Rebeldes tomam áreas da cidade de Homs, na Síria
Publicado sáb, 07 dez 2024 • 4:37 PM GMT-0300 | Atualizado há 68 dias
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Publicado sáb, 07 dez 2024 • 4:37 PM GMT-0300 | Atualizado há 68 dias
KEY POINTS
Na noite deste sábado (7), rebeldes liderados por grupos islâmicos tomaram o controle de alguns bairros da cidade de Homs, terceira maior da Síria, segundo informações de um observatório de guerra. O Ministério da Defesa sírio, entretanto, negou a informação.
A perda de Homs representaria um duro golpe para as forças do presidente Bashar al-Assad, já que a cidade é um ponto estratégico entre a capital Damasco e o litoral mediterrâneo, reduto do governo.
“Facções rebeldes entraram em Homs e assumiram o controle de alguns bairros após a retirada das forças de segurança e do exército de suas últimas posições na cidade”, afirmou Rami Abdel Rahman, chefe do Observatório Sírio para os Direitos Humanos, com sede no Reino Unido.
Além disso, Rahman relatou que centenas de detentos escaparam da prisão central da cidade.
O Ministério da Defesa, por sua vez, refutou as alegações, garantindo que a cidade continua sob controle governamental e que suas tropas permanecem posicionadas em defesa ao redor de Homs.
“As notícias divulgadas por veículos ligados a organizações terroristas sobre a entrada de terroristas em Homs são infundadas”, afirmou o órgão em comunicado. “A situação está segura e estável, com nossas forças armadas posicionadas em linhas sólidas de defesa”.
Devido às restrições de acesso, a AFP não conseguiu verificar de forma independente as informações fornecidas por ambas as partes.
O governo sitiado da Síria informou neste sábado (7) que estaria formando um cordão de segurança ao redor de Damasco, enquanto rebeldes em rápida ofensiva afirmam estar se aproximando da capital.
“Há um cordão muito forte de segurança e militar nas extremidades de Damasco e sua periferia, e ninguém pode penetrar essa linha defensiva que nós, as forças armadas, estamos construindo”, declarou o Ministro do Interior, Mohammed al-Rahmoun, à televisão estatal a partir da capital.
Mais cedo, o governo do presidente Bashar al-Assad negou que o exército tenha se retirado de áreas ao redor de Damasco.
“Nossas forças começaram a fase final de cercar a capital”, afirmou o comandante rebelde Hassan Abdel Ghani, da aliança rebelde que lançou a ofensiva.
O líder do Hayat Tahrir al-Sham (HTS), grupo islâmico que comanda o ataque, disse aos combatentes para se prepararem para tomar Damasco, 10 dias após o início de uma nova ofensiva no conflito de longa data da Síria, que havia se tornado majoritariamente adormecido.
“Damasco aguarda vocês”, declarou o líder do HTS, Ahmed al-Sharaa, no Telegram, usando seu nome verdadeiro em vez de seu nome de guerra, Abu Mohammed al-Jolani.
Mas o ministério da defesa insistiu: “Não há verdade nas notícias que afirmam que nossas forças armadas… se retiraram” de posições perto de Damasco.
O exército sírio informou que, além da área ao redor de Damasco, estava reforçando posições no sul, e operações contra os rebeldes estavam começando nas áreas de Hama, Homs e Daraa.
A AFP não conseguiu verificar de forma independente algumas das informações fornecidas pelo governo e pelos rebeldes, pois seus jornalistas não podem alcançar as áreas ao redor de Damasco onde os rebeldes afirmam estar presentes.
Residentes da capital descreveram à AFP um estado de pânico enquanto engarrafamentos congestionavam o centro da cidade, pessoas procuravam suprimentos e faziam filas para sacar dinheiro em caixas eletrônicos.
“A situação não estava assim quando saí de casa esta manhã… de repente todo mundo ficou com medo”, disse uma mulher, Rania.
A poucos quilômetros de distância, o clima era bem diferente. Em um subúrbio de Damasco, testemunhas disseram que manifestantes derrubaram uma estátua do pai de Assad, o falecido presidente Hafez al-Assad.
Imagens da AFPTV de Hama, a quarta maior cidade da Síria, mostraram tanques abandonados e outros veículos blindados, um deles em chamas.
O gabinete do presidente negou relatos de que Assad havia deixado Damasco, afirmando que ele estava “acompanhando seu trabalho e deveres nacionais e constitucionais a partir da capital”.
O líder do HTS afirmou em uma entrevista à CNN na sexta-feira que “o objetivo da revolução continua sendo a derrubada deste regime”.
O enviado especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Síria, Geir Pedersen, apelou por calma no país. “Reitero meu apelo por pacificação, por calma, por evitar derramamento de sangue e pela proteção dos civis, em conformidade com o direito humanitário internacional”, disse Pedersen durante o Fórum de Diálogo Político em Doha. Ele também destacou a necessidade de iniciar um processo que leve à realização das “legítimas aspirações do povo sírio”.
Em meio a relatos conflitantes sobre a proximidade dos rebeldes em relação ao centro de poder do presidente Bashar al-Assad, em Damasco, Pedersen afirmou ter convocado reuniões para “negociações políticas urgentes em Genebra”, com o objetivo de implementar a Resolução 2254 do Conselho de Segurança da ONU, de 2015, que estabelece um roteiro para uma solução negociada.
“Minha esperança é poder anunciar uma data para essas negociações muito em breve. A necessidade de uma transição política ordenada nunca foi tão urgente, começando com a formação de arranjos de transição inclusivos e credíveis”, declarou Pedersen.
Após 13 anos de sangrentos confrontos, a guerra civil síria entra em uma fase crítica. Rebeldes lançaram uma ofensiva inesperada que promete redesenhar o cenário de resistência contra o regime do presidente Bashar al-Assad, num conflito que já consumiu centenas de milhares de vidas e deslocou milhões de pessoas.
A nova investida dos insurgentes representa mais um capítulo de uma guerra que parecia estar em estado de estagnação, mas que agora ressurge com renovada intensidade e potencial para mudanças significativas no equilíbrio de forças no país.
Mais do que uma simples operação militar, esta ofensiva simboliza a persistente esperança de mudança e a resiliência daqueles que continuam lutando contra um regime acusado de graves violações de direitos humanos.