano busca estancar perdas, assegurar liquidez no curto prazo e preparar a empresa para um cenário de maior concorrência no médio e longo prazo, sem recorrer à privatização, alternativa descartada pelo governo.

1. Reforço de caixa para estabilizar a operação

A primeira etapa da reestruturação tem como foco a recuperação imediata do caixa e a normalização das operações. Para isso, os Correios fecharam um empréstimo de R$ 12 bilhões com cinco grandes bancos, com garantia da União.

Os recursos serão usados como capital de giro para regularizar pagamentos a fornecedores e trabalhadores e aliviar a pressão financeira até março de 2026.

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Segundo a direção, o plano completo exige um reforço total de R$ 20 bilhões para ser executado. Com a captação recente, permanece uma lacuna de R$ 8 bilhões, que deverá ser coberta ao longo de 2026, seja por meio de aporte do governo federal, seja por nova captação no mercado, a depender da evolução financeira da estatal.

Ainda nesta fase, foi criado um modelo específico de governança para conduzir a reestruturação, com regras próprias de acompanhamento e tomada de decisão.

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A empresa também instituiu um plano de metas para os funcionários, vinculado ao desempenho e já aprovado internamente.

A partir de janeiro, a alta liderança, incluindo superintendentes estaduais e executivos, passou a ser avaliada para acelerar a geração de resultados.

2. Corte de custos

A segunda etapa concentra-se na redução permanente de despesas e na reorganização interna. O plano prevê a abertura de um Programa de Demissão Voluntária que pode atingir até 10 mil empregados em 2026 e outros 5 mil em 2027. Também estão previstas revisões na remuneração de cargos de gestão e da sede administrativa.

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Outro ponto central é a reformulação dos planos de saúde e previdência, com potencial de economia anual estimada em R$ 2,1 bilhões.

A venda de ativos e imóveis, tanto inativos quanto em uso, faz parte da estratégia e deve render cerca de R$ 1,5 bilhão em 2026.

Na área operacional, os Correios planejam otimizar a malha logística, com o fechamento de unidades deficitárias ou sobrepostas.

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A empresa afirma que a medida não comprometerá a obrigação de universalização dos serviços e poderá gerar impacto adicional de R$ 2,1 bilhões por ano.

3. Novo modelo de negócios e sustentabilidade

A terceira fase do plano mira o médio e o longo prazo. A proposta é preparar os Correios para um novo modelo operacional, com maior eficiência e sustentabilidade financeira.

Para antecipar ganhos, a estatal informou que está utilizando softwares próprios para acelerar a captura de valor, com efeitos mais consistentes esperados a partir de 2027.

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A empresa também contratou uma consultoria especializada para tratar do passivo de precatórios, considerado um dos principais fatores de pressão sobre as despesas e um entrave ao equilíbrio financeiro.

Diagnóstico da crise

Segundo a direção, a reestruturação responde a um diagnóstico considerado crítico, o modelo de financiamento dos Correios tornou-se inviável diante das mudanças no ambiente de negócios.

O monopólio da entrega de cartas nos centros urbanos já não é suficiente para sustentar a operação em regiões remotas e deficitárias, gerando um déficit estrutural estimado em cerca de R$ 4 bilhões apenas para cumprir a obrigação de universalização.

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A administração afirma que o problema não é exclusivo do Brasil, operadores postais de países como:

  • França;
  • Alemanha;
  • Inglaterra;
  • China;
  • Índia; e
  • África do Sul.

Enfrentam dificuldades semelhantes, mesmo após diversificar fontes de receita, nos Estados Unidos, o serviço postal registra déficit anual próximo de US$ 9 bilhões.

Estrutura engessada e perda de mercado

No caso brasileiro, a situação é agravada por uma estrutura de custos rígida. Cerca de 90% das despesas dos Correios são fixas. Os gastos com pessoal representam 62% do total e chegam a 72% quando considerados os precatórios trabalhistas.

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Além disso, a empresa enfrenta defasagem tecnológica, apesar de investimentos em veículos e equipamentos, os processos e sistemas não evoluíram no ritmo do mercado.

Como resultado, os Correios perderam competitividade no segmento de encomendas, hoje sua principal fonte de receita, o market share caiu de 51% em 2019 para 22% atualmente.

O que aconteceu?

Entre 2022 e setembro de 2025, os Correios acumularam cerca de R$ 6 bilhões em prejuízos. A queda de receitas, mudanças nas regras do comércio internacional, avanço da concorrência privada e aumento de despesas com pessoal, precatórios e manutenção da rede de agências explicam a crise.

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Embora o debate sobre privatização tenha voltado aos bastidores, o governo descarta essa possibilidade. A aposta é que o ajuste financeiro, a reorganização interna e a mudança do modelo operacional permitam reequilibrar os Correios e reduzir a necessidade de novos aportes públicos nos próximos anos.

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