Mercado reage sem surpresas à condenação de Bolsonaro: ‘já estava precificado’

Apesar do descontentamento declarado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o mercado financeiro brasileiro não registrou impactos significativos.

Bruna Allemann, head de Investimentos Internacionais da Nomos, disse em entrevista ao Times Brasil | Licenciado Exclusivo CNBC, nesta quinta-feira (11), que a situação já estava precificada e, portanto, não trouxe surpresas.

“Apesar da condenação por maioria dos membros, essa possibilidade já estava incorporada nas cotações. Não houve efeito imediato, pois já havia sido mitigado anteriormente”, explicou Bruna.

Segundo a especialista, o Brasil continua relativamente estável, o que mantém o país atraente para investidores, mesmo diante de riscos políticos internos.

“Alguns investidores monitoravam o julgamento como risco político, mas fatores externos, como fluxos de capital para mercados emergentes, contribuíram para manter o mercado positivo”, acrescentou.

Risco eleitoral

Bruna também projetou que os efeitos políticos sobre o mercado serão mais visíveis próximos às eleições, cerca de seis meses antes do pleito.

“O impacto eleitoral ainda é incerto e dependerá das pesquisas, dos candidatos e de possíveis mudanças no cenário político ao longo do próximo ano”, observou.

Sanções dos EUA

Sobre possíveis sanções comerciais, a especialista afirmou que o mercado acompanha o tema com cautela, avaliando impactos sobre a estabilidade institucional e as relações internacionais.

“As sanções já existem, mas é necessário observar se serão intensificadas e como isso poderá afetar a economia e o cenário eleitoral”, disse.

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Bruna Allemann destacou ainda que, por enquanto, Donald Trump pode pressionar outras instituições, mas sem impacto direto significativo no mercado.

“Por mais que haja alguma sanção relacionada a um ministro do STF, isso não afetou tanto o mercado. Precisamos observar as respostas que virão”, completou.

Contexto internacional

No plano global, a inflação ao consumidor nos Estados Unidos registrou leve alta em relação às expectativas. Apesar disso, Bruna manteve a perspectiva de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) na próxima reunião, considerando a desaceleração econômica e o aumento nos pedidos de auxílio-desemprego.

“O corte é provável, mas limitado neste período, com novas reduções possivelmente apenas no início do próximo ano, dependendo da evolução da economia e da inflação”, explicou.

A especialista ressaltou que o Fed avalia cuidadosamente os dados antes de tomar decisões e que o mercado já começou a incorporar essa expectativa, o que também contribui para movimentos positivos nos preços dos ativos.

Economia doméstica e fiscal

Além dos fatores políticos, Bruna ressaltou que a condução da política econômica pelo governo será decisiva.

“O ponto mais delicado do Brasil em relação à economia são os gastos públicos e o déficit fiscal. A forma como o governo manejar esses elementos terá impacto no mercado, independentemente do risco político imediato.”

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