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Abad diz que Reforma Tributária mudará geografia dos distribuidores de alimentos e impactará varejista

Publicado 25/06/2025 • 13:44 | Atualizado há 5 horas

Agência DC News

KEY POINTS

  • Com mais de 12 mil empresas responsáveis por movimentar R$ 443,4 bilhões em 2024, o setor atacadista e distribuidor de alimentos no Brasil se prepara para profundas transformações com a implementação da Reforma Tributária.
  • Para Leonardo Severini, presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), o fim de incentivos fiscais regionais – como as subvenções estaduais – deve provocar um “rearranjo geográfico” na logística de distribuição.
  • “Você vai deixar de ter passeio de caminhão para um preenchimento de pré-requisito fiscal”, disse ele à AGÊNCIA DC NEWS.

Divulgação

Com mais de 12 mil empresas responsáveis por movimentar R$ 443,4 bilhões em 2024, o setor atacadista e distribuidor de alimentos no Brasil se prepara para profundas transformações com a implementação da Reforma Tributária. Para Leonardo Severini, presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), o fim de incentivos fiscais regionais – como as subvenções estaduais – deve provocar um “rearranjo geográfico” na logística de distribuição.

“Você vai deixar de ter passeio de caminhão para um preenchimento de pré-requisito fiscal”, disse ele à Agência DC News.

A redistribuição do imposto pelo destino do consumo, como previsto na Emenda Constitucional 132, deverá beneficiar diretamente os centros de maior densidade populacional e demanda, que arrecadarão mais e terão menor custo logístico.

Isso porque o modelo de cobrança de impostos sobre o consumo deixará de ser feito na origem – ou seja, no estado em que está localizado o fornecedor — e será no destino, onde o produto é efetivamente consumido. Essa mudança, diz Severini, põe fim à lógica que, por anos, estimulou a instalação de Centros de Distribuição (CDs) em cidades que ofereciam benefícios fiscais, mesmo que distantes dos grandes mercados consumidores.

O resultado dessa distorção gerou um redesenho artificial das rotas logísticas, com caminhões cruzando o país apenas para cumprir exigências tributárias. Agora, afirma, a tendência é de reordenamento operacional: os CDs poderão se instalar próximos aos polos de consumo, reduzindo custos com transporte, prazos de entrega e emissões de carbono.

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Essa reorganização favorece diretamente o setor atacadista, que atua como elo estratégico entre a indústria e mais de 1 milhão de pontos de venda no varejo nacional, principalmente de pequeno e médio porte. Segundo estudo do Ipea, ao menos 82% dos municípios e 60% dos estados devem ser beneficiados com o novo modelo de arrecadação.

Como resultado, áreas densamente povoadas devem ganhar importância estratégica, impulsionando a presença e o faturamento de distribuidores nessas regiões. Além disso, segundo o Ipea, o fim da guerra fiscal nivela a concorrência entre empresas de diferentes estados, corrigindo distorções históricas e fortalecendo os operadores que investem em eficiência logística e tecnologia, e não em artifícios tributários. Para Severini, “a Reforma Tributária trata isso de forma mais clara”. 

FÓRUM – A Abad realizou este mês seu 44º Fórum, em Atibaia (SP), que reuniu 850 representantes do setor. Para acompanhar esse novo desenho logístico, Severini afirma que a  digitalização será ferramenta-chave, especialmente no atendimento ao pequeno e médio varejo. “Vamos nos atualizar no dia a dia e nos refazer”, disse. Ele afirma que a Abad incentiva a simplificação dos três pontos principais de contato entre atacado e varejo: cadastro, venda e entrega. “O atacado do futuro vai continuar entregando fisicamente, diminuindo fricção e aumentando a eficiência.” Para 2025, a entidade projeta crescimento de até 8% no faturamento do setor. Confira a entrevista.

AGÊNCIA DC NEWS – Uma questão sensível ao setor é o fator fiscal. Como isso tem se desenhado com a Reforma Tributária?
LEONARDO SEVERINI – Existem dificuldades fiscais que não vão existir mais. A Reforma Tributária está tratando de uma questão que é importante, as subvenções: até então, existiam alguns estados com subvenções, tudo da forma mais republicana possível, mas que geravam distorções geográficas. Havia áreas que cresciam mais por causa dessas oportunidades fiscais [do que pela demanda]. A Reforma Tributária vai tratar isso de uma forma mais clara, o que vai gerar um rearranjo geográfico.

AGÊNCIA DC NEWS – E como esse rearranjo acontece?
LEONARDO SEVERINI – Teremos um atendimento mais direto nas regiões de maior concentração populacional e de maior concentração de demanda. O que vai dar um efeito direto também no meio ambiente. Você vai deixar de ter passeio de caminhão para preenchimento de pré-requisito fiscal. Hoje, existem trajetos preenchidos por questões de oportunidade fiscal. Isso vai deixar de existir.

