Como a Food To Save transformou o desperdício de alimentos em um negócio milionário

Lucas Infante, CEO e cofundador da Food To Save, vivenciou o desperdício de comida quando teve uma unidade do Carrefour na Espanha, onde muitos alimentos eram descartados simplesmente por estarem próximos da data de validade ou fora do padrão estético de venda, mas em perfeitas condições de consumo.

Ao todo, o desperdício acumulado chegava a 30 quilos todos os dias, isso em uma pequena loja. “Senti a necessidade de mudar esse sistema”, diz o executivo em entrevista ao Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC.

Foi assim que surgiu a ideia de criar a empresa do setor de foodtech, que faturou R$ 30 milhões em 2023 e tinha meta de R$ 72 milhões para 2024. “O nosso propósito é reduzir o desperdício de alimentos e achar uma solução para os estabelecimentos gerarem receita adicional, ao mesmo tempo em que oferece aos consumidores acesso a alimentos de qualidade a preços acessíveis”, conta o CEO. 

Até o momento, Infante conta que a Food To Save já ajudou a evitar o desperdício de 3,8 mil toneladas de alimentos que iriam resultar na emissão de 9 mil toneladas de CO2 na atmosfera. A meta, para o primeiro semestre de 2025, é salvar 5 mil toneladas. 

O objetivo é expandir para mais capitais e cidades, além de investir em educação e conscientização sobre o problema do desperdício de alimentos. “Queremos criar um ecossistema ainda maior de combate ao desperdício de alimentos no país”, diz o executivo. 

Parcerias com diferentes redes

Infante conta que a Food To Save também ajuda na democratização do acesso às marcas, pois cada Sacola Surpresa pode chegar a até 70% de desconto. Entre as parcerias, estão supermercados, como o GPA, Cacau Show, Kopenhagen, Chocolates Brasil Cacau, St Marche e padarias. 

No aplicativo, o cliente escolhe de qual loja quer comprar a Sacola Surpresa e a categoria preferida — salgada, doce ou mista. O que vem dentro, porém, é sempre inesperado.

Para fazer parte, o estabelecimento precisa fazer um cadastro no site e passar por uma avaliação de alguns requisitos. Caso seja aprovado, a empresa é submetida a um processo de onboarding (integração) e treinamento para garantir a qualidade dos alimentos e como ele deve montar as Sacolas Surpresas, que podem ser doces, salgadas ou mistas. 

“A parceria é benéfica para os estabelecimentos, já que eles ganham visibilidade para o negócio, recuperam o valor gasto em produção, não perdem alimentos e evitam o desperdício de alimentos”, diz o executivo. 

Desafio cultural

O principal desafio, desde o início da Food To Save, é cultural, segundo o CEO. Para ele, é difícil convencer as pessoas que uma comida que está fora do padrão ou próxima da data de validade está boa para o consumo se trata de estabelecer uma nova cultura. 

“Isso se agrava em um país que cultua a ideia de que ‘é melhor sobrar do que faltar’ e onde se julga a qualidade de frutas e legumes pela aparência. Para nós, a barreira cultural pode ser enfrentada com mais conscientização sobre o tema”, diz o executivo. “A educação sobre reduzir perdas de comida também é bom pro negócio além do viés ambiental.” 

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Giovanni.Porfirio

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