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Tarifas dos EUA sobre medicamentos podem prejudicar algumas farmacêuticas mais do que outras
Publicado 29/07/2025 • 19:37 | Atualizado há 15 horas
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Publicado 29/07/2025 • 19:37 | Atualizado há 15 horas
KEY POINTS
Cerca de 90% dos ingredientes ativos usados na produção de medicamentos, especialmente genéricos, vêm da China e da Índia
Pexels
O presidente Donald Trump deve impor tarifas sobre medicamentos importados para os Estados Unidos a qualquer momento e, segundo alguns analistas, essas taxas podem afetar algumas farmacêuticas mais do que outras.
Trump afirmou a jornalistas no início deste mês que o governo começará a aplicar tarifas baixas sobre medicamentos já a partir de 1º de agosto (sexta-feira) e pretende aumentar essas taxas dentro de cerca de um ano ou um ano e meio. Ele chegou a ameaçar impor tarifas de até 200% sobre medicamentos importados.
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Ainda não se sabe se ele realmente vai seguir esse plano nem qual será o percentual final das tarifas, o que dificulta prever como a medida vai afetar as farmacêuticas e os pacientes. A produção nacional de medicamentos também vem crescendo, já que várias empresas anunciaram investimentos bilionários em novas fábricas para agradar o presidente, mas esses centros só devem começar a operar dentro de alguns anos.
Alguns especialistas tentaram estimar o risco das tarifas para diferentes empresas com base na rede de fábricas atual, entre outros fatores.
Segundo nota divulgada na segunda-feira (28) por Steve Scala, da TD Cowen, AbbVie, Bristol Myers Squibb e Eli Lilly estão “relativamente bem posicionadas” porque têm mais fábricas nos EUA do que fora, enquanto Novartis e Roche aparecem mais vulneráveis.
Em outra análise, de março, o analista Michael Yee, da Jefferies, também destacou Amgen e Biogen como as empresas de biotecnologia mais expostas a tarifas. Já Gilead e Vertex Pharmaceuticals devem ser menos afetadas, segundo ele.
Scala afirmou que as tarifas provavelmente vão abocanhar parte relevante do caixa livre dessas empresas pelo menos nos dois primeiros anos após a implementação. Ele baseou a avaliação em uma conversa com um ex-diretor financeiro de uma farmacêutica, que preferiu não ser identificado.
Esse especialista acredita que as farmacêuticas podem até conseguir aumentar o preço de alguns remédios, mas subir o suficiente para compensar totalmente as tarifas “seria politicamente inviável”, já que os pacientes já enfrentam dificuldade para arcar com os custos, segundo Scala. Ele diz ainda que as empresas podem tentar cortar investimentos em pesquisa e desenvolvimento, mas grandes reduções são improváveis, já que a inovação é fundamental para o crescimento no longo prazo.
O especialista também avalia que tarifas acima de 50% seriam “problemáticas e punitivas para o setor”, acrescentou Scala.
“Nesse cenário, as empresas teriam que ser bastante agressivas em trazer a produção de volta para os EUA, e cortes consideráveis em pesquisa e desenvolvimento não estariam descartados”, disse Scala.
Nos últimos meses, alguns presidentes de farmacêuticas criticaram as tarifas para medicamentos importados, alegando que elas prejudicam a área de pesquisa e podem reduzir o número de tratamentos disponíveis para os pacientes. Especialistas em políticas de saúde ouvidos anteriormente pela CNBC também alertaram que essas taxas podem bagunçar a cadeia de fornecimento de medicamentos, o que pode aumentar o preço dos remédios nos EUA e piorar a falta de medicamentos essenciais.
Segundo Scala, as farmacêuticas têm redes de produção enormes, compram ingredientes ativos de vários fornecedores e possuem patentes complexas. Isso se traduz em estratégias fiscais e de preços igualmente complicadas.
Scala aponta que boa parte dessas informações não é pública, “o que torna a análise das tarifas um verdadeiro desafio”.
Mesmo assim, ele fez uma estimativa de quais empresas estão melhor ou pior posicionadas para enfrentar as tarifas, considerando indicadores como número e localização das fábricas, utilização dessas plantas, origem dos ingredientes ativos e onde estão registradas as patentes.
Uma placa identifica uma unidade da AbbVie em Cambridge, Massachusetts.
Scala afirmou que AbbVie, AstraZeneca, Eli Lilly, Merck e Pfizer têm as maiores redes de fábricas nos EUA, com 10 plantas principais cada uma.
No entanto, apenas AbbVie, Bristol Myers Squibb e Eli Lilly têm mais fábricas relevantes nos EUA do que em outros países. AbbVie e Eli Lilly contam com nove fábricas fora dos EUA, enquanto a Bristol Myers Squibb tem duas.
Essas três empresas também concentram o maior percentual de instalações registradas na FDA para produção de ingredientes ativos dentro dos EUA. Já Daiichi Sankyo, Novartis e Zoetis têm os menores percentuais. Roche e Novo Nordisk também têm poucos locais de produção de ingredientes ativos nos EUA em relação ao resto do mundo, segundo o relatório.
A GSK mantém a maior rede de fábricas fora dos EUA, com 31 unidades principais. Mas a empresa já anunciou que pretende fechar algumas dessas instalações, segundo Scala.
Outras empresas com grande presença de fábricas no exterior são Pfizer (27 plantas), Sanofi (16), Zoetis (14) e Elanco (11). Algumas fabricantes, como Merck, Roche e Takeda, não divulgaram quantas fábricas importantes têm fora dos EUA, de acordo com a análise.
Scala ressaltou que a Irlanda é um ponto importante a ser observado, já que virou alvo das tarifas. Trump já criticou diversas vezes o país, acusando-o de “roubar” empresas americanas com décadas de impostos corporativos baixos.
AbbVie e Merck têm o maior número de fábricas registradas na FDA na Irlanda. Essas unidades produzem medicamentos que são distribuídos ou importados para os EUA.
Algumas empresas, como GSK, Novartis e Roche, não têm fábricas na Irlanda registradas na FDA.
Michael Yee, da Jefferies, destacou Amgen e Biogen como empresas em risco devido aos benefícios fiscais internacionais. Amgen tem fábricas na Irlanda e em Cingapura, o que reduz sua alíquota de impostos em 6%.
A produção da Biogen está concentrada na Carolina do Norte e na Suíça. Yee diz que a empresa tem uma redução de 8% nos impostos graças à forma como lucros estrangeiros são tributados.
Já Vertex e Gilead tendem a se beneficiar menos dessas vantagens fiscais, segundo Yee. A Vertex produz seus medicamentos em Boston.
Ele acrescenta que, embora a Gilead tenha presença de produção na Irlanda, a maior parte dos seus medicamentos é fabricada na Califórnia e boa parte dos remédios contra HIV é vendida nos EUA.
Quando Scala, da TD Cowen, perguntou às empresas como poderiam driblar o aumento de custos causado pelas tarifas, elas citaram algumas alternativas. Entre elas, buscar fornecedores de ingredientes ativos fora da Europa ou contratar produção em outros países, como Porto Rico, território americano.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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