AGÊNCIA DC NEWS – O que melhora a eficiência do setor?
LEONARDO SEVERINI – Sim. Um dos principais gargalos é garantir que a mercadoria chegue diretamente para o cliente no tempo devido, de forma com que ele consiga fazer promoções e promover suas ações comerciais em tempo condizente com a indústria. Porque a indústria também tem sua agenda de sazonalidade, com os produtos e lançamentos dela, e quer fazer com que esse produto chegue no pequeno e médio varejo. Para que isso aconteça, uma série de fatores deve andar em conjunto, como uma orquestra.

AGÊNCIA DC NEWS – E como lidar com o pequeno e médio varejista?
LEONARDO SEVERINI – Precisamos estar sempre nos falando. Ouvir a voz de quem compra da gente e atende diretamente o consumidor. Eles dizem ‘eu preciso destes pontos aqui para vocês auxiliarem e me atenderem’ – até porque, ao agir dessa forma, eu vou ser muito melhor competitivamente falando.

AGÊNCIA DC NEWS – Quais são as iniciativas atuais?
LEONARDO SEVERINI – Estamos passando por um processo de transformação digital. Costumo brincar que é um beta contínuo. Não existe processo pronto. Vamos nos atualizando no dia a dia e se refazendo. Estamos promovendo essa transformação digital também para o nosso cliente, sendo o pequeno e médio varejo. Basicamente, é isso.

AGÊNCIA DC NEWS – Quais são as tecnologias e os serviços que podem tornar as entregas mais eficientes?
LEONARDO SEVERINI – Hoje, o que pode facilitar a velocidade na entrega são ferramentas de inteligência e informação. Quanto mais prontas estiverem essas ferramentas, sem inflexão, mais o varejista pode usá-las a seu favor, mais o atacado e distribuidor podem oferecer esse tipo de ferramenta para acompanhar online as entregas dos produtos feitas através dos pedidos, que são diariamente efetuados por eles junto a nós.

AGÊNCIA DC NEWS – Como será o atacado do futuro?
LEONARDO SEVERINI – O atacado do futuro vai continuar fazendo serviços físicos, mas mediante contatos mais simples. Existem três pontos de contato entre o atacado e o varejo: primeiro é o cadastro, você cadastra um cliente, dá crédito ao cliente que vai comprar a prazo. Depois, você vem para um segundo momento em que exerce a venda para ele. Por fim, ele vai acompanhar quando você vai entregar a mercadoria. Esses são os três pontos de contato. O trabalho nosso é tirar a fricção desses três pontos, tornando a experiência mais simples e ágil.

AGÊNCIA DC NEWS – Como isso deve impactar a mão de obra?
LEONARDO SEVERINI – Tranquilamente, porque o que a gente exerce é uma entrega física. E você depende de pessoas para isso. Esse é o nosso trabalho, no dia a dia, prover mercadoria para o varejo.

AGÊNCIA DC NEWS – Quanto do setor de distribuição os associados da Abad cobrem?
LEONARDO SEVERINI – Temos penetração constatada pelo nosso ranking anual de quase 54% do território nacional.

AGÊNCIA DC NEWS – Como é a competitividade dos players do mercado distribuidor nos estados?
LEONARDO SEVERINI – A indústria tem algumas formas de categorizar esse tipo de distribuidor. Existe o distribuidor na essência, sendo aquele representante de fato da indústria. Existem alguns parceiros que são do atacado complementar, porque muitas vezes aquele distribuidor na essência não consegue estabelecer uma entrega numérica condizente com a necessidade da indústria. Então, nos estados, existe certa concorrência e uma competição também, porque são várias indústrias e cada indústria elege o seu atacado distribuidor e o seu atacado complementar também.

AGÊNCIA DC NEWS – Quanto à evolução do faturamento, em cerca de 5% a 6% ao ano (6,2% de janeiro a maio), se mantém?
LEONARDO SEVERINI – Existe um certo nivelamento de patamar, e a gente vai crescendo conforme o crescimento econômico e com a inflação. Alguns canais crescem e outros não, e isso oscila. O nosso canal de atenção é o da conveniência, que é o pequeno e médio varejo, que atende o consumidor que vai lá para comprar na sua conveniência — e não para se abastecer. A gente está estimando 8% de crescimento para 2025. Com inflação na casa dos 4%, 5%, a previsão é ganhar R$ 1 a cada R$ 3.

AGÊNCIA DC NEWS – Quais são os próximos passos do setor?
LEONARDO SEVERINI – Trazer a transformação, a oportunidade da transformação digital para o nosso parceiro, sendo o pequeno e médio varejo. É isso que estamos implementando. Para nós, já é uma realidade falar em transformação digital, em digitalização, processos de checagem, atendimento e análise providos por inteligência digital. A gente quer passar esse benefício para o cliente. É a nossa forma de tratar esse novo ecossistema.

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