As ações da Pfizer e da Moderna caíram nesta sexta-feira (12) após a divulgação de um relatório indicando que autoridades de saúde do governo de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, planejam ligar as vacinas contra a Covid-19 às mortes de 25 crianças.
O Washington Post informou que essas autoridades pretendem incluir a alegação em uma apresentação na próxima semana a um importante painel de vacinas que assessora os Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Esse comitê desempenha um papel fundamental na definição do acesso às vacinas, pois revisa dados de imunização e faz recomendações sobre quem deve recebê-las, se os seguros devem cobri-las, entre outras responsabilidades.
No entanto, segundo o jornal, a apresentação ainda não é definitiva.
“Funcionários da FDA e do CDC analisam rotineiramente os dados do VAERS (Sistema de Notificação de Eventos Adversos de Vacinas, na sigla em inglês) e de outros sistemas de monitoramento de segurança, e essas análises estão sendo compartilhadas publicamente por meio do processo estabelecido pelo ACIP”, disse um porta-voz do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA em comunicado, referindo-se ao comitê consultivo de práticas de imunização.
“Até que isso seja compartilhado publicamente, qualquer coisa nesse sentido deve ser considerada pura especulação”, acrescentou o porta-voz.
As ações da Pfizer caíram mais de 3% nesta sexta-feira, enquanto os papéis da Moderna recuaram mais de 7%. Já a Novavax, que produz vacinas contra a Covid baseadas em proteínas, caiu mais de 4%.
O relatório surge no momento em que o secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr., tenta mudar a política de vacinação nos EUA. Ele retirou a recomendação da vacina contra a Covid para crianças saudáveis e mulheres grávidas, além de impor novos limites à aprovação de vacinas contra o vírus.
Em comunicado, a Moderna afirmou que a segurança de sua vacina é “rigorosamente monitorada” pela empresa, pela FDA e por reguladores em mais de 90 países. Sistemas de monitoramento nos EUA, Austrália, Canadá e Europa não identificaram “nenhuma preocupação nova ou não divulgada de segurança em crianças ou mulheres grávidas”, acrescentou a empresa.
A Pfizer não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Diversos estudos demonstraram que as vacinas baseadas em tecnologia de mRNA, como as da Pfizer e da Moderna contra a Covid, são seguras e eficazes, e que efeitos colaterais graves ocorreram em casos extremamente raros.
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Pesquisadores identificaram um risco elevado, porém raro, de miocardite (inflamação do músculo cardíaco), especialmente em homens jovens. No entanto, não há evidências de que as vacinas atualmente em uso causem outros riscos significativos à segurança, como mortes pediátricas. Dados de vigilância globais continuam a mostrar que os benefícios da vacinação contra a Covid superam os riscos nas populações pediátricas.
Segundo o Washington Post, a alegação parece se basear em informações enviadas ao VAERS, sistema federal que monitora a segurança das vacinas aprovadas ou autorizadas pela FDA. O sistema contém relatos não verificados de efeitos colaterais, que podem ser enviados por pacientes, médicos e farmacêuticos.
Somente cientistas e autoridades de saúde pública podem determinar, após investigação detalhada, se uma vacina causou ou contribuiu para um efeito colateral relatado ao sistema, de acordo com o site do CDC.
Na semana passada, o comissário da FDA, Marty Makary, disse à CNN que a agência está conduzindo uma “investigação intensa” para determinar se vacinas contra a Covid causaram mortes em crianças. Ele não apresentou dados específicos ligando mortes pediátricas à vacina, mas mencionou incidentes auto-relatados no banco de dados do sistema de segurança.
Makary afirmou ainda que a FDA pretende divulgar um relatório nas próximas semanas.
“Sabemos na FDA, porque estamos investigando o banco de dados [de segurança da vacina] com relatos auto-preenchidos, que houve crianças que morreram por causa da vacina contra a Covid”, disse Makary à CNN.
Durante uma audiência no Senado, na semana passada, Robert F. Kennedy Jr. declarou apoiar a afirmação feita por um novo integrante de um importante painel governamental de vacinas, segundo a qual as vacinas de mRNA representam um risco perigoso para as pessoas.
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