Tarcisio: crime descobriu que lavar dinheiro pelo setor de combustíveis ‘era um grande negócio’

O governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, afirmou nesta quinta-feira (28) que o crime organizado se infiltrou profundamente no setor de combustíveis e transformou a cadeia de distribuição em uma das principais formas de lavagem de dinheiro no país.

A declaração foi dada após a deflagração da megaoperação Carbono Oculto, coordenada em sete estados e considerada uma das maiores ofensivas já realizadas no Brasil contra organizações criminosas no setor.

“Eu fiz uma fala forte há um tempo, em uma CEO Conference nos Estados Unidos, sobre a infiltração do crime organizado no setor de combustíveis. A partir daí, desde 2023, estamos trabalhando com inteligência para mapear essa situação”, disse o governador.

Segundo ele, o Brasil possui diversas brechas tributárias e regulatórias que vêm sendo exploradas por grupos criminosos: “São regimes especiais tributários, importações de produtos que deveriam ser usados na indústria química, mas acabam chegando adulterados aos postos. E o crime descobriu que lavar dinheiro por meio desse setor era um grande negócio”.

A operação, iniciada a partir de investigações conduzidas em São Paulo pelo Ministério Público e pela Polícia Civil, mira um esquema de fraude fiscal, lavagem de dinheiro, adulteração de combustíveis, estelionato e crimes ambientais. De acordo com as autoridades, mais de 120 mandados de busca e apreensão foram cumpridos apenas em São Paulo, e a ação se estendeu também por outros estados, como Rio de Janeiro, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.

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Tarcisio afirmou que a movimentação criminosa no setor vinha crescendo e se estruturando de forma sofisticada. “Eles estavam se ampliando para postos, distribuição e usinas de etanol. Começaram a dominar toda a cadeia. Por isso, foi deflagrado um grande trabalho de inteligência, que agora chega a esse ponto de ruptura com a operação.”

O governador também destacou que os danos ao Estado e à União são bilionários. “Só de bens bloqueados em São Paulo, estamos falando de R$ 7 bilhões. E é difícil estimar o tamanho da lesão total. Fala-se que esse grupo pode ter causado um rombo de mais de R$ 70 bilhões em impostos. Só a evasão anual pode variar entre R$ 25 e R$ 30 bilhões.”

A Operação Carbono Oculto também tem como objetivo aprofundar as investigações com base nas informações coletadas. “O foco agora é coleta de dados. São apreendidos computadores, celulares, documentos. Queremos entender como essa organização se relacionava, como atuava e quais novos nomes podem surgir para serem responsabilizados. É um movimento de ruptura, mas ainda há muito o que fazer”, explicou.

Segundo o governador, a atuação do Estado será firme. “A gente está dando uma demonstração de que não existe lugar onde não vamos atacar o crime organizado. Denunciamos o ecossistema criminoso no centro da cidade de São Paulo, e entramos. Denunciamos a presença do crime no transporte público, e entramos. E agora, no setor de combustíveis, também entramos. Existem outros setores onde o crime tem atuado e que já estamos mapeando. E nós vamos entrar também.”

A operação é considerada uma resposta decisiva à tentativa de captura de setores econômicos por facções criminosas. Para o governo paulista, trata-se não apenas de uma ação policial, mas de um passo fundamental para proteger a economia formal e os cofres públicos.

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Chico Fireman

